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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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Cidades

Bicicletários não oferecem segurança

Furtos afastam ciclistas de bicicletários instalados nos terminais da Grande Goiânia. Em Senador Canedo, o espaço está lotado

Postado em 31 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
Bicicletários não oferecem segurança
Furtos afastam ciclistas de bicicletários instalados nos terminais da Grande Goiânia. Em Senador Canedo

Igor Caldas*

Falta de segurança em bicicletários nos terminais de ônibus da Grande Goiânia assusta usuários. Misturar bicicleta e ônibus poderia ser uma ideia sustentável que integrasse os dois meios de transportes e diminuísse o volume de veículos que entopem as ruas da Região Metropolitana da Capital. No entanto, esse sonho tem se tornado um pesadelo para quem se arrisca a deixar a bicicleta presa nos bicicletários enquanto se deslocam pelo transporte público.

Vinícius Araújo, de 18 anos, pedala de sua casa até o terminal de Senador Canedo. Sem outra maneira de chegar à plataforma de embarque, ele não se sente seguro em deixar sua bicicleta acorrentada no bicicletário. O jovem pega ônibus uma vez por semana e afirma que conhece pessoas que já tiveram a bike furtada no local, mesmo com o uso de corrente.

“Eu não gosto de deixar aqui não. Tenho medo de ser roubado, mas não tem outro jeito. Tenho que deixar a bicicleta acorrentada enquanto vou estudar. Mas eles roubam mesmo. Rompem o cadeado e levam. Daí quando você volta, acha só a corrente dependurada”, afirma o estudante.

No último ano, Vinícius ainda ficava mais apreensivo, pois tinha a necessidade de usar o transporte público todos os dias para estudar. Sua bicicleta ficava mais tempo exposta às ações dos ladrões que sondam a região atrás das ‘magrelas’. “Ano passado era muito pior, eu ficava apreensivo enquanto estava no curso, com medo de chegar aqui e achar só a corrente amarrada nas grades”.

No terminal de Senador Canedo o furto de bicicletas é recorrente. Segundo um comerciante de picolés que fica na porta do bicicletário todos os dias, já ocorreram dois furtos de bikes que estavam acorrentadas no local. “Quando acontece, o dono geralmente vem me perguntar se eu presenciei o furto ou se consegui identificar o ladrão. Esses dias impedi um furto porque vi um cara entrar com uma bicicleta em um horário e logo vi outra pessoa tentando sair com a mesma bicicleta”. O comerciante não quis ser identificado.

Monitoramento 

O local destinado a guardar as bicicletas dos usuários do transporte público no terminal de Senador Canedo fica em uma área externa ao local onde os passageiros embarcam nos ônibus. Não tem vigia dos seguranças e está longe das câmeras que monitoram o interior do terminal. As estruturas que são usadas para acorrentar as bicicletas estão sucateadas, enferrujadas e sem pintura. O local não possui cobertura e os veículos ficam expostos, degradando sob os danos causados pelo sol. O comerciante ressaltou que já viu pneus estourarem sob o calor do sol.

Além disso, o espaço não é suficiente para guardar todas as bicicletas. Há 50 vagas para acorrentar as ‘magrelas’, mas na tarde desta quarta-feira (29) existia pelo menos o dobro de bikes que se amontoavam no local. Elas tinham que ser acorrentados nas barras das grades que ficam ao redor do terminal. Vinícius reclama das condições do bicicletário, por que além da falta de segurança, tem que enfrentar a lotação.

“Eu acho esse espaço para colocar as bicicletas muito ruim. A câmera que tem do lado de dentro do terminal não pega a visão que precisa. Não tem nenhum funcionário responsável pelo controle de entrada e saída das pessoas do espaço, qualquer um pode entrar e sair a hora que quer. E tem outra coisa, não tem espaço para todo mundo que quer acorrentar a bike aqui. Para ficar bem, tem que melhorar muito”, lamenta Vinícius. 

Abandono e insegurança se tornam padrão em outros bicicletários  

No Terminal Isidória, o local para guardar bicicletas também fica na parte externa do embarque das plataformas e não tem nenhum controle de entrada e saída de pessoas. No caso deste Terminal, os usuários não têm coragem de deixar suas bicicletas acorrentadas por que temem que os veículos sejam furtados. O local também apresenta sinais de abandono, com grades amassadas e suportes enferrujados e sem pintura.

Luã Brandão anda de bicicleta e também usa o transporte público para se locomover na cidade. Ele mora próximo do Terminal Isidória, mas quando tem a necessidade de pegar ônibus, a bicicleta fica em casa. “Eu não tenho coragem de deixar minha bicicleta aqui nunca. Se deixo, eles roubam mesmo. Deixam só a corrente presa na grade balançando”, afirma.

Ele acredita que se houvesse algum tipo de controle para entrada e saída de pessoas e de bicicletas, o bicicletário poderia deixar de ser subutilizado, pois os ciclistas não teriam medo de serem roubados. Luã acredita que isso poderia estimular mais pessoas a andarem de bicicleta. “Se fosse garantido, eu deixava minha bicicleta aqui de boa. Ninguém usa o bicicletário porque não tem segurança. Acho que seria uma boa ideia designar um funcionário específico para cuidar do local. Mas eles não querem saber de investir no usuário do transporte”.

Antônio Francisco Sousa Lima veio do estado do Maranhão em busca de trabalho na Capital. Ele está há apenas alguns dias na cidade e as ciclovias que foram construídas na rota que usa para trabalhar fez com que ele escolhesse a bicicleta como principal meio de transporte. “Chegando em Goiânia, eu gostei muito de ver que aqui tem uma estrutura mínima de ciclovias, isso é muito importante para quem anda de bicicleta. Resolvi usar ela pra ir e voltar do trabalho todos os dias. Pedalo do setor Bueno para o Jardim América”.

Entretanto, Antônio também faz uso do transporte público da Capital, mas não tem coragem de deixar a bicicleta nos terminais de jeito nenhum. Ele acredita que esses locais destinados para estacionamento das bikes, são um descaso com o cidadão. “Eu também ando de ônibus e já vi como são os bicicletários dos terminais. Achei que seriam mais bem cuidados porque a cidade oferece a condição das ciclovias, mas me enganei. Não tem segurança nenhuma, ficam do lado de fora. Eu não tenho coragem de deixar a minha amarrada lá não”, afirma Antônio.

Terminais com bicicletários 

A empresa responsável pela administração dos Terminais na Região Metropolitana de Goiânia é a RedeMob Consórcio, antiga Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC). No site da companhia, consta que ela oferece bicicletários em 14 Terminais de ônibus da Grande Goiânia, são eles: Terminal Araguaia, Bandeiras, Cruzeiro, Garavelo, Goiânia Viva, Isidória, Maranata, Nerópolis, Parque Oeste, Senador Canedo, Trindade, Veiga Jardim, Vera Cruz e Vila Brasília.

O consórcio afirma que a segurança dos terminais é garantida pela RedeMob Consórcio em parceria com a Polícia Militar. Questionados sobre de quem seria a responsabilidade de ressarcimento do custo da bicicleta que for furtada dentro dos bicicletários dos terminais, o consórcio afirmou que direcionaria a pergunta para seu departamento jurídico, mas não respondeu até o fechamento da matéria.

A empresa ainda afirma que atualmente, não há nenhuma campanha informativa sobre os bicicletários sendo desenvolvida para os usuários do transporte público. Ainda declara que, na realidade, não existe um projeto formal de bicicletários nos terminais gerenciados pelo RedeMob Consórcio e alguns dos terminais contam com bicicletários incluídos desde a época de construção desses terminais. (*Especial para O Hoje)  

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