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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Política

Goianos vão votar para manutenção de decreto de armas

Matéria apresentada na Assembleia Legislativa quer deixar a critério dos pais se filho frequenta ou não aulas pedagógicas sobre gênero

Postado em 17 de junho de 2019 por Sheyla Sousa
Goianos vão votar para manutenção de decreto de armas
Matéria apresentada na Assembleia Legislativa quer deixar a critério dos pais se filho frequenta ou não aulas pedagógicas sobre gênero

Venceslau Pimentel

Especial para O Hoje

O deputado Jeferson Rodrigues (PRB) defende que pais de alunos da rede estadual de ensino poderão ter o direito de vedar a participação de seus filhos em atividades pedagógicas de gênero. O estabelecimento que descumprir a norma, será multado em R$ 5 mil, e na hipótese de reincidência, o alvará de funcionamento poderá ser cassado.

O projeto de lei do parlamentar tramita na assembleia Legislativa, prevê que as informações aos pais ou responsáveis devem ser repassadas no início do ano letivo, que deverão assinar declaração sobre a escolha de cada um deles.

Com a proposta, caso seja aprovada em plenário, o deputado diz que todos os pais serão informados de forma antecipada de eventos em que a ideologia de gênero na escola esteja em discussão.

“Sabe-se que toda ideologia introduzida nos planos de educação para a infância e a juventude tem, sem sombra de dúvida, a pretensão de conquistar inteligências, a fim de utilizar as crianças e os jovens para objetivos de determinados grupos, com instruções duvidosas ou, inclusive, com objetivos bem declarados no nosso meio político cultural”, sustenta Rodrigues, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.

Para o parlamentar, a ideologia do gênero “é uma dessas pretensiosas tentativas de arrebanhar pessoas no período de formação intelectual e ética, onde são colocados os principais alicerces das verdades e dos valores fundamentais, para que sobre eles se edifiquem as restantes etapas de desenvolvimento humano e social”.

No entendimento de Jeferson Rodrigues, a ideologia de gênero possui várias ferramentas para manipular a linguagem e para desinformar as pessoas, tanto professores como alunos. E uma delas que, segundo ele, é muito utilizada na cultura atual, é a palavra discriminação.

Na justificativa, ele também diz que a ideologização da educação acaba oferecendo “aos futuros construtores da civilização brasileira e da cultura do povo mais acolhedor do mundo”, a oportunidade de monopolizarem para o que considera os três alicerces fundamentais da sociedade: a sexualidade humana, a família e os valores éticos.

“A ideologia do gênero é tão perniciosa, que não atrai nem convence as pessoas bem-educadas, e por isso mesmo, só pode ser implantada de forma totalitária”, critica. Trata-se, segundo o parlamentar, da ditadura do relativismo, tão em moda numa sociedade e numa cultura que se auto intitulam democráticas.

Na defesa de sua tese, Na defesa de sua tese, Rodrigues enfatiza que a educação não deve e não pode ser entregue nas mãos do que ele classifica de “pseudo-mestres de verdade geradas na penumbra das ideias e das opiniões tão alheias à dignidade da inteligência e da liberdade humana”. E mais: “É importante saber que a palavra gênero substitui, por uma ardilosa e bem planejada manipulação da linguagem, o termo sexo. Tal substituição não se dá, porém, como um sinônimo, mas, sim, como um vocábulo novo capaz de implantar na mente e nos costumes das pessoas conceitos e práticas inimagináveis”.

Reação de cristãos

Crítico ferrenho da ideologia de gênero, o parlamentar afirma que esse modelo inovador de sociedade, não existiria mais homem e mulher distintos segundo a natureza, mas, ao contrário, só haveria um ser humano neutro ou indefinido que a sociedade – e não o próprio sujeito – faria ser homem ou mulher, segundo as funções que lhe oferecer.

Por isso, ele considera essa ideologia como arbitrária, antinatural e anticristã, contida no Plano Nacional de Educação (PNE). “Por essa razão, merece a sadia reação dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade, a fim de pedir que nossos representantes na Assembleia Legislativa de Goiás façam, mais uma vez, ao encargo que têm de serem nossos representantes, rejeitem, peremptoriamente, a ideologia de gênero em nosso sistema de ensino”. 

‘Escola sem Partido’ prevê até demissão de professor 

Na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa, o projeto de Jeferson Rodrigues foi apensado à proposta do deputado Delegado Humberto Teófilo (PSL), que cria o Programa Escola sem Partido, na rede pública estadual de Educação, que prega a neutralidade política, ideológica e religiosa, educação plural e não discriminatória, acesso ao conhecimento de posições divergentes nos campos científico, político e religioso. E ainda respeito à convicção moral, política e religiosa dos pais, estudantes professores.

A proposta de Teófilo vedada a prática de doutrinação política e ideológica em sala de aula, bem como a veiculação, em disciplina obrigatória, de conteúdos que atentem contra ou restrinjam a liberdade religiosa ou de crença dos estudantes. Ele explica que a doutrinação é compreendida como a prática do professor de desmerecer ou descreditar as convicções político-ideológicas dos estudantes ou de seus pais, “fazendo uso de argumentos morais que subvertam a consciência do estudante e incutam-lhe ideias específicas”.

Aos pais, de acordo com o projeto de lei, é garantido o direito de conhecer as ementas e planos de aula das disciplinas, e poderão solicitar à direção da unidade escolar uma reunião com o professor, para que sejam feitos esclarecimentos quanto ao processo de aprendizagem, sendo-lhes facultado sugerir e propor conteúdo.

O artigo 5º do projeto, é voltado para as funções do professor. Diz que este “não poderá abusar da inexperiência”, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para qualquer corrente político-partidária, nem adotará livros didáticos que tenham esse objetivo.

Também prevê que o professor não poderá favorecer ou prejudicar o aluno em razão de suas convicções políticas, ideológicas ou religiosas. É proibido de fazer propaganda partidária em sala de aula e nem incitar alunos a participarem de manifestações, atos públicos ou passeatas. E ao tratar de assuntos políticos, socioculturais e econômicos, é dever do professor, conforme o deputado, apresentar o consenso científico a respeito do tema, sem prejuízo do conhecimento de versões, teorias e perspectivas concorrentes e/ou divergentes.  Também deverá se abster de introduzir em disciplina obrigatória conteúdos que estejam em conflito com as convicções religiosas dos estudantes ou de seus pais.

O professor que não cumprir a que estiver determinado em lei, caso seja aprovada pela Assembleia e sancionada pela Governadoria, sofrerá penalidades, mediante instauração de processo administrativo, com a garantia do contraditório e ampla defesa. São elas: advertência, repreensão, suspensão e demissão.

Doutrinação

Humberto Teófilo explica que a sua proposta visa proibir “práticas inadequadas de ensino e aprendizagem, especialmente no que diz respeito a doutrinação ideológica, “através da qual professores, de forma mal-intencionada, visam inculcar nos alunos ideologias específicas sobre temas relacionados a política, valores morais e a religião”. Segundo ele, essas interferências doutrinárias subsidiam o conflito entre estudantes e família, quando o ensinado em sala de aula conflita com o pregado pelos professores. “Busca-se, assim, proteger a família acima de tudo”. 

 

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