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quarta-feira, 5 de março de 2025
Política

Goianos vão manter decreto de armas

Plenário do Senado Federal vai decidir hoje se o decreto do presidente Jair Bolsonaro, que flexibilizou a posse de armas no Brasil, terá validade

Postado em 18 de junho de 2019 por Sheyla Sousa
Goianos vão manter decreto de armas
Plenário do Senado Federal vai decidir hoje se o decreto do presidente Jair Bolsonaro

Raphael Bezerra

Especial para O Hoje

Os três senadores goianos deverão votar por derrubar o Projeto de Decreto Legislativo que sustou o decreto do Governo Federal que amplia as possibilidades de porte de arma no Brasil. A votação acontece hoje (18), no Senado Federal. Jorge Kajuru (PSB), havia votado contra o decreto do governo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas afirmou que fará consulta com seu eleitorado nas redes sociais para decidir o voto. Vanderlan Cardoso  (PP) e Luiz do Carmo (MDB) declararam-se favoráveis ao Decreto do governo. 

O documento em votação trata-se de um Decreto Legislativo proposto pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP), para barrar a decisão anterior do Governo Federal. A matéria será analisada no Plenário do Senado e, caso seja rejeitado, o decreto do Governo volta a ter validade. 

O regulamento do Executivo altera o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826, de 2003). Assinado em maio pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, o decreto concede porte a 20 categorias profissionais e aumenta de 50 para 5 mil o número de munições que o proprietário de arma de fogo pode comprar anualmente. Medidas que facilitam o acesso a armas e munição faziam parte das promessas de campanha de Bolsonaro.

Vanderlan Cardoso, que defende a aprovação do decreto do presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), acredita que o Senado deve derrubar o instrumento que barrou o decreto do governo. Ele explicou que, depois que o decreto original do presidente sofreu alterações e retirou, dentre outras coisas, o porte e a posse de armas portáteis, como fuzil, carabina e espingarda, a tendência é que seja aprovado pelo Plenário. “Eu não tenho interesse em possuir uma arma de fogo, mas defendo que não podemos tirar o direito do cidadão que tenha esse interesse. Hoje o bandido já tem armas e o pai de família que quer proteger sua casa e seus filhos não pode ter. Não concordo com isso. A escolha de ter ou não arma tem que ser do próprio cidadão”, disse o senador.

Luiz do Carmo reforça o seu voto diante da vontade popular. Segundo ele, o direito à legítima defesa vem sendo cobrado pela população há anos. “Ao meu ver, não há nenhum argumento forte que sustente a ideia de que isso não deva acontecer, a não ser briga ideológica. O comércio de armas depois da sua proibição continuou acontecendo normalmente, só penalizou o cidadão que obedece às leis. O bandido antes e depois do Desarmamento continuou armado, fazendo-nos viver em uma sociedade controlada por criminosos, cheio de medo e insegurança. A eficácia do Estatuto é questionável! E os números mostram isso”, completou. 

Do Carmo ainda avalia os dados das mortes causados por armas de fogo 1980 a 2012. Ele alerta que o número vem crescendo demasiadamente. “De 2005 para cá, saímos de 39.325 homicídios para 43.200. Sem contar os números de outros crimes que dependem da arma de fogo, como o roubo, o sequestro, o estupro, que tornam nosso Brasil em um dos países mais violentos do mundo”, justifica.

Já o senador Jorge Kajuru, vai seguir utilizando o método que vem utilizando desde o começo do seu mandato. Ele entra ao vivo pelas redes sociais e faz enquetes para que seus eleitores decidam o seu voto. Entretanto, ele foi contrário ao decreto do Governo que flexibiliza o porte de armas. Kajuru alegou que a flexibilização do porte de armas não deveria ser feito através de Decreto, e sim de um Projeto de Lei para que fosse discutido pelo Congresso Nacional.  

Internautas extrapolam nas reivindicações 

Quatro senadores contrários ao decreto que flexibiliza o porte de armas no Brasil relataram que sofreram ameaças pelas redes sociais para votarem favorável a matéria. O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foi o principal alvo das ameaças. 

O senador relata que tem sido intimidado pelas redes sociais e até por mensagens nos telefones oficiais do gabinete.  Em uma das ligações, uma pessoa que se identificava como militar disse, segundo a equipe de Randolfe, que “é fácil ser contra o decreto de armas sendo que ele anda com segurança armada”. Os senadores Eduardo Girão (Podemos), Veneziano Vital do Rêgo (PSB) e  Fabiano Contarato (Rede), também teriam sofrido ameaças. Todos eles votaram contra o decreto de armas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), saiu em defesa dos pares. Ele demonstra preocupação com o clima que a votação pode tomar e que as ações sãos covardes. “Como presidente do Congresso, tomarei as providências necessárias para garantir a proteção e a liberdade de expressão constitucional e política de cada legislador. Espero, sinceramente, que os que cometem esse tipo de crime repensem seus atos que pesam não só contra a pessoa de cada parlamentar, mas contra a própria manifestação democrática”, disse por nota.

Pressão nas redes sociais

Apesar das ameaças sofridas pelos senadores, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), foi às redes sociais pedir mais pressão da sua base eleitoral para a aprovação do decreto que flexibiliza a posse de armas.

A CCJ [Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania] do Senado decidiu revogar nossos decretos sobre CACs [caçadores, atiradores e colecionadores], e posse de armas de fogo. Na terça (18), o PL será votado no plenário. Caso aprovado, perdem os CACs e os bons cidadãos, que dificilmente terão direito de comprar legalmente suas armas. Cobrem os senadores do seu Estado”, escreveu o presidente.

A estratégia de utilizar as redes sociais para pressionar os parlamentares tem sido uma das principais estratégias de comunicação do governo. Em um ao vivo pelas redes sociais, o presidente já havia criticado a decisão da CCJ de rejeitar a iniciativa do Executivo. “Quem está perdendo não sou eu não. Eu tenho porte de arma porque eu sou capitão do Exército. Quem está perdendo é o povo que quer arma”, assinalou. 

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