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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
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Superação

Quedas para a vitória

Projeto Educa Skate ensina crianças a se levantarem e persistirem perante qualquer dificuldade

Postado em 23 de junho de 2019 por Sheyla Sousa
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Igor Caldas

Viver do skate não é tarefa fácil. Inúmeras quedas vão acontecer até que esse caminho seja alcançado. O skatista Derick Bruno, de 22 anos, não tem patrocínios para sobreviver do esporte, ele ganha a vida ensinando crianças a não cair da prancha. Mas o método do professor ultrapassa os limites da prática na pista. Ele ensina aos pequenos que na vida vale à pena cair várias vezes para conquistar uma vitória.   

Há um ano e meio o skatista começou a levar o aprendizado do esporte para crianças em escolas através do projeto Educa Skate. Hoje, possui cerca de 40 alunos que frequentam suas aulas semanalmente. Derick ensina no Senac, na Base Ambiente, na Pista de Skate do Parque Marcos Veiga Jardim e dá aulas particulares em condomínios fechados. Além disso, faz projetos de educação em skate para levar a prática do esporte para crianças de baixa renda em escolas públicas na Capital.

Esporte individual

Derick afirma que nas primeiras aulas, já ensina a criança a fazer o básico na prancha de skate para conseguir evoluir sozinha. “O skate é um esporte individual. Não precisa de um treinador para ficar botando pilha em você para fazer alguma coisa e não precisa da sua equipe para incentivar algo. É um esporte individual e não precisa de mais ninguém para você praticar. Só você e seu skate”, afirma o educador.

Apesar de ser um esporte individual, Derick diz que o skate também tem o aspecto da coletividade. O praticante se relaciona com outras pessoas que compartilham as mesmas sensações e dificuldades do esporte. Esse “espelho” gera uma enorme empatia entre os praticantes e pode surgir vínculos de amizade que nunca mais vão se romper. Muito importante para o desenvolvimento de uma criança.

“Quando eu faço uma manobra difícil, os outros amigos ao meu lado sabem o tamanho da dificuldade para eu acertá-la. Daí, todo mundo aplaude. Então, quando o outro amigo acerta uma manobra, nós todos temos que aplaudir. No skate a gente aprende a ficar feliz com a vitória do amigo e não ter inveja das outras pessoas. Isso é muito massa, é humildade. As crianças aprendem a ser muito humildes”, afirma.

O educador diz que não há espaço para a soberba neste tipo de esporte. “No skate existe muito respeito entre os outros. Você pode ser um skatista muito bom, que consegue fazer todas as manobras, mas se não for uma pessoa humilde e respeitosa, não será ninguém. As lojas não vão te dar um patrocínio porque você não é um skatista massa. Você não dá um bom exemplo. É isso que o skate traz para os praticantes que se envolvem. É uma cultura, um aprendizado. Uma tribo bem massa”.

Derick tem o verdadeiro dom de ensinar.  O respeito mútuo que há entre seus alunos e é nítido. O amor que ele dedica na educação das crianças conquista a confiança dos pais. Gustavo Américo se impressiona com a evolução da filha Amanda, de 10 anos. “Eu acho muito positivo a prática do skate porque ela rompe seus próprios limites. Se eu tentar fazer as coisas que ela faz aqui na pista, não volto para casa andando”.

O Método

De acordo com Derick, o principal combustível do êxito na prática do skate é a diversão. “Eu sempre falo para os meus alunos que o mais importante do esporte é que a gente se divirta. Às vezes ficamos frustrados porque não estamos conseguimos fazer a manobra. E quanto mais bravo ou tristes a gente ficar, mais longe ficamos de acertá-la. Agora se estiver se divertindo com os amigos, mais rápido eu vou evoluir”.

A evolução na prática do esporte estimula a persistência da criança frente à qualquer obstáculo. “O skate não é um esporte fácil e por isso mesmo ele é muito viciante. Porque como ele é difícil, na hora que você consegue aprender algo novo, a sensação é tão gratificante que você fica pilhado para aprender cada vez mais”. Afirma.

De acordo com o skatista, o aspecto viciante do esporte faz com que qualquer obstáculo se torne pequeno. “Como o skate é um esporte muito viciante, quando eles encontram um obstáculo difícil pela frente, para fazer alguma manobra,  não desistem de tentar. É difícil, às vezes você cai, machuca, rala. Mas isso não impede de querer continuar tentando. E não desmotiva nenhum skatista ou criança a parar de andar.

 

Mães e pais relatam os benefícios da prática  

Enzo, de 7 anos, é um dos alunos mais dedicados da turma. Seu pai, Fábio Ferreira, afirma que o respeito pelas outras pessoas foi o ensinamento mais valioso concedido por Derick. “Acho muito bonito quando um coleguinha cai, ou deixa o skate escapulir e os outros vão pegar para o coleguinha. E o professor ensina esse tipo de coisa que as crianças levam para a vida”.

Elisa Pontes é mãe do aluno Bruno, de 7 anos. Ela diz que seu filho tinha dificuldades na escola por não saber lidar bem com suas frustrações. A mãe relata que houve uma melhora grande após as aulas de Derick. “Bruno melhorou na escola depois que coloquei ele no skate. Como ele estava mau na escola e ficava frustrado com isso, o Derick começou a usar a psicologia de que é preciso errar várias vezes para acertar alguma coisa”.

A mãe afirma que seu filho é muito introvertido fora de casa, mas quando chega na pista de skate, se solta por completo. “No começo das aulas, quando comentei o problema dele ser mais introvertido. Derick disse que quando ele errava ficava triste no canto. Mas o professor começou a trabalhar isso, de que errar e cair faz parte e de que a vida pode ser difícil, assim como a pista de skate”.

Segundo Elisa, o método de Derick eleva a auto-estima das crianças.“O que acho legal é que o Derick nunca coloca as crianças para baixo. Sempre levanta a auto estima delas com o grupo e estímulo dos colegas. Ele sempre tem alguma coisa boa para falar para os meninos”,  afirma a mãe de Bruno.

 

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