Menos da metade dos alunos recebem orientações para usar internet com segurança
A pesquisa feita nas escolas mostra que a maioria dos estudantes faz uso da rede sem acompanhamento. E, assim como os professores, a navegação é feita utilizando os próprios pacotes de dados.
Nielton Soares
Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) TIC Educação, divulgada nesta terça-feira (16) mostra que apenas 44% dos estudantes de escolas públicas receberam orientações dos professores sobre o uso da internet de um maneira segura. E, um percentual menor, 33% dos alunos, disseram que os professores falaram sobre o que fazer se algo os incomodasse no acesso à rede.
Ao todo, foram entrevistados 11.142 estudantes de 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio, em todo o país. A pesquisa demonstra ainda que o cenário é diferente nas escolas particulares. Onde 68% dizem ter aprendido com docentes acerca da segurança na rede e 59% receberam orientações para agir caso sejam incomodados.
Segundo a pesquisa, a maioria dos estudantes, 78%, navega sozinha, em busca de informações sobre tecnologias. O mesmo percentual se informa por vídeos ou tutoriais disponíveis na rede. Entre os estudantes, 76% dizem também se informar com amigos ou parentes. E apenas 44%, afirma se informar com os professores.
Já os docentes entrevistados, 67%, diz que incentivam os alunos a debaterem sobre problemas que enfrentam na internet e 61% dizem que promovem debates com os alunos a respeito do uso da internet de forma segura.
No total, 38% dos docentes justificaram que auxiliam algum aluno a enfrentar situações ocorridas na internet, como bullying, discriminação, assédio e disseminação de imagens sem consentimento. Os profissionais disseram que estão se aprimorando em relação às tecnologias, ainda que por conta própria.
Acesso
“A infraestrutura ainda é um desafio para os professores, tanto no que diz respeito à atualização dos computadores, à velocidade de conexão, quanto ao fato de em algumas escolas não haver sequer conectividade que seja suficiente para atender alunos e professores”, alerta a coordenadora da pesquisa TIC Educação, Daniela Costa. “Ao invés de usar a sala de informática, que tem horário para usar e que nem sempre tem conexão que funciona, eles usam o próprio celular”.
A pesquisa mostra que 51% dos professores de escolas públicas e 44% de particulares tiveram que usar os próprios pacotes de dados em atividades pedagógicas. Tanto nas públicas quanto nas particulares, 27% dos alunos usaram os próprios pacotes de dados do celular para atividades educacionais. No total, quando usaram celulares, apenas 27% dos professores e 10% dos alunos usaram o wi fi da escola.
Escola rural
O acesso é ainda mais difícil nas escolas rurais, pois 52% dos professores utilizam do próprio dispositivo para desenvolver atividades com os estudantes.
A porcentagem de escolas rurais com computadores caiu. Em 2017 para 2018, de 50% para 43%. Já o número de computador portátil caiu de 34% para 30%. Somente 6% das escolas – tanto em 2017 quanto em 2018 – disseram possuir acesso a tablets.
Mas a conexão é outro problema. Nem todos esses equipamentos são conectados à internet. Nas escolas urbanas 98% das escolas têm ao menos um computador conectado à rede. E, entre as escolas localizadas em áreas rurais, essa porcentagem cai para 34%.
O que vem aumentando é uso de celulares. Em 2017, 48% dos gestores disseram usar o aparelho para, por exemplo, se comunicar com os pais dos alunos e com a Secretaria de Educação. Além de acessar páginas da internet e enviar mensagens. No ano passado, o percentual subiu para 58%. Outro aumentou foi uso de aparelhos particulares, não custeados pela escola, de 42% para 52%.