Cotas goianas custam R$ 2,3 mi
Maior parte dos gastos dos deputados goianos é feito com divulgação das ações e locação de veículos
Raphael Bezerra
Especial para O Hoje
Os deputados federais da bancada goiana gastaram, até a última sexta-feira (22), pouco mais de R$ 2,3 milhões apenas do chamado “cotão parlamentar”, Cota Executiva para Atividade Parlamentar (Ceap). O valor da cota para cada deputado goiano é de R$ 35,5 mil. Lucas Vergílio (Solidariedade) é o deputado que mais gastou nos primeiros seis meses do mandato, consumindo R$ 216 mil no período. José Nelto (Podemos), por outro lado, foi o deputado que mais economizou, gastando R$ 23,860 mil nesses sete meses.
Utilizada para o pagamento de passagens aéreas, hospedagem, alimentação, locação de imóveis e veículos, impressão de material gráfico, serviços de consultoria, segurança privada e envio de cartas. dentre outros, o cotão é disponibilizado a todos os deputados – que podem optar em não utilizar.
Vergílio gastou, em sete meses de mandato, R$ 130 mil em consultorias, pesquisas e trabalhos técnicos sendo divididos entre consultas com advogados e empresas de tecnologia. Lucas Vergílio é vice-líder do governo na Câmara a convite do líder Major Vitor Hugo (PSL). Devido a sua posição, ele tem direito, ainda, a um adicional de R$ 1.353,00 mil ao valor da cota mensal. Durante o mesmo período de 2018, Vergílio utilizou R$ 225 mil, sendo utilizado, em maior parte, para consultorias e trabalhos técnicos.
Célio Silveira (PSDB) é o segundo colocado na lista dos que mais utilizaram o ‘cotão’. Até agora, na atual legislatura, o deputado goiano consumiu R$ 193,4 mil. A maior parte desses gastos foram com a divulgação da atividade parlamentar totalizando R$ 91,8 mil, em seguida, os gastos com consultorias consumiram R$ 77 mil da cota.
Professor Alcides (PP) utilizou 91,40% da verba disponível, equivalente a R$ 183,9 mil. A maior parte dos recursos foi utilizada para a locação ou fretamento de veículos, totalizando R$ 59,9 mil, o montante para a locação de veículos em cinco meses equivale ao preço de um carro popular.
Mesmo afastado durante um período para realizar uma cirurgia no coração, o deputado João Campos (PRB) utilizou R$ 176,3 mil da cota parlamentar. Boa parte desse valor foi utilizado para a divulgação de atividades parlamentares (R$ 62,5 mil), locação e fretamento de veículos (R$57 mil) e manutenção de escritório de apoio (R$47,3 mil).
Rubens Otoni (PT), está entre os cinco deputados que mais consumiram a cota parlamentar. No total, Otoni gastou R$ 173,3 mil da verba. A maior parte desse montante foi gasto com a manutenção de escritório de apoio político, que somados, chegam a R$ 61,3 mil.
Os mais econômicos
Se somados, os cinco parlamentares que menos utilizaram a cota parlamentar durante os sete primeiros meses de 2019, gastaram pouco mais do que Lucas Vergílio gastou sozinho no mesmo período. No período, cinco deputados gastaram R$ 259 mi.
O mais econômico é José Nelto (Podemos) que utilizou R$ 23.860,00 em sete meses. Em abril, o mês que mais houve gastos, o deputado gastou R$ 8 mil, sendo R$ 5 mil em combustível. É esse, inclusive, o maior gasto do deputado (R$ 17,3 mil) nos quatro meses que desembolsou a despesa. A cota do deputado é utilizada para manutenção de escritório político, com uma média de R$ 280 por mês e telefonia (R$ 378 por mês).
Elias Vaz (PSB) consumiu, ao longo de sete meses, R$ 41.300,00. Com uma média de gastos mensais de R$ 5 mil, Elias utiliza parte da sua cota parlamentar para divulgação das atividades parlamentares (R$22 mil).
O líder do PSL na Câmara, delegado Waldir, gastou cerca de R$ 62 mil desde janeiro. Com uma média mensal de R$ 8 mil, parte desse recurso foi utilizado para a locação e fretamento de veículos (R$ 37.800,00 mil).
José Mario Schereiner (Democratas) consumiu o equivalente a R$ 81,9 mil desde fevereiro de 2019. A maior parte dessas despesas foram gastas com a divulgação das suas atividades parlamentares (R$ 48,3 mil).
O líder do governo Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL) gastou, desde fevereiro, R$ 88,9 mil. A maior parte desse gasto foi utilizado para a manutenção do escritório político do deputado (R$ 24 mil).
Cotão parlamentar
Atualmente, além da Ceap, cada deputado federal recebe um salário de R$ 33.763,00, verba destinada à contratação de secretários parlamentares no valor de R$ 106.866,00 e auxílio-moradia de R$ 4.253,00 para parlamentares que não moram em residências funcionais em Brasília. Há ainda os auxílios de valores variáveis, como a cota gráfica para impressão de publicações, ajuda de custo para deputados em mudança em início e fim de mandato, aposentadoria e despesas com saúde. Desta forma, cada parlamentar custa cerca de R$ 2.1 milhões por ano ao erário.
A Cota Parlamentar foi criada em 2009, após diversas reportagens mostrarem o uso irregular de passagens aéreas por deputados e senadores, no que ficou conhecido como farra das passagens aéreas. Na época, a imprensa mostrou que os congressistas pagaram passagens para amigos e familiares viajarem no Brasil e no exterior. As reportagens geraram a abertura de um processo pelo Ministério Público Federal com o objetivo de pedir a devolução de parte dos recursos usados por deputados e senadores.
A reportagem buscou o contato para resposta dos cinco deputados que mais utilizaram a cota parlamentar, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. A reportagem também buscou contato com os deputados que mais economizaram mas as ligações também não foram atendidas ou não houve retorno