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quarta-feira, 19 de março de 2025
Tributos

Maia estuda unificar Reforma Tributária

Chefe do Legislativo quer unificar os projetos que já tramitam na Casa e a proposta do Governo Federal que deve ser encaminhada no começo do mês

Postado em 30 de julho de 2019 por Sheyla Sousa
Maia estuda unificar Reforma Tributária
Chefe do Legislativo quer unificar os projetos que já tramitam na Casa e a proposta do Governo Federal que deve ser encaminhada no começo do mês

Raphael Bezerra

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (Democratas) deseja que a discussão da Reforma Tributária seja tranquila. Para isso, o deputado e presidente da Câmara pretende unificar as propostas do Legislativo e do Executivo para formular um texto que suporte as pressões que podem acarretar. Com a reforma da Previdência aprovada na Câmara, a Tributária deve ser uma das prioridades da Casa.

Deputados já se organizam para apresentar sugestões de mudanças à proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019, de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O projeto em análise é o que conta com o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Há outro no Senado e um terceiro que deve vir do governo, além de propostas avulsas.

A avaliação de Maia é que um efeito inevitável da atualização da legislação tributária no país será a “morte” de setores da economia que há tempos respiram por aparelhos à custa do bizarro modelo atual.

Uma crítica recorrente entre os parlamentares é que a reforma não ataca um dos principais problemas do sistema tributário no Brasil: quem tem menos dinheiro paga, proporcionalmente, mais impostos sobre o consumo, o que classifica o sistema como estruturalmente regressivo. Ao comprar um fogão, por exemplo, uma pessoa pobre e uma rica pagam exatamente o mesmo valor em tributos, ainda que eles pesem mais no bolso da primeira.

Para tratar do tema já após a retomada dos trabalhos na Câmara, Maia instaurou uma Comissão Especial que irá discutir as medidas que serão enviadas através de Propostas de Emenda Constitucional (PEC). Ele ainda aguarda uma a proposta do governo para a reforma tributária e que, quando encaminhada, ela será tratada com “todo o respeito” pelo Parlamento.

A proposta do líder do MDB, Baleia Rossi (SP) usa como referência sugestões do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), cujo diretor é o economista Bernard Appy, a medida é chamada informalmente de ‘Appy’. Ela propõe a substituição de cinco impostos, ente eles, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).

Com a criação de um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá os cinco que hoje incidem sobre o consumo, a PEC simplifica a cobrança e diminui a burocracia. Assim, cumpre o objetivo principal, de atacar a alta complexidade do sistema, que custa caro aos contribuintes. Mas mantém — e, em alguns casos, até agrava — o caráter regressivo. “Essa proposta, embora simplifique impostos, não tem o dom de distribuir. Pelo contrário, vai acabar na mesma lógica que acaba concentrando onde tem mais recursos”, resumiu o deputado Ivan Valente (PSol-SP), durante as discussões na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro (PSL), que também tem a sua proposta tem criticado o texto da Câmara dos Deputados pois a considera uma forma de enfraquecer a economia e a autonomia dos Estados e Municípios.

Presidente acredita que reforma diminuirá tributos

Para o presidente Jair Bolsonaro, a reforma tributária que será enviada pelo governo ao Congresso no início de agosto irá diminuir a carga de impostos no país. No entanto, ele disse que é difícil criar um imposto único, como é defendido por alguns setores.

“Diminuir a carga tributária está nos planos nossos, diminuir um pouco o imposto de renda. Fazer um imposto único é difícil, mas buscar o menor número de impostos. E tratar apenas de impostos federais, que todas as vezes que tentamos tratar de impostos estaduais e municipais não foi possível resolver esse assunto”, disse o presidente. 

Aprovar Previdência é importante para Reforma Tributária 

O doutor em economia, Adriano Paranaíba, explica que a logística em se aprovar, primeiro, uma reforma da Previdência para depois emplacar uma reforma Tributária se dá devido a perda de arrecadação que pode prejudicar os Estados e Municípios. “A Previdência garante ao Governo Federal um fôlego maior. Já a tributária levará aos estados e municípios uma desaceleração da arrecadação. Sem um alívio nas contas, o Governo Federal não conseguirá socorrer os entes quando a arrecadação cair”, explica. 

Nas contas de Appy, o IBS teria uma alíquota de 25%, sendo 9% para cobrir os impostos federais. Mas o governo considera que os cálculos da proposta da Câmara estão subestimados, porque implicariam queda de arrecadação. Para a equipe da Receita, essa proposta só teria viabilidade se a parcela dos impostos federais fosse de 14,5%, o que aumentaria a alíquota para mais de 30%.

As Secretarias de Governo da Economia dos Estados se apoiaram para a criação de uma proposta própria para tramitar juntamente com as já existentes. A proposta do Comsefaz (Comitê Nacional de Secretários de Fazenda) fala em um Imposto sobre o Valor Agregado semelhante ao da PEC, com base ampla de tributação, princípio de cobrança no destino, crédito financeiro e desoneração de investimentos e exportações. Também defende a unificação das regras estaduais de tributação.

Municípios buscam maior autonomia

Os municípios, assim como os estados, buscam protagonismo e autonomia em uma eminente reforma tributária. Com o protagonismo assumido pela Câmara dos Deputados, que deixa de lado, por hora, a proposta do Governo Federal, os municípios encabeçam acordos com deputados para maior poder na gestão dos recursos arrecadados. 

Entre as alterações que ganharam apoio está a concentração da arrecadação em um comitê gestor. Ele teria a presença apenas de estados e municípios, e não da União.

No fim de maio, a CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) da Câmara aprovou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 45/2019, de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

A luta por uma reforma Tributária é travada lado a lado com uma reestruturação do pacto federativo, bandeira defendida por Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha. O prefeito de Campos Verdes e presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves (MDB), não vê a possibilidade de um pacto federativo aprovado nos próximos dois anos, mas avalia que a reforma Tributária abrirá um espaço para a discussão do tema. “Se houver um cronograma para se fazer essa mudança paulatinamente, de forma escalonada, vai ser uma conquista que você começa agora como a cessão onerosa do pré-sal”, avalia.

“Para se fazer uma reforma Tributária e de receita, você tem que mudar alguns sistemas. A conta do Governo Federal não está fechando, tivemos um contingenciamento de R$ 1,4 bilhão, mais a verba retirada do fundo soberano para o Governo fechar as contas com R$ 139 bilhões de déficit”, comenta. 

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