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Recuperação Fiscal

RRF é pauta na volta dos deputados

Enquanto Alego ainda não sabe quando projeto deve tramitar na Casa, Governo ainda está no plano das ideias.

Postado em 30 de julho de 2019 por Sheyla Sousa
RRF é pauta na volta dos deputados
Enquanto Alego ainda não sabe quando projeto deve tramitar na Casa

Dayrel Godinho

Prestes a serem retomados os trabalhos na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), previsto para a próxima terça-feira (6), o Governo de Goiás tem que enviar medidas, por meio de projetos de lei para a Casa. As matérias devem receber aval dos deputados para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). No entanto, de acordo com o presidente da Alego, Lissauer Vieira (PSB), ainda não foi aberto o diálogo com a Casa, mesmo sendo a “principal pauta a ser debatida”. 

Segundo o presidente da Alego, o Governo ainda não se posicionou oficialmente quando nem como o projeto começará a tramitar. “O governador disse que pretende enviar, mas não foi aberto o diálogo com relação a este projeto e não abriu-se o diálogo com relação a isto”, comentou.  Ele ainda acredita que o projeto não deve ser enviado em até um mês, mesmo sendo extremamente importante para o Governador, Ronaldo Caiado (Democratas).

Lissauer afirma que já abriu diálogo com membros do Governo sobre sugestões da Casa, como a criação de uma Comissão para antever as propostas a serem enviadas e como tem sido a adesão de outros estados, no entanto o caminho inverso ainda não aconteceu. “Já conversei com membros do governo sobre esta sugestão, mas o Governo é quem vai decidir como será tramitado. Eles ainda não me procuraram, mas vão procurar”, disse.

Ainda de acordo com Lissauer, a adesão ao RRF é uma matéria bastante polêmica e bastante dura para o Estado, que “precisa ser amplamente debatida”. Por isso, o presidente avalia que o período que deve anteceder a apresentação é bastante importante, porque a Casa não vai “receber uma matéria sem ter o conhecimento”. 

“Se o governo optar por enviar o projeto do RRF assim [sem um debate prévio], ele não vai ser votado de forma imediata, porque precisamos de um prazo para debater e precisamos de um prazo grande”, disse o presidente da Casa, que avalia que a Casa precisa saber 100% sobre os riscos e benefícios que trazem uma adesão a um regime como o do RRF. “Não vamos votar matéria na pressa, o RRF, ou sem conhecer de fato”, pontuou.

Lissauer pretende criar comissão para discutir RRF 

O presidente da Alego acredita que o melhor método do debate da matéria seria a criação desta comissão de debate. Porque, de acordo com Lissauer, há uma necessidade debater junto à Sociedade a importância o os problemas da adesão ao Regime. 

Como proposta, Lissauer ainda avalia que há a necessidade de que os deputados conheçam a situação de outros estados que já aderiram ao RRF, como o Rio de Janeiro e Minas Gerais, que pode aderir. “Precisamos conhecer a realidade dos prós e contras e a realidade de como é a adesão ao Regime”, comentou.

Este debate prévio servirá para muitos deputados conhecerem o projeto. Ele avalia “não estar convencido de que o RRF seja o único caminho para recuperar o Estado”, mesmo sabendo que o Goiás está em uma situação finaceiramente crítica e calamitosa. 

Este prazo, então, serviria para entrar na discussão e “encontrar um caminho mais tranqüilo para o Estado”, inclusive, com a necessidade de visitar outros estados para saber como foi a adesão. O que, mesmo assim, Lissauer avalia que “ainda assim, conhecendo os dados, teremos o conhecimento para a criação de uma pauta alternativa. 

Na Alego, a comissão seria importante para um “convite aos setores interessados” para discutir o assunto. “Teremos a oportunidade de debater o projeto”, diz o presidente que, inclusive, avalia que o fórum empresarial será um dos principais afetados caso a adesão se concretize. 

 Governo tem que enviar projeto à Casa 

Após aval da Alego para a adesão ao RRF na última sessão extraordinária antes do recesso parlamentar, o Estado, por meio da Secretaria de Casa Civil, terá que se adequar a um conjunto de seis leis que são exigidas pelo Tesouro Nacional. Estes projetos serão enviados para a Alego para serem aprovados ou rejeitados. E somente com a aprovação do pacote completo, haveria a possibilidade do Estado entrar no Regime. 

De acordo com o RRF, o desequilíbrio financeiro é considerado grave quando a receita corrente líquida (RCL) anual do Estado é menor do que a dívida consolidada ao final do último exercício; o somatório das suas despesas com pessoal, juros e amortizações seja igual ou maior que 70% da RCL e o valor total de obrigações seja superior às disponibilidades de caixa. Só poderá aderir ao RRF o Estado que cumprir esses três requisitos de entrada.

A mais polêmica das alterações para aderir ao RFF é a redução dos incentivos fiscais ou benefícios de natureza tributária para, no mínimo 10% por ano.  O que afeta, principalmente, as indústrias goianas, que são as principais afetadas e quem tem se manifestado sobre a importância destes benefícios para a manutenção das empresas no Estado.

Outro projeto polêmico entre as adesões é o da privatização de empresas dos setores financeiro, de energia, de saneamento e outras estatais, para utilizar os recursos para a quitação de despesas. O que, inclusive, não é defendido pelo próprio Ronaldo Caiado, que foi um dos principais críticos à venda da Celg para a Enel, e agora se vê em um impasse sobre a Saneago. 

O projeto também prevê a proibição de saques em contas de depósitos judiciais, enquanto não houver a recomposição do saldo mínimo do fundo de reserva; a revisão do regime jurídico único dos servidores estaduais da administração público ou aprovação de lei para disciplinar o crescimento das despesas obrigatórias, o Teto dos Gastos; 

Não menos importante, o RRF solicita a autorização para realizar leilões de pagamento, nos quais será adotado o critério de julgamento por maior desconto, para fins de prioridade na quitação de obrigações inscritas em restos a pagar ou inadimplidas e a adoção pelo Regime Próprio de Previdência Social, mantido pelo Estado, no que couber, das regras previdenciárias disciplinadas pela lei e Instituição do Regime de Previdência complementar.

Procurados pela reportagem, não houve uma manifestação do governo sobre uma agenda prévia a colocação do projeto em pauta. O que, inclusive, foi confirmado pelo Líder do Governo na Alego, Bruno Peixoto (MDB), que confirmou que o debate ainda não está sendo debatido com os deputados da Base. 

O projeto foi aprovado por uma lei complementar de 2017 e foi criado para fornecer aos Estados com grave desequilíbrio financeiro os instrumentos para o ajuste de suas contas. Dessa forma, ele complementa e fortalece a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que não trazia até então previsão para o tratamento dessas situações.  Até hoje, somente o estado do Rio de Janeiro teve o contrato assinado.

 

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