Ex-vereador e servidores públicos de Aparecida de Goiânia são denunciados por corrupção
Willian Ludovico alegou que foi inocentado na estância civil e em Comissão de Inquérito na Câmara Municipal da cidade.
Nielton Soares
O ex-vereador de Aparecida de Goiânia, Willian Ludovico de Almeida, o ex-procurador da Câmara Municipal, João Bosco Ventura, e o assessor parlamentar, Wilson Francisco dos Santos, foram acusados pelos crimes de peculato, falsificação de documento público e falsidade ideológica. Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), eles agiram juntos em um esquema para desviar aproximadamente R$ 25 mil de verbas do Legislativo, entre 2008 e 2009. A suspeita é que o trio utilizava um servidor fantasma e dados de uma terceira pessoa, sem ela ter conhecimento.
A denúncia consta que no final de 2007, Willian, até então vereador, encontrou com um morador em situação de rua. O parlamentar lhe fez uma proposta de que iria doar um lote na cidade para ele, mas para isso, precisava de uma cópia da sua identidade. O homem logo forneceu o documento exigido, mas nunca teve concretizada a promessa. Ao perceber que o imóvel não saia, mudou-se de Aparecida para um assentamento próximo ao município de Crixás.
De posse da cópia do documento da vítima, Ludovico utilizou dele para indicá-lo como assessor parlamentar fantasma. A intenção foi ficar com o dinheiro, que são as remunerações para servidores da Câmara. Os pagamentos eram feitos em cheques nominais, era falsificada a assinatura no recibo e no verso dos cheques. Isso tudo para aparentar que o homem realmente trabalhava e estava recebendo os salários. Além disso, todos os direitos trabalhistas eram pagos normalmente. O MPGO acredita que a presidência da Câmara tinha conhecimento do esquema. Assim também, o procurador do Legislativo João Bosco.
Contraditório
O ex-vereador Willian Ludovico disse ao jornal O Hoje que as denúncias são infundadas e que o denunciante não era analfabeto, como alegou o promotor de justiça. Além disso, possuí residência própria na cidade. Questionado sobre o vínculo de trabalho, ele confirmou que o denunciante foi assessor parlamentar e o conheceu como pastor evangélico. Em relação à função, Ludovico disse que o denunciante e o Wilson Francisco trabalhavam em parceria no cargo: exercendo o trabalho em meio período cada um e dividiam o salário de pouco mais de R$ 1400,00.
A exoneração do funcionário se deu porque ele queria ganhar um terreno, quando se integrou ao Movimento dos Sem Terras. Mas para conseguir o benefício não poderia ter vínculo empregatício. “Vejo que este país está precisando de moralidade no Judiciário. Tem muito gente apenas querendo mídia e, para isso, acusam, julgam e jogam nomes na lama”, se defendeu o ex-vereador, acrescentando que foi também julgado em ação civil, por improbidade, e que a própria Câmara Municipal da cidade instalou uma Comissão de Inquérito na época, mas que nos dois casos foi inocentado. A reportagem não conseguiu contato com os demais denunciados e o espaço fica aberto para manifestações.
Denúncia
O fato foi descoberto quando o homem buscou o INSS para solicitar a aposentadoria como trabalhador rural e foi indeferido o pedido, porque no banco de dados constava sua função de assessora parlamentar na Câmara de Aparecida. Ele buscou o auxilio do MPGO, que pediu os comprovantes de cheques. Já Willian, ao ficar sabendo disso, imediatamente pediu a exoneração dele da função de assessor e colocou o homem para assinar vários recibos, prometendo agora a aposentadoria. Entretanto, tratava-se dos documentos do exercício da função pública. Novamente, percebendo a enganação, o homem procurou a Polícia Judiciária e contou a história, que resultou em denúncia criminal contra os envolvidos.