Cultura Negra na primeira noite do Bananada
Baco Exu do Blues trouxe sensualidade e consciência e em seu rap na madrugada de sábado. Foto: Igor Caldas
Igor Caldas
A representatividade negra ecoou na primeira noite do fim de semana do Festival Bananada 2019 na Capital. Oficialmente, o evento começou na última segunda-feira (12) com várias apresentações musicais em diferentes locais de Goiânia durante a semana, mas foi só nesta sexta-feira (16) que os quatro palcos montados no Shopping Passeio das Águas foram ocupados pelas bandas de maior destaque do festival.
A cereja do bolo ficou para a última apresentação. Baco Exu do Blues trouxe sensualidade e consciência cultural em seu rap na madrugada de sábado. O baiano, que se apresenta como Kanye West da Bahia, sacudiu o público durante seus 50 minutos de show. O rapper trouxe os principais hits para o palco e colocou em evidência a força da cultura negra.
Lotado, o evento não teve tantos protestos e manifestações do público. Exceto no show do baiano Baco, que teve gritos contrários ao presidente da república Jair Bolsonaro. Outros representantes da negritude trouxeram a força do povo preto para os palcos do bananada, com destaque para: Luedji Luna e Liniker e os Caramelows.
Luedji Luna embalou o público com uma dança hipnotizante e a força dos ritmos afro brasileiros, trazendo também a espiritualidade das religiões de matriz africana em suas letras. Os enormes painéis de leds ao fundo do palco transmitiam cenas de ambientes naturais e urbanos urbanos. A cantora de Salvador homenageou sua cidade e também a revolução que levou à independência da República do Haiti.
Outro destaque do rap foi o cantor Black Alien, que esse ano lançou o disco Abaixo de Zero: Hello Hell. O trabalho mostra uma maturidade inédita do músico e fala muito sobre sua realidade pessoal na luta contra a dependência química. Durante a apresentação, o ele se apresentou como um “novo” Gustavo e se emocionou ao ouvir seu nome de batismo ser ovacionado pela plateia.
A consciência ambiental também teve voz nos palcos. O músico Edgar apresentou seu som que mistura o eletrônico experimental com o rap. Suas letras falaram sobre os perigos psicológicos da tecnologia e alerta sobre a produção de lixo. Ele também pediu sensatez para que o público deixasse o carro no local e fosse embora de outra forma se tivesse feito uso de álcool.