Mercado dos planos de saúde apresenta perspectivas de crescimento
Segundo os últimos levantamentos, Goiás, São Paulo e Distrito Federal lideram a expansão do setor no Brasil
Nielton Soares
O setor de saúde privada no Brasil desafiou a recente crise e queda do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, superando o pessimismo econômico. Nesse
contexto, registrou crescimento em 2018 e a tendência é que seguirá em ritmo
acelerado neste ano. Em junho de 2019, o segmento somou mais de 47 milhões de
assegurados. Os levantamentos mostram crescimento de clientes e segmentação
médica, em relação ao ano passado. O otimismo do setor está no resultado
positivo e na certeza que a onda negativa vem perdendo forças.
Segundo dados do Instituto de Estados da Saúde Suplementar (IESS), entre
2017 e 2018, foram registrados um aumento de 0,2% no ingresso de novos
beneficiários, ou seja, mais de 102 mil vínculos. O percentual parece ser
pequeno, mas mostra estabilidade, indicando aumento de negócios para o setor,
isso já deixa o mercado mais animado e com boas perspectivas de melhorias,
afastando as incertezas de quedas acentuadas. A projeção para o próximo ano é
que a quantidade de assegurados fique acima dos 49 milhões.
Em volume de receita de contraprestações das operadoras de planos de
saúde, no primeiro semestre deste ano somou mais de R$ 50 bilhões. As despesas
assistenciais ficaram em mais de R$ 40 bilhões. Em 2018, o resultado acumulado
foi de quase R$ 200 bilhões em receitas de contraprestações, de acordo com dados
da ANS. Os índices de cobertura por planos de saúde se concentram mais nos
estados da Região Sudeste, que registram taxas acima de 30%. Já Goiás fica na
faixa entre 10% a 20% da cobertura dos planos de assistência médica.
A geração de emprego com carteira assinada, em outros segmentos da
economia brasileira, tem contribuído com o crescimento e estabilidade do setor
de saúde privada. Isso porque, os planos de assistência médica disponibilizados
por empresas aos funcionários somam 67% da contratação desse serviço no Brasil.
São Paulo, Goiás e Distrito Federal lideram crescimento do setor no
Brasil entre 16 estados, em junho desde ano, quando houve um considerável
aumento no ingresso de vinculados a planos de saúde no País. De acordo com a
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Goiás têm 1.142.974 assegurados e
conta com 32 operadoras com registro ativo. A tendência é que o mercado goiano
ganhe mais uma integrante. Trata-se da operadora Grupo Hapvida, terceira maior
operadora desse serviço no Brasil, atrás apenas de Amil e Bradesco. A empresa,
genuinamente cearense mostrou interesse em comprar o Hospital Jardim América,
em Goiânia.
Recentemente, a Hapvida anunciou ao mercado a intenção da aquisição
integral do Grupo São Francisco por R$ 5 bilhões. À aprovação prévia depende da
ANS e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Caso a compra seja
efetivada, o grupo assumirá a liderança nacional em número de vinculados,
passando a atender mais de 5,8 milhões de beneficiários e, assim, ampliando a atuação
em todas as regiões brasileiras, disputando mercado nas Regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul do País.
Para se ter ideia do tamanho do mercado de saúde privada no Brasil,
outro estudo do IESS, no período que compreende 2010 a 2015, e divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBHE), mostrou que do total de
despesas em saúde em 2015 (R$ 546,1 bilhões), R$ 314,6 bilhões foram da
iniciativa privada, isso equivale a 57,6% dos gastos. Já em 2010, ficou em
54,8%. No acumulado dos cinco anos, as despesas privadas representaram aumento
proporcional de 85% ante 65,7% do setor público.
Para efeito de comparação com outros países, que adotam o sistema
universal, o investimento em saúde pública pelo governo brasileiro é bem
inferior. Na lista, as nações que mais aplicam recursos à saúde são: França
(79%), Itália (75%), Canadá (74%), Argentina (72%), Espanha (71%) e Chile
(71%).
Perfil dos assegurados
Últimos levantamentos do IESS, março de 2019, mostram que o perfil da
clientela desse serviço prevalece na faixa de 19 a 58 anos. Porém, o grupo com
maior crescimento, até então, são de pessoas acima dos 59 anos ou mais. Nessa
modalidade, o crescimento é de 2,6%, referente ao mesmo período pesquisado,
representando mudanças de categoria de vinculados aos serviços. Essa tendência
também vem acompanhando o próprio envelhecimento da população no País.
No período da pesquisa, entre setembro de 2017 e setembro de 2018,
constatou-se que dentro do total de novos assegurados, mais de 166 mil faziam
parte dessa faixa etária (mais de 59 anos), o que representou uma alta de 1,5%,
em comparação ao mesmo período anterior. Essa tendência demonstra que a
população mais idosa tende a investir na contratação de planos de assistência
médica privada com objetivo de assegurar os cuidados com a saúde.