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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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MÚSICA

Elza Soares lança ‘Planeta Fome’ com faixas inéditas e regravações

A cantora Elza Soares é considerada um dos grandes nomes responsáveis por ‘alimentar’ a música e a cultura brasileira – Foto: Divulgação

Postado em 13 de setembro de 2019 por Guilherme Araújo
Elza Soares lança ‘Planeta Fome’ com faixas inéditas e regravações
A cantora Elza Soares é considerada um dos grandes nomes responsáveis por ‘alimentar’ a música e a cultura brasileira - Foto: Divulgação

Guilherme Melo 

A cantora
Elza Soares é considerada um dos grandes nomes responsáveis por ‘alimentar’ a música
e a cultura brasileira. Com sua voz, a artista aborda temas da atualidade que
surpreendem. Nesta sexta-feira (13) é lançado o 34º álbum da sua carreira,
intitulado ‘Planeta Fome’.

Em um dia desses Elza Soares descobriu que cantava, seu meu filho mais
velho, João Carlos estava morrendo, e por já ter perdido dois filhos ela não
queria perder mais umpor não ter dinheiro para cuidar do menino. “Ouvi no rádio
que o programa do Ary Barroso de calouros, o ‘Nota 5’, estava com o prêmio
acumulado. Não sei como, mas eu sabia que ia buscar esse prêmio”, conta Elza.

“Fiz a inscrição e me avisaram que eu precisava ir bonita. Mas eu não
tinha roupa nem sapatos, não tinha nada. Então, eu peguei uma roupa da minha
mãe, que pesava 60 quilos e vesti, só que eu pesava 32 quilos, então ajustei
com alfinetes. No pé coloquei uma sandália que a gente chamava de ‘mamãe tô na
merda’, e fui.Quando me chamaram, levantei e entrei no palco do auditório. O
auditório estava lotado, todo mundo começou a rir alto debochando de mim”,
lembra a cantora.

Segundo Elza, o apresentador a chamou e perguntou ‘O que você veio fazer
aqui?’. “Eu respondi que tinha ido cantar. Na sequência ele me questionou ‘de
que planeta eu tinha vindo’ e eu respondi que era do mesmo planeta que ele.
Intrigado ele indagou: ‘qual é o meu planeta?’e eu respondi ‘Planeta Fome!’.
Naquele momento todo mundo que estava rindo viu que a coisa era séria e
sentaram bem quietinhos. Cantei a música Lama, o gongo não soou, eu ganhei,
levei o prêmio”, conta ela quando questionada sobre a origem da ideia deste
álbum, e ainda revela que sempre carrega consigo um alfinete.

Elza revela que naquela época ela achava que se tivesse alimento para os
seus filhos, não teria mais fome: “O tempo passou e eu continuei com fome, fome
de cultura, de dignidade, de educação, de igualdade e muito mais, percebo que a
fome só muda de cara, mas não tem fim. Há sempre um vazio que a gente não
consegue preencher e talvez seja essa mesma a razão da nossa existência.E é
disso que se trata ‘Planeta Fome’”.

Músicas

O disco traz muitas coisas que a artista sempre quis falar.
“Estamos passando por uma época de intolerância, que as pessoas sentem fome de
dignidade, que decidi falar de alguns temas. Algumas músicas retratam coisas
que eu passei durante a vida, como a própria fome”, afirma Elza.

O primeiro
single do álbum é ‘Libertação’, porque segundo a artista ela se sente uma
pessoa muito livre e liberta de tudo. “Estou passando pela minha segunda
juventude (risos). Em um disco que falo tanto de ‘fomes’, porque não começar
falando sobre a liberdade? Acho que as pessoas devem ser livres fisicamente e
emocionalmente”, pontua.

A música
‘Menino’ que integra o álbum, é a primeira de autoria de Elza a ser divulgada
em toda a sua trajetória, e aborda muito a questão do respeito. “Criei essa
música anos atrás. Teve uma vez que vi uma garotada brigando, então percebi que
aquilo não era certo. As pessoas precisam ter mais respeito, desde criança”,
comenta.

Em 2018, a
artista lançou o disco ‘Deus é Mulher’, em que empoderava a voz feminina, e
agora com esse álbum é abordado a fome física e intelectual. A importância
segundo Elza de trabalhar esses temas é “que o artista tem que ser a voz do
povo, é um lugar que podemos falar o que quiser e o que pensamos. É quase uma
obrigação trabalhar com temas como esses”.

‘Planeta
Fome’ foi gravado no Estúdio Tambor no Rio de Janeiro e produzido por Rafael
Ramos. O disco tem participações de BaianaSystem, OrkestraRumpilezz, Virginia
Rodrigues, BNegão, Pedro Loureiro e Rafael Mike. A parceria com artistas novos
que sempre são feitas nos discos da artista é devido a sua curiosidade com
novos projetos. “Quando vejo uma carinha nova já fico de cima querendo uma
parceria. Isso é muito bom ter uma harmonia no nosso meio”, afirma.

Dentre os destaques deste novo CD está o figurino da artista, inspirado
na sua primeira aparição no rádio, e a arte visual assinada pela cartunista
Laerte: “
Ela costuma disser que minhas músicas evocam as turbulências da
nossa realidade combinadas com os movimentos siderais. Achei uma definição
ímpar e amei o resultado da capa do álbum”, evidencia Elza.

Já sobre o
figurino a artista acha importante voltar ao passado. “A primeira vez que
apareci, minha roupa estava cheia de grampos, e isso acabou se tornando uma
tradição. Os grampos me representam, na simplicidade e praticidade. Nunca
gostei de ser conhecida como a mulher de fulano, eu sou a mulher que vai e
faz”, conta.

Com mais de 50 anos de carreira, ao ser questionada se existe algo que
Elza Soares ainda tem vontade de fazer a artista finaliza: “Enquanto existir
vida sempre vou ter vontade de fazer e trabalhar. (risos) ainda tenho muitas
coisas a aprender, sempre que descubro algo novo , eu trabalho”.

 

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