Motos lideram acidentes em Aparecida de Goiânia
No município, motociclista é a principal vítima de acidentes de trânsito no segundo semestre deste ano – Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
Uma pesquisa realizada pelo Comitê Intersetorial de Gestão de Dados de Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito de Aparecida traça o perfil do elo mais fraco dos acidentes de trânsito: o motociclista jovem. Dados coletados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do município, desde julho de 2019, registram 506 vítimas de acidentes de trânsito. Desse total, 36% estavam classificados na faixa etária entre 20 e 29 anos, em 82% dos casos o veículo utilizado foi motocicleta e em apenas 9% foi o automóvel.
De acordo com a prefeitura, a iniciativa é da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e tem como objetivo reunir os principais dados de acidentes de trânsito no município por meio de ações de vigilância tanto de óbitos quanto de acidentes. O trabalho também consiste em identificar fatores de risco e os principais pontos de ocorrência de acidentes para implantar ações prioritárias para redução nos casos.
Para o Secretário de Trânsito do Município, Avelino Marinho, a maior causa desses acidentes está na imprudência dos condutores de motocicletas. “A moto é a parte mais fraca do trânsito. É mais leve e mais rápida. Por isso, às vezes, o piloto se arrisca porque acha que se acelerar, vai passar mais rápido no fluxo do trânsito. Nessas aventuras que acontecem a maior parte dos acidentes”. Ele ainda afirma que as principais infrações são alta velocidade, avanço do sinal vermelho e conversões proibidas.
Ainda de acordo com a pesquisa, os bairros com maior frequência foram Setor Santa Luzia, Setor Serra Dourada, Jardim Bela Vista e os bairros da região do Garavelo. As vias com maior freqüência de acidentes foram Avenida Independência, Rodovia BR-153, Avenida Bela Vista, Avenida São Paulo e Anel Viário. Cerca de 26% dos bairros e 20% das vias ficaram com o campo em branco e/ou não informado. Aproximadamente 14% das vítimas se acidentaram em bairros pertencentes a Goiânia.
Milton Nunes, 44 anos, se acidentou de moto há cerca de um ano no Setor Nova Era, em Aparecida de Goiânia. O auxiliar de Serviços Gerais teve que ficar sem trabalhar por dois meses e meio enquanto se recuperava do acidente. “Eu estava na avenida quando um carro me cortou e aconteceu a colisão. Eu caí, desloquei meu braço e quebrei a clavícula”. Ele ainda afirma que sua esposa estava na garupa da moto no momento do acidente. Ela também se feriu.
Assim como opina o Secretário Municipal de Trânsito, Milton também acredita que a principal causa dos acidentes de motocicleta são as imprudências cometidas pelos condutores. No entanto, ressalta que a responsabilidade não é toda dos motociclistas. “Há desrespeito pelas duas partes. Tanto do motorista quanto do motociclista. A diferença é que o pára-choque de quem pilota a moto é o nosso corpo e a maior parte dos motociclistas é imprudente. Muitos acidentes poderiam ser evitados se houvesse consciência”, afirma.
O motociclista diz que outro problema do trânsito em Aparecida de Goiânia é a falta de infraestrutura. “As ruas aqui são muito estreitas para a quantidade de veículos que a cidade tem. A questão da sinalização também peca”. Milton vê acidentes com motociclistas quase que diariamente. “Quase todo dia eu vejo acidente de moto. Quando passo perto nem gosto de ver, pensando que é algum amigo meu. Já perdi muitos que se arriscaram em duas rodas”. Ele não conhece nenhum motociclista que nunca se acidentou no trânsito.