“Em todos os índices de crimes graves houve reduções expressivas”, diz Rodney Miranda
O secretário acredita que os números estão reduzindo e isto se deve, principalmente, à autonomia que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (Democratas), deu para ele e a sua equipe trabalharem.
Lucas de Godoi e Rubens Salomão
Em entrevista para O Hoje, o secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, Rodney Miranda, fez um resumo dos seus primeiros dez meses na Gestão da secretaria e sobre qual tem sido o resultado desta atuação das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária no Estado. O secretário acredita que os números estão reduzindo e isto se deve, principalmente, à autonomia que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (Democratas), deu para ele e a sua equipe trabalharem.
O principal enfoque da Secretaria foi no combate à corrupção, qual o balanço destes dez primeiros meses?
Primeiramente houve uma mudança na postura na área da segurança pública do Estado, determinada pelo governador de Goiás. É uma postura técnica. De autonomia para enfrentar o crime e a criminalidade em todas as suas esferas. Autonomia, porém, pautada pela lei. O governador nos dá total liberdade para a gente cumprir o que ele está determinando, que é reduzir os índices de criminalidade, de todas as formas, sempre no limite da lei. Nós temos, hoje, uma prioridade no governo, que é a segurança. A resposta está sendo dada em cima do nosso grupo de excelência no foco que é combater estes crimes no Estado de Goiás.
Há uma área para ser destacada?
Em todos os índices de crimes graves, em todos os roubos houve reduções expressivas. A maioria deles teve uma redução acima de 50%, se comparado ao mesmo período do ano passado. Homicídio e latrocínio também tiveram uma redução expressiva. Isso mostra um bom direcionamento do nosso trabalho. Nós temos alguns eixos também a serem seguidos. O primeiro deles é o combate ao tráfico de entorpecentes, porque a maioria das facções criminosas que estão no Brasil e em Goiás têm como pano de fundo principal o tráfico de drogas, disputando o espaço das vendas. Então nós temos que combater as facções. Nós estamos realizando um trabalho belíssimo neste sentido e já apreendemos mais de 50 toneladas de drogas no Estado e, consequentemente, o desbaratamento de um monte de quadrilhas. O segundo eixo importante é o combate aos crimes rurais. Infelizmente no Brasil há muito tempo atrás o campo era considerado aquele lugar bucólico, para descansar, ouvir música e se divertir. O produtor era considerado imune aos crimes das cidades, mas isso mudou há uma ou duas décadas atrás. Hoje os produtores são alvos de quadrilhas organizadas que estão a procura de insumos, maquinários agropecuários, animais e até mesmo da produção dos fazendeiros. O terceiro eixo é o combate à corrupção, que é necessário de uma mudança de pensamento. Muita gente acha que o desvio de dinheiro público é um crime menor, é um crime que não tem consequências. Como não tem sangue, morte ou violência, é considerado muitas vezes um crime menor. Mas se a gente pensar nas consequências, primeiro porque não é um dinheiro público, é o dinheiro das pessoas, que pagam os impostos. Esse dinheiro vai para a saúde pública, para a segurança pública, para a educação pública e para os programas sociais. Ao invés de seguir este caminho, vai para o bolso destes corruptos. Então, a sociedade precisa tratar estes crimes com os mesmos olhos que tratam os crimes de violência e com morte.
Ainda há uma ação das grandes associações criminosas dentro dos presídios?
É um outro eixo bastante importante do Estado, que é o controle dos presídios estaduais. Não há uma experiência com êxito que não tenha partido do controle efetivo do sistema prisional. Então nós estamos trabalhando nas duas vertentes. As principais lideranças, que foram consideradas pelas inteligências da polícia Civil e Militar, os mais perigosos do Estado, eles foram transferidos para Planaltina, para um presídio de segurança máxima, com regras equivalentes aos presídios federais, sem contato físico do preso com ninguém. Não entra nada, o Estado fornece tudo. Não há visita íntima nem nada. O preso esta lá para cumprir a sua obrigação com a sociedade. Os direitos são respeitados, mas ele está lá para cumprir as suas penas. Eles não estarão lá para articular ou organizar nada.
Vigilantes prisionais temporários ainda são muito frágeis. Como o secretário enxerga isso?
Abrimos, recentemente, um concurso para a contratação de 500 agentes prisionais. Vamos chamar gradativamente. Mas não podemos criminalizar a conduta de uma categoria. Os vigilantes, em sua maioria, são profissionais bons, que têm treinamento, que têm limitação, por não terem armas de fogo, mas não tem tanto contato com os presos. Eles são importantes para o funcionamento do sistema prisional. Segurança pública é muito complexo. É como você consertar um avião em um cruzeiro. Você encontrou desse jeito e vai consertando aos poucos. Não pode parar tudo para consertar a violência. Temos que trabalhar com o que nós temos e estamos trabalhando muito bem com o que nós temos.
Foi solicitada à Secretaria, pelo Monitor da Violência, o número de mortes causadas por policiais. Por que as informações não foram passadas?
Porque eu as classifiquei como informações estratégicas da segurança pública. Já é a segunda vez que pedem, mas eu não repassei. Eu disse que enviaria os dados se eles fossem publicados na integralidade. Não dá para você ficar pinçando alguma informação para tentar denegrir o trabalho de profissionais sérios. Eu coloquei para eles que é necessário você pensar na letalidade das pessoas que a nossa segurança pública está enfrentando e no grau de armamento que estamos enfrentando. Aí há uma quantidade imensa de pistolas, fuzis, metralhadoras nas mãos dos criminosos, que nos enfrentam. 99% das pessoas presas são faccionadas. Eu não vou passar uma informação para um pseudoespecialista interpretar de maneira errada e colocar em xeque o trabalho de verdadeiros heróis que estão trabalhando nas ruas para combater o crime.
A autonomia que o senhor se refere significa ser mais ostensivo nas ruas?
A orientação do governador é para trabalhar totalmente nos limites da lei. Se você atravessar a linha, você vira adversário nosso. A melhor maneira de se limpar a força policial é você valorizar esta força. Porque um bom policial não deixa um mau policial ficar na sua corporação. Nós, da Segurança Pública, somos as instituições que mais combatem os erros dentro das nossas instituições. Não é porque temos maiores ocorrências, é porque os próprios policiais que têm orgulho da farda sofrem com a generalização e eles mesmos atuam no combate ao mal policial. Antigamente um policial dava um tiro e a corporação estava condenada.
Como tem sido a atuação da Força Nacional no Estado?
Toda ajuda é importante e este auxílio foi bem-vindo. A gente chegou a debater com os técnicos da Força Nacional para saber se havia a possibilidade de deslocá-los para o Entorno do Distrito Federal. Embora ainda seja controlável, o volume, por ter sido abandonado em gestões anteriores, a gente chegou a tentar mudar a atuação para o Entorno. No entanto todo o serviço deles eram voltados para a Capital, que ajudaram a consolidar os nossos dados da segurança. Estamos agora esperando a atuação social da Força Nacional para que não nasçam mais líderes criminosos.
Há uma previsão de concurso?
Neste ano não haverá. Temos profissionais já formados como delegados que a gente espera o mais rápido possível convocar. Nós estamos trabalhando com o que nós temos e os profissionais que temos hoje estão dando resultados. Em algum momento nós teremos que convocar concursados, fazer mais concursos, mas quem vai dizer se pode ou não, é a economia do Estado.