Daniell Alves

Ideal para aliviar tensões e dores musculares, a ventosaterapia – tratamento feito com o uso de ventosas – é capaz de estimular o sistema circulatório das pessoas e combater doenças como gripes e resfriados. A sessão é realizada com uma espécie de copo de vidro e faz vácuos na pele que atingem a circulação sanguínea. Especialistas no método explicam de que forma a terapia pode promover uma vida livre de dores causadas pela rotina e estresse acumulado.

O diretor da Kangendô – Escola Brasileira de Acupuntura e Terapias Japonesas de Goiânia, Valério Lima, trabalha com terapias orientais há 20 anos. O sensei já esteve na Índia e Japão para conhecer e aperfeiçoar os métodos. Em suas visitas para fora do país estudou sobre as sessões de ventosaterapia e começou a praticar.

Criada a partir da acupuntura, a ventosaterapia pode tratar o indivíduo de forma global e melhorar o estado de saúde, mental, emocional dando mais equilíbrio aos pacientes. Hoje é uma terapia conhecida em diversos países do mundo. “Tornou-se famoso no Ocidente a partir das Olimpíadas, quando o nadador Michael Phelps fazia o uso das ventosas para melhorar o desempenho nas competições”, lembra ele.

As pessoas que praticam exercícios físicos diariamente podem utilizar a ventosaterapia para aliviar dores musculares, por exemplo. O instrutor Chen Chia Chen, que está há quase dois anos realizando sessões do método, mostrou à reportagem do Jornal O Hoje como funciona a prática com objetos de vidro.

Ele ascendeu um algodão com fogo, segurando-o com uma pinça colocou no interior da ventosa de vidro e, logo em seguida, deixou na pele do paciente Daniel Henrique, de 25 anos. Formou-se um vácuo, pois o oxigênio de dentro da ventosa foi consumido pela temperatura quente, sugando a pele. Esta foi a primeira vez que Daniel recebeu uma sessão de ventosaterapia.

“Se a pessoa fizer muito exercício, a ventosa consegue acelerar o procedimento de restauração. O exercício faz com que os músculos tenham muitas dores. Nesse sentido, a ventosa acelera o procedimento de retirada das substâncias existentes no corpo para combater as dores”, diz. 

Tratamento melhora a imunidade

Durante a sessão, as ventosas foram retiradas do corpo de Daniel pelo menos umas três vezes. Os objetos eram manipulados e trocados constantemente para que o efeito fosse satisfatório. “O uso das ventosas de vidro faz uma sucção e rompe os vasos capilares jorrando sangue para o tecido. Desse modo o corpo solta o sistema de defesa e melhora a imunidade”, explica Chen.

No momento em que as ventosas estavam sendo trocadas, Daniel disse que era uma sensação boa, já que a temperatura após o uso do fogo permaneceu suportável. Algum tempo após o início da sessão, o paciente disse que sentiu alívio nas partes do corpo que costumavam incomodar.

Daniel possui certo desconforto na coluna devido à rotina diária em frente ao computador e celular. “Não chega a ser uma dor, talvez seja porque não mantenho a coluna ereta o tempo inteiro. Mesmo que a sessão não tenha durado muito, estou sentindo uma diferença imensa. É a primeira vez que faço e estou quase sem desconforto nenhum”, disse ele.

O tratamento é benéfico para aqueles que, assim como Daniel, possuem algum desvio de coluna. É o que explica Graça Figueiredo, gerente e coordenadora pedagógica da Escola Kangendô. “Ao invés de movimentar a coluna que é algo mais rígido, a ventosa tem uma pressão negativa no músculo que empurra a coluna para o lugar sem movimentar os ossos”, destaca.

Estimulação do sistema circulatório 

O uso das ventosas estimula todo o sistema circulatório, tanto o sanguíneo quanto o linfático. E esse processo da sucção é feito através da pressão negativa, explica Valério. “A ventosa trabalha puxando esse sangue para o músculo e acontece um processo similar ao da auto-hemoterapia, onde o sangue da pessoa é retirado da veia e colocado no músculo, acionando todo o sistema imunológico para que seja feita uma varredura”.

Esta limpeza faz com que os micróbios e bactérias sejam combatidos. As ventosas, nesse caso, também são bastante úteis para manter a imunidade em alta. “Pode tratar problemas respiratórios, dores agudas ou crônicas. Geralmente, são utilizadas em atletas que necessitam de uma recuperação muito rápida”, destaca.

Além de melhorar a circulação sanguínea, o tratamento ajuda na desintoxicação do organismo. “Na visão oriental, nós adoecemos pelo excesso de toxina no corpo. Toxina é tudo aquilo que não conseguimos metabolizar – que pode ser a nível fisiológico, como alimentos e também por razões mentais, como as emoções e pensamentos”, explica. 

Em geral, qualquer pessoa pode receber o tratamento. Este deve ser feito por um profissional capacitado que possua suporte teórico e prático para realizar o procedimento. O período de tempo das sessões de ventosaterapia varia, podendo durar de 15, 30 ou 50 minutos. Tudo isso depende do paciente e dos objetivos individuais.

Recomendações

A sessão de ventosaterapia é feita com a pessoa deitada em uma maca. São colocadas as ventosas no local do corpo que irá ser tratado, que pode ser nas costas ou em outra parte que possua músculos. Em alguns casos, os objetos de vidro também deslizam por toda a extensão das costas, a chamada ventosa deslizante.

Segundo o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), a ventosaterapia também é indicada nos tratamentos de diversas patologias, atuando com caráter terapêutico em distúrbios reumatológicos, neurológicos, vasculares e dermatológicos, também abrangendo tratamentos pós-operatórios diversos ou simplesmente visando a regularização do fluxo de sangue nos meridianos, podendo ser associada a sangrias dos pontos.

O CMBA explica, também, que a aplicação de ventosas é contraindicada para casos de febre alta, convulsões ou cólicas, alergias na pele ou inflamações ulceradas, áreas onde o músculo é fino ou a pele não é plana por causa dos ângulos e depressões ósseas, no abdômen e região lombar em gestantes.

Algumas outras considerações a ter no uso das ventosas é que estas devem ser deixadas no local somente até haver congestão local (geralmente alguns minutos) ou aplicadas através de movimentos de deslizamento sobre áreas ou trajetos de meridianos. Se forem mantidas por muito tempo pode haver a formação de bolhas ou lesões, que devem ser evitadas. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)