Tempestade que caiu na Região Metropolitana deixa rastro de destruição
Estima-se que o volume de água de chuva do Estado ultrapasse 300 mm nos próximos dias| Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
A tempestade que caiu na Região Metropolitana de Goiânia na noite última terça-feira (21) deixou um rastro de destruição na Capital. Até o fechamento da reportagem, Defesa Civil Municipal havia feito um levantamento parcial e três pontes foram danificadas nos setores Recreio Panorama, Bairo Goiá e Goiânia Viva. Duas delas desabaram. Goiás deve ficar em alerta para receber a pior chuva de todo ano nos próximos dias. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), estima-se que o volume de água de chuva do estado ultrapasse 300 mm.
Na Região Metropolitana de Goiânia, a previsão de chuva para amanhã está para mais de 150 mm. Espera-se que o volume de água de chuva para todo o mês de janeiro na capital seja de 427 mm. Os dados são do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR); do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet); do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); e do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM).
A chuva forte pode causar quedas de energia, enchentes e destruição de infraestrutura da cidade. Terça (21), houve alagamentos na Rua Gercina Borges, no setor Vera Cruz I; na Avenida Central, no Parque Nova Esperança; GO-060, onde um motociclista que não queria abandonar sua moto foi arrastado pela enxurrada; na GO-070, abaixo do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Segundo a administração dos municípios, os danos causados pela tempestade ainda estão sendo avaliados. As intervenções consideradas mais críticas já começaram a ser feitas.
A água do Córrego Taquaral, no Bairro Goiá, transbordou e uma lateral de outra ponte foi carregada pela enxurrada na Avenida Padre Monte. A precipitação no setor foi de 46 mm. No Jardim Nova Esperança, a Avenida Central ficou alagada. No bairro Goiânia Viva, as bocas de lobo próximas ao Parque Taquaral ficaram entupidas. A obstrução gerou danos em um trabalho de recuperação realizado no parque.
Em relação à ponte do Córrego Caveirinha, a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) afirma que está providenciando uma licitação emergencial para a construção de uma nova estrutura. A Seinfra havia executado um serviço emergencial para reparos no encabeçamento da ponte e colocou uma defensa para isolar a pista onde o serviço foi realizado, mas a Avenida C não foi liberada para o tráfego e estava interditada com manilhas de concreto.
O agente da Defesa Civil Municipal Francisco do Carmo confirma que a ponte estava interditada e que a prefeitura estava realizando obras no local. “A suspeita é de que os moradores do bairro tenham feito uma ação para desbloquear a via. Era uma obra demorada e complexa porque estavam mexendo na infraestrutura abaixo da pista”. Ele afirma que a situação ficou muito pior porque a reconstrução da ponte será ainda mais demorada.
Faz quatro anos que o eletricista Edivaldo Ferreira Leite mora na Avenida C, vizinho da ponte que desabou no Setor Recreio Panorama. Ele confirma a afirmação de que a Avenida C não estava liberada. No entanto, revela que moradores do bairro se uniram para retirar os bloqueios da ponte e liberar o tráfego da via. “O povo se juntou, fiz uma alavanca para retirar as manilhas que bloqueavam a pista. Estava passando de tudo, caminhão, moto e carro”.
O eletricista não se impressiona com a queda da ponte. “Isso aqui estava em obras, não era para estar passando veículo por cima”, afirma. Ele acredita que o movimento dos carros e caminhões que passavam pela ponte tenha fragilizado ainda mais as estruturas da ponte que não resistiu à tempestade de ontem (21).
Barragens
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) alerta todos os proprietários de barragens no Estado de Goiás para volumes de chuva acima do normal nos próximos dias.
Alertas emitidos pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), em conjunto com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) apontam para totais pluviométricos entre 150 e 400 milímetros nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
De acordo com o superintendente de Recursos Hídricos e Saneamento da Semad, Marcos Antônio de Souza Menegaz, volumes acima de 100 milímetros já demandam uma atenção redobrada dos proprietários. “O que nós recomendamos é uma vistoria da estrutura e que o nível da água seja reduzido, já pensando em um possível cenário de cheia, para que a barragem receba e escoe o volume sem maiores pressões”, afirma.
A Semad também instrui todos os proprietários de barramentos para que estejam sempre em prontidão para comunicar possíveis emergências às Defesas Civis municipais da região onde se encontram, além de constituir uma rede de comunicação com vizinhos e comunidades residenciais em um raio de 10 quilômetros da represa.
Goianos devem adotar medidas para se proteger
Em decorrência das chuvas ocorridas nos últimos dias, os goianos devem adotar algumas medidas de segurança para se protegerem de enchentes e tempestades. O Coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil, Cidicley Santana, destaca algumas dicas preventivas. A recomendação é para que os moradores consertem falhas nos telhados e verifiquem o isolamento das fiações elétricas.
Em casos de árvores próximas da residência que ofereçam riscos, os moradores precisam pedir ajuda ao ambiental para pode ou corte das plantas. Também oferecem risco à população infiltrações, rachaduras nas paredes e chãos, e o não plantio de bananeiras ou plantas de raízes curtas em morros. Além disso, quem mora em área de baixada, ao primeiro sinal do aumento do nível de água, deve se abrigar em locais altos e secos.
A Defesa Civil informa, ainda, que medicamentos devem ser mantidos em locais seguros e documentações em mochilas impermeáveis, caso seja necessário abandonar a residência. Águas de enchente estão sempre contaminadas e podem oferecer risco à saúde, como leptospirose ou doenças de pele, por isso é melhor evitar o contato.
Se houver contaminação, como febre, vômito, diarreia e dores, é imprescindível procurar uma unidade de saúde próxima e informar o contato com a água de enchente. Como as inundações ocorrem repentinamente, o mais importante é priorizar a segurança própria e de familiares em detrimento de bens pessoais.
Recomendações
Em casos de enchente, ao primeiro sinal de chuva forte, a recomendação é para que a população deixe móveis e eletrodomésticos fora do alcance da água; desligue equipamentos elétricos e eletrônicos, feche o registro do gás e da água; guarde os produtos de limpeza e alimentos fora do alcance das águas e não os utilize caso tenham sido atingido; mantenha um membro da família atento e vigilante ao nível de subida das águas, mesmo à noite; e tenha sempre lanternas e pilhas em condições de uso. Não use velas, lamparinas a álcool ou similares;
Na rua
Caso esteja na rua durante a enchente, a Defesa Civil orienta que evitem, ao máximo, estar em áreas alagadas. Terrenos acidentados, buracos e bueiros abertos, assim como fiação elétrica exposta podem causar acidentes graves. Se não houver alternativa, sigas as orientações: ao encontrar-se em ruas alagadas, procure se proteger o máximo possível para evitar o contato com a água. Use calçados ou improvise, com sacos plásticos, proteção para as pernas;
Ao primeiro sinal de chuva forte, a população não deve sair de casa. No entanto, se já estiver no trânsito, a atenção é fundamental: aos primeiros sinais de alagamento procure áreas elevadas para estacionar e aguarde o nível da água baixar; ande devagar, aumente a distância do veículo da frente e não feche os cruzamentos; sintonize o rádio no noticiário local e procure informações sobre as áreas alagadas; não pare o carro próximo a árvores ou postes. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)