Novo valor da passagem de ônibus deve ser publicado nesta semana
As passagens devem subir em media R$ 0,30, vão passar de R$ 4,30 para R$ 4,60| Foto: Wesley Costa
Pedro Moura
Deve ser publicado nesta semana o novo valor da passagem de ônibus na Região Metropolitana. O usuário do transporte coletivo poderá ter de arcar com até R$ 4,60 por viagem a partir de março deste ano. As passagens devem subir em média R$ 0,30, ou seja, vão passar de R$ 4,30 para R$ 4,60. É bem mais do que o aumento no salário mínimo, duas vezes maior que a inflação. O aumento deve girar em torno de 7%.
De acordo com o vereador e membro da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC), Lucas Kitão, todo começo de ano há um reajuste na tarifa de ônibus, este ano o reajuste está previsto para ser divulgado no começo deste mês. “Todo ano a passagem sofre um aumento, ano passado conseguimos prolongar este aumento para março, mas este ano presumo que não será possível”, explica.
O vereador e membro da CDTC explica que o aumento é muito distante da realidade. De acordo com ele, o reajuste depende do estudo apresentado pela Agencia Reguladora do Estado (AGR). “Depois de apresentado o estudo irá se submeter à apreciação da CDTC que é formado por representantes da prefeitura, do governo do Estado e do poder legislativo”.
De acordo com Lucas, o aumento se dá devido à alta do combustível, mas infelizmente não haverá melhorias no transporte publico, por exemplo, trocar a frota de ônibus, reformar os terminais. Atualmente cerca de 70% dos passageiros pagam a passagem inteira, outros 30% são gratuidades. O vereador comenta também que as empresas de transporte pressionam o prefeito de Goiânia e o Estado, para ambos cederem ao aumento.
População não vê melhorias
A estudante Samantha Carollyna, 22 anos, diz que o aumento da passagem não vai melhorar em nada no transporte. “O aumento da passagem não traz benefício algum, os ônibus estão em situação precária, saem sempre atrasados. Para chegar cedo ao serviço é necessário sair duas horas antes, não temos segurança. Eles alegam melhorias, mas basta ir a algum terminal de ônibus em horário de pico que você percebe o descaso com os trabalhadores”, lamenta.
Samantha comenta ainda que o aumento da passagem afeta o seu orçamento e se fosse pagar mais por um serviço de qualidade, não veria problemas. “O aumento afeta no meu orçamento e seu eu fosse pagar mais por um serviço de qualidade ia ficar apertada mais pagaria com prazer, agora pagar por algo que não me traz benefícios algum é difícil”, explica.
Segundo o instrumentador Edson Junior, o transporte público está de péssima qualidade, o valor só aumenta e a qualidade cada vez mais precária. “A população sofre com a superlotação, pontos de ônibus danificados, falta de segurança dentro dos ônibus, várias linhas demoram até horas para passar, ou seja, ficamos sempre no prejuízo e na espera de um dia melhorar o transporte público”, reclama.
A recepcionista Thais Rocheanny comenta que o transporte publico é precário e a tendência é piorar. “O que era um serviço de péssima qualidade, agora vai ficar ainda pior. Pagamos caro por algo que não funciona, frotas sucateadas, linhas que demoram a passar, terminais sempre lotados e uma passagem que é uma das mais caras do país e que agora vai ficar ainda mais cara. Se não bastasse isso, ainda retiraram um auxílio que a gente tinha de saber quanto tempo o ônibus ia demorar. Um absurdo atrás do outro. A população está sendo prejudicada por um serviço de péssima qualidade, em troca de melhorias, temos transtornos”.
Painéis retirados
Na última quarta- feira (29) a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) retirou 15 painéis que informam o horário dos ônibus. Os aparelhos estavam instalados principalmente nas avenidas Tocantins e Araguaia. Segundo a CMTC, os displays sofreram atos de vandalismo e com isso a manutenção passou a ser onerosa, tanto pelos atos como também pela data de fabricação. A fabricação dos equipamentos retirados é do ano de 2012, o que segundo eles, é difícil encontrar peças de reposição.
Ainda de acordo com a CMTC, essa decisão, não deixou o usuário sem informação sobre a operação do sistema visto que o aplicativo SIM-RMTC tem a função de orientar o passageiro sobre horários, chegada do ônibus no Ponto de Embarque e Desembarque (PED) com possibilidade de programação de horários e alertas que ajudam o usuário a realizar o embarque. Os painéis não serão devolvidos. De acordo com a Companhia, nos terminais há informes. A redação do O Hoje questionou a CMTC sobre como as pessoas que não possuem smartphones e idosos irão se informar, mas não obteve resposta.
Ônibus têm cada dia menos passageiros
O aumento só não é maior que a queda no número de passageiros, que pagam inteira, a qual foi a menor progressão dos últimos anos. Nos últimos anos o sistema perdeu cerca de 8% dos usuários, e agora a previsão é de uma queda que varia entre 1% e 2%. Dados mostram que o aumento tem relação com o aumento do combustível que é o maior responsável pelo aumento da passagem prevista, uma vez que o óleo diesel tem o maior peso na fórmula nos estudos referentes à passagem, e apresentou uma variação de 5,7% entre dezembro de 2018 e dezembro do ano passado.
Na sequência vem o índice de depreciação da frota de ônibus, que influência positivamente no aumento da passagem de ônibus. Há também o fim da meia tarifa paga por estudantes, que desde 2017 utilizam o Passe Livre Estudantil do governo estadual com 48 viagens mensais apenas de ida e volta.
Existe ainda a expectativa de uma permanência no sistema, devido à dificuldade financeira das famílias, que não conseguem adquirir veículos próprios e o aumento no preço do combustível, que encarece o transporte individual. Além destes, a variação da inflação negativa e o baixo aumento do salário dos motoristas concedido em 2019 terão pouca influência no reajuste da tarifa.
Ano passado o reajuste de 7,5% na tarifa única praticada em toda Região Metropolitana de Goiânia começou a valer no dia 19 de abril. A passagem, que era de R$ 4, passou a ser de R$ 4,30. Com o aumento, o valor passou a ser cobrado integralmente nos cartões de embarque (Cartão Fácil), independentemente da data de recarga.
Como ocorre todos os anos, os créditos do cartão não são reajustados, e o valor de R$ 4,30 foi cobrado mesmo que o cliente tenha adquirido créditos antes do reajuste. Na ocasião, o presidente da CDTC, na época, Jânio Darrot, disse que o reajuste é automático, todo mês de dezembro. “Já deveria ter sido implantado, mas estamos discutindo uma série de melhorias. Acho injusto o aumento, mas tínhamos de tomar uma decisão. Se quebrássemos o contrato e não aumentássemos a tarifa, poderíamos estrangular o sistema”.
Na ocasião o vereador Lucas Kitão reclamou da forma como a reunião foi conduzida e disse, em tom de ironia, que o aumento era o ‘presente de Páscoa’ que estava sendo dado ao povo goianiense. “Foi uma reunião truculenta, conduzida com pouco de autoritarismo e a gente ficou um pouco sentido de não poder discutir as deliberações. Simplesmente encaminharam a nós uma carta de intenções, simplesmente histórias a se contar. Aumento passou e não foi discutido nenhuma melhoria, infelizmente”, reclamou.
Já o deputado Alysson Lima afirmou na época que a reunião foi de ‘faz de conta’ e teve um aspecto tirano por não discutir as melhorias no transporte, somente o valor da tarifa. O parlamentar afirmou que iria recorrer judicialmente para tentar reverter à situação. “Saio com sentimento de frustração. Esperaram a véspera de feriado religioso para colocar essa fatídica pauta”, desabafa. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)