Polícia Civil investiga organização criminosa constituída por servidores da antiga Agetop
Operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira e cumpre, neste momento, mandados de busca e apreensão em cinco cidades goianas| Foto: Reprodução/ Polícia Civil
Eduardo Marques
A Polícia Civil (PC) realiza, na manhã desta quinta-feira (12), a operação Mambaí que apura a suposta existência de um grupo formado por servidores da antiga Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), associados com membros de empresas privadas, para estruturação e desvio de recursos das obras do Aeródromo de Mambaí, nos anos de 2014 a 2018.
A investigação apurou que indícios apontam que a atuação do grupo tinha “nítida divisão de tarefas” e resultou na apropriação de R$ 2.214.745,53. O valor foi pago a uma das empresas investigadas, que não executou a obra.
As obras do Aeródromo de Mambaí foram iniciadas em local diferente do previsto no contrato administrativo, sem escritura pública, inclusive em território do Estado da Bahia. Segundo aponta a investigação, os serviços eram medidos e pagos sem a execução por parte da empresa, através de adiantamentos, ou superfaturamentos.
Ex-diretor
O ex-diretor da Agetop, José Marcos de Freitas Musse, é um dos alvos de busca e apreensão, que são realizadas em cinco cidades de Goiás. A defesa do ex-dirigente afirma que a operação é “mais uma medida contra agentes do Governo passado sem qualquer lastro com a realidade. A nota diz que o engenheiro sempre agiu com a “maior retidão perante a função que exercia”.
O documento sublinha ainda que Marcos Musse foi alvo sem ter “efetivado nenhum pagamento à empresa, inclusive determinando a suspensão da obra”.
A polícia investiga os crimes de peculato, infrações penais da Lei de Licitações, participação em organização criminosa e possível lavagem de dinheiro.
Mais de 100 policiais civis cumprem mandados de busca e apreensão em cinco cidades de Goiás. A ação é coordenada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor).
Vale lembrar que no ano de 2018, Musse foi condenado a 5 anos, 2 meses e 12 dias de reclusão, no regime inicial semiaberto, pela Operação Compadrio, do Ministério Público de Goiás (MPGO). As investigações foram iniciadas no ano de 2013 e apuravam a prática de crimes contra a administração pública realizadas por uma organização criminosa instalada em órgãos públicos do Estado de Goiás.
Matéria atualizada em 12/03/2020 às 11h36min
Confira a nota completa da defesa do Marcos Musse:
A Operação Mambaí, por meio da qual foram deflagradas medidas de busca e apreensão em diversas cidades hoje, inclusive na residência do ex-Diretor de Obras da AGETOP, é mais uma medida promovida contra agentes do Governo passado sem qualquer lastro com a realidade.
O ex-Diretor de Obras da AGETOP, José Marcos de Freitas Musse, sempre agiu com a maior transparência e retidão perante a função que exercia, buscando a todo o tempo a prestação e efetividade do serviço público com qualidade, a fim de atender aos anseios da sociedade Goiana.
Apesar da ausência de contemporaneidade com os fatos ocorridos há mais de 06 (seis) anos, não possuindo, assim, os requisitos da medida cautelar de busca e apreensão (urgência), especialmente por ter deixado a AGETOP há 05 (cinco) anos, Marcos Musse foi alvo de busca e apreensão sem ter efetivado nenhum pagamento à empresa, inclusive determinando a suspensão da obra.
Causa estranheza a realização de uma medida de tamanha gravidade em desfavor de um cidadão que sempre esteve à disposição da Justiça, inclusive prestando depoimento ontem no Ministério Público do Estado de Goiás, onde deixou explicado com riqueza de detalhes o caso do Aeroporto de Mambaí e demonstrando a ausência de qualquer irregularidade em sua gestão.
Luís Alexandre Rassi e Romero Ferraz Filho
Advogados do ex-Diretor de Obras da AGETOP
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