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domingo, 24 de novembro de 2024
Econômica

Com emissões de moeda, governo poderia dobrar socorro à economia

Economistas defendem que o mais indicado poderia ser a distribuição direta de recursos aos menos favorecidos – Foto: Divulgação

Postado em 25 de março de 2020 por Sheyla Sousa
Com emissões de moeda
Economistas defendem que o mais indicado poderia ser a distribuição direta de recursos aos menos favorecidos - Foto: Divulgação

Crise
fiscal e alegada falta de recursos não podem servir de pretexto para postergar
ou evitar a adoção de medidas estratégicas para evitar que a crise seja ainda
mais severa do que a já antecipada pelas projeções em cena. Os mercados tentam
manter certo otimismo, irrealista a esta altura, ainda apostando, na média das
previsões apuradas pelo Banco Central (BC), num crescimento de 0,89% para o
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, muito acima da variação
praticamente nula esperada pela equipe econômica do superministro. Em 20 de
fevereiro, essa previsão chegava a 2,20%. O ajuste ocorrido indica a percepção
de problemas à frente pelos mercados, mas sugere muito mais a expressão de um
desejo do que realismo nas estimativas.

O
governo poderá reforçar de forma importante o volume de recursos já anunciados
para socorrer a economia se decidir aumentar as emissões de moeda, o que não
deverá trazer qualquer pressão inflacionária diante da perspectiva de
encolhimento da demanda. O saldo das emissões primárias de moeda tem sido
mantido em níveis baixos pelo BC, proporcionalmente ao total de riquezas
produzidas num intervalo de 12 meses, variando entre 3,50% e 3,74% do PIB entre
janeiro de 2019 e o mesmo mês deste ano. Em valores nominais, o saldo das emissões
cresceu 6,6% no período, passando de R$ 241,502 bilhões para aproximadamente R$
257,445 bilhões.

Ao
dobrar as emissões para algo próximo a R$ 514,9 bilhões (perto de 7,5% do PIB),
o governo poderia mais do que dobrar o pacote de ajuda já divulgado, considerando
os recursos anunciados na segunda-feira para Estados e municípios. Isso
ajudaria a irrigar a economia, desde que uma parcela relevante dos recursos
venha a ser destinada aos mais pobres. A forma mais indicada, no caso, como têm
defendido alguns economistas e analistas, poderia ser a distribuição direta de
recursos aos menos favorecidos, aos excluídos do mercado formal de trabalho e
àqueles que não são atendidos nem mesmo pelos programas públicos de
transferência de renda.

Projeções

Economista
chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, em relatório produzido ainda na
semana passada, sugere que o impacto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19)
sobre a economia mundial pode não ser tão severo e revisava suas projeções para
o PIB global, àquela altura, para um crescimento entre 0,5% e 2,0% neste ano,
saindo de uma variação de 3,1% em 2019. Mas ressalvava: a confirmação desses
números dependeria da “hipótese de intensidade da paralisação em outros lugares
do mundo”, com a crise configurando-se, até ali, “essencialmente como um choque
de demanda”. Para que as projeções pudessem vir a se confirmar, Barbosa
considera que não poderia ocorrer uma “interrupção de cadeias essenciais de
serviços e produção e que as paralisações sejam temporárias. Por isso, são
estimativas bastante imprecisas a essa altura, a julgar pelas ações tardias
vistas em outros países, como na Itália”. Embora não tenha sido mencionada, a
reação dos Estados Unidos poderia muito bem ser comparada com a italiana, o que
pressupõe problemas idênticos, senão maiores.

Balanço

·  
Barbosa
inclui em suas ponderações uma “dimensão financeira” da crise, com a queda no
preço dos ativos em todo o mundo afetando a “riqueza financeira de empresas e
famílias, levando a menor consumo”. O risco central aqui é de uma paralisação
nos fluxos de receitas para as empresas e para as famílias. “Essa interrupção
precisa ser evitada a todo custo, sob o risco de uma piora econômica mais
severa. Mas é justamente nessa dimensão que os governos podem agir mais”, diz
ele, comparando com as “dimensões” clínica (saúde pública) e econômica, que,
por sua vez, está interligada com a velocidade e intensidade da contaminação
das populações.

·  
O
economista ainda demonstrava certo otimismo relativo em relação ao PIB
brasileiro, que, nesta sua avaliação, deveria crescer menos do que os 2,0% que
o banco projetava anteriormente.

·  
Publicadas
ontem, as projeções mais recentes do Itaú BBA apontam recuo de 0,7% para o PIB
brasileiro neste ano, saindo de 1,8% de crescimento na previsão anterior. A
economia mundial, na perspectiva do banco, tenderia a sofrer perda de 0,4%.

·  
Em
ambos os casos, as estimativas para o PIB global diferem em muito daquelas
agora revisadas (mais uma vez) pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF).
Nas últimas duas semanas, conforme já registrado neste espaço, a instituição já
havia reduzido sua previsão de crescimento de 2,6% para apenas 0,4%. Na
segunda, 23, voltou a rebaixar seus números e anunciou que agora espera uma
retração de 1,5%, “aproximando-se da contratação de 2,1% de 2009”, ano da crise
global mais recente.

·  
As
incertezas continuam a se avolumar em velocidade próxima ao ritmo de avanço do
coronavírus e ao sabor da atuação dos governos e de sua visão mais realista ou
mais fantasiosa da pandemia (o que determina o tamanho do socorro necessário ao
lado real da economia).

·  
Em
Goiás, ainda antes da crise, a receita bruta do Estado vinha oscilando,
chegando a recuar 4,47% entre janeiro e fevereiro, embora tenha crescido 8,61%
em relação ao segundo mês de 2019. Na comparação anual, o aumento da
contribuição ao fundo Protege e o incremento das transferências da União
responderam por perto de 58% do avanço registrado.

·  
No
acumulado do primeiro bimestre, a receita atingiu R$ 4,170 bilhões neste ano,
em alta de 8,03% frente aos primeiros dois meses de 2019 (R$ 3,860 bilhões). Em
valores, metade da alta deu-se em função do incremento de R$ 152,116 milhões na
arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
para R$ 2,958 bilhões. Proporcionalmente, no entanto, a variação ficou limitada
a 5,42%.

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