Bolsonaro agradece Índia por insumos para produzir hidroxicloroquina
Presidente vem defendendo a possibilidade de tratamento da Covid-19 com hidroxicloroquina desde a fase inicial da doença, segundo ele, após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado| Foto: Reprodução/ Carolina Antunes/PR
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agradeceu, pelas redes sociais, nesta quinta-feira (9) ao governo da Índia pelo envio de matéria-prima para a produção de hidroxicloroquina, remédio indicado para doenças como malária, lúpus e artrite e que vem sendo testado para o tratamento de pacientes com Covid-19. No último fim de semana, Bolsonaro conversou com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pedindo apoio no fornecimento dos insumos.
“Nossos agradecimentos ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que, após nossa conversa por telefone, liberou o envio ao Brasil de um carregamento de insumos para produção de hidroxicloroquina”, escreveu Bolsonaro em publicação na sua conta pessoal no Twitter. ¨Um gesto honroso que poderá ajudar a salvar a vida de muitos brasileiros, e do qual jamais esqueceremos”, completou.
Nessa quarta-feira (8), em pronunciamento, Bolsonaro disse que a matéria-prima deve chegar até sábado (11). Importante produtora de insumos para remédios e principal fornecedora mundial de medicamentos genéricos, a Índia restringiu a exportação de ingredientes farmacêuticos em meio à crise que motivou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar pandemia.
O presidente Bolsonaro vem defendendo a possibilidade de tratamento da covid-19 com hidroxicloroquina desde a fase inicial da doença, segundo ele, após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado. Na semana passada, o governo federal zerou o imposto de importação cobrado de medicamentos como a cloroquina – e seu derivado, a hidroxicloroquina – e a azitromicina para facilitar o combate da doença.
No final de março, o Ministério da Saúde passou a adotar a prescrição do medicamento em casos graves de pacientes internados com o novo coronavírus. Ontem (8), o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, reforçou que a definição médica individual é o que deve ser considerado no tratamento da covid-19 e que só recomendará a cloroquina e a hidroxicloroquina caso sejam referendadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como medicamentos viáveis no tratamento contra o novo coronavírus.
O ministro também ponderou que 85% das pessoas que têm sintomas de síndrome gripal se curam tomando medicamentos como o paracetamol e que, se usassem a hidroxicloroquina, ficariam sujeitos a seus efeitos colaterais. O medicamento pode gerar arritmia, com riscos a pacientes que não estão internados.
No último posicionamento sobre o tema, o CFM esclareceu que até o momento a OMS não recomenda nenhum tratamento e que “não há estudos conclusivos que comprovem a eficácia e segurança do uso de medicamentos que contêm cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19.”
No Brasil, o produto é fabricado em laboratórios privados, das Forças Armadas e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enquadrou a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial para evitar que pessoas que não precisam efetivamente desse medicamento provoquem o desabastecimento do mercado. (Agência Brasil)