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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Combate à Covid-19

Governador Caiado quer quarentena intermitente no Estado e prefeitos divergem

Nova decisão suspende, novamente, as atividades comerciais não essenciais de forma temporária| Foto: Wesley Costa

Postado em 30 de junho de 2020 por Sheyla Sousa
Prefeitura de Goiânia vai fechar comércio seguindo decreto do Estado
A partir desta quarta-feira (1º)

Manoela Messias

Decisão tomada pelo governador Ronaldo Caiado tem como objetivo restringir o funcionamento de atividades consideradas não essenciais e da administração estadual temporariamente. De acordo com a proposta, feita pela Universidade Federal de Goiás (UFG), após a realização de um estudo da atual situação do Estado, o escalonamento das atividades econômicas deverá acontecer de forma intercalada: duas semanas de portas fechadas, duas semanas de funcionamento normal. 

A decisão de Caiado foi anunciada durante uma videoconferência realizada na segunda-feira (29), entre o governador, prefeitos e autoridades da saúde estadual. Para que a decisão seja efetiva, é necessária a adesão dos municípios, especialmente aqueles que possuem os maiores índices de contaminados, porém, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) os municípios têm autonomia para deliberar sobre restrições ou flexibilização de atividades durante a Covid-19. O governador reconheceu as limitações impostas pelo STF e que não vai extrapolar a competência do Estado.

Durante o pronunciamento, Ronaldo Caiado argumentou que crises acompanham a virose, mas que ao salvar vidas haverá maior facilidade para recuperar a economia do estado de Goiás. “Nós teremos a quarentena por 14 dias e que funcionou muito bem no decreto de 12 de março. O que queremos neste momento é chegar a um patamar de isolamento de 55% e conseguiremos dar um achatamento na curva”, declarou.

A declaração de Caiado foi dada após a Universidade Federal de Goiás (UFG) apresentar estudo que estima um colapso hospitalar entre os dias 8 e 15 de julho, fazendo com que haja a necessidade de dois mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e 18 mil mortes por Covid-19 até setembro (leia mais na página 10). 

Suspensão de cirurgias

Na sexta-feira (26), o governador determinou a suspensão das cirurgias eletivas na rede particular de saúde, assim como já acontece na rede pública. A decisão foi embasada na dificuldade em adquirir os medicamentos utilizados no tratamento desses pacientes, que também são usados em procedimentos cirúrgicos. “Goiás é um dos poucos Estados brasileiros que tem medicamentos disponíveis, mas o estoque é pequeno. Nós temos a grande maioria das medicações, mas estão com menos de seis dias de estoque e essas medicações são utilizadas para sedativos, fazer a intubação e para manter o paciente entubado. Esses são remédios que concorrem com os utilizados durante as cirurgias, por isso tomamos a decisão”, explicou o Secretário Estadual de Saúde, Ismael Alexandrino.

Empresários reagem 

Em vídeo divulgado pela Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), o presidente Marcelo Baiocchi afirma que os empresários são os que têm pagado mais caro pela crise decorrente da pandemia, o que torna a situação da categoria complicada e deixa várias dúvidas. Por isso, uma sugestão do presidente da entidade é a de investimento em um “tratamento precoce”.

“Sugerimos que se invista mais não só em isolamento, que é uma parte importante, mas também no tratamento precoce, propostas de bandeira, como outras cidades estão fazendo, e, assim, não há necessidade de uma paralisação prolongada. Paralisariam em períodos mais curtos, finais de semana, períodos mais cedo, pararia a cidade antes das 22h e, assim, seriam ações que teriam o resultado que se espera: menor contaminação”, sugeriu o empresário.

Prefeituras mantêm suas próprias regras sobre isolamento  

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, se posicionou favorável à decisão do governador Ronaldo Caiado. Durante uma videoconferência realizada entre o governador Ronaldo Caiado com gestores municipais do Estado. Durante a reunião, Iris disse a Caiado que o município tem procurado cumprir todas as iniciativas do governo estadual. “Nós estamos aqui acompanhando todas as diretrizes ditadas por Vossa Excelência e assim acompanharemos”, afirmou. 

O prefeito de Anápolis, Roberto Naves, divulgou um vídeo nas redes informando que, após o anúncio do governador Ronaldo Caiado, reuniu-se com autoridades para ver a real necessidade do município aderir à quarentena intermitente. “Nós temos uma taxa de ocupação de leitos em 33%. Então por isso estamos avaliando a melhor decisão a ser tomada”, disse. Até o fechamento desta edição o prefeito não havia informado se já existe ou não uma decisão.

Já o prefeito de Trindade, Jânio Darrot, informou ao O Hoje, por meio da assessoria de imprensa, que apenas hoje tomaria uma decisão se segue as recomendações do Estado ou mantém o decreto municipal como está. O Município já havia flexibilizados a abertura de diversos segmentos.

Aparecida de Goiânia 

Em nota, a prefeitura de Aparecida de Goiânia disse a cidade já adota um escalonamento de abertura do comércio desde 8 de junho. De acordo com a nota, a aplicação efetiva do isolamento ocorre de modo escalonado e regionalmente. “O escalonamento regional leva em consideração a portaria e nota técnica da Secretaria de Saúde de Aparecida de 22 de abril que adotou na cidade de Aparecida de Goiânia a Matriz de Risco do Ministério da Saúde”, diz o texto.

O município, que está no cenário amarelo da pandemia, decretou que cada uma das macrozonas feche uma vez por semana de segunda a sexta, incluindo supermercados e postos de combustíveis. Além disso todas as macrorregiões devem fechar as portas aos domingos, porém, a prefeitura “não descarta fazer 14 dias direto de isolamento social. Decisão que será tomada com base nos dados técnicos-científicos da realidade do município nos próximos dias”.

O presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM) e prefeito de Porteirão, José de Sousa Cunha, comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelas cidades goianas e pediu à Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) que disponibilize orientações específicas aos gestores municipais para que seja viabilizada a quarentena no interior de Goiás. “Cada município vai tomar sua decisão. Tenho certeza que todos os prefeitos e prefeitas estão preocupados com a vida das pessoas e em seguir realmente as orientações que vem do Estado”, informou.

Entorno do DF

De acordo com o presidente da Associação dos Municípios Adjacentes a Brasília (Amab), Hildo do Candango, a quarentena intercalada, conforme propôs Caiado, é uma realidade fora de alcance, uma vez que grande parte da população que mora no Entorno do Distrito Federal trabalha na capital e utiliza o transporte coletivo semiurbano ou até mesmo veículo próprio para se locomover até Brasília. 

Hildo, que também é prefeito da cidade de Águas Lindas de Goiás, onde foi instalado o Hospital de Campanha construído pelo Governo Federal, acredita que, para dar certo, a quarentena deveria ser feita em comum acordo com o governo distrital. Por isso, os prefeitos das cidades adjacentes à Brasília discutem outra alternativa: decretar em todo o Entorno, por um período de 14 dias, o fechamento dos estabelecimentos comerciais considerados não essenciais aos sábados, após as 13h, e dos essenciais após as 21h, e estabelecer o fechamento total das atividades econômicas dessas cidades aos domingo. (Especial para O Hoje)

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