Linhões vão reforçar abastecimento em Aparecida de Goiânia
Saneago afirma que está tentando reduzir a dependência do Meia Ponte para o abastecimento da Capital| Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
No último mês de julho o Sistema João Leite foi responsável pela produção de aproximadamente 62% de toda a água consumida na Capital e parte dos municípios que integram a Região Metropolitana, enquanto o Sistema Meia Ponte produziu 38% desse volume. Apesar do maior volume ter sido produzido no Sistema João Leite, na época da estiagem, o Sistema Meia Ponte trabalha em sua capacidade máxima para suprir a necessidade de abastecimento de Goiânia. A Companhia de Saneamento de Goiás afirma que está tentando reduzir a dependência do Rio Meia Ponte para o abastecimento da Capital.
A Companhia alega que está cumprindo o decreto, do Governo de Goiás, e tem trabalhado na redução da dependência da Capital com o Rio Meia Ponte. O abastecimento de bairros goianienses estão sendo gradativamente transferidos da área de abrangência do Meia Ponte para o escopo do João Leite. Dessa forma, 78 bairros da Região Nordeste de Goiânia – antes atendidos pelo Meia Ponte – passaram a ser abastecidos pelo João Leite (como Guanabara, Jaó, Itatiaia e Urias Magalhães).
O Sistema Meia Ponte é constituído pela Captação Meia Ponte e Estação de Tratamento de Água (ETA) Meia Ponte. Já o Sistema João Leite engloba a Barragem João Leite, ETA Mauro Borges e ETA Jaime Câmara. É possível que com a diminuição dessa dependência, o Sistema Meia Ponte possa ser destinado para ampliar o atendimento para Goianira e Trindade. De acordo com especialistas, os níveis dos rios da Bacia do Rio Meia Ponte já estão em alerta de desabastecimento.
Um conjunto de pequenas obras voltadas ao operacional também está sendo executado pela Saneago como a automação de sistemas, troca de hidrômetros, instalação de Válvulas Redutoras de Pressão, perfuração e interligação de poços, aumento de reservação e trabalho constante de redução de perdas. Por ser o maior usuário da bacia, a Companhia alega ter responsabilidade ambiental para com a mesma realize ações de recuperação de nascentes, com cercamento e plantio de mudas junto com diversos parceiros como o Ministério Público, Prefeituras, Organizações Não Governamentais.
Linhões
Por outro lado, o Sistema João Leite está expandindo para outros municípios da Região Metropolitana de Goiânia por meio da rede de Linhões, compostos por um conjunto de redes de distribuição, adutoras, centros de reservação e boosters, que levará água do Sistema Produtor Mauro Borges, em Goiânia, para abastecer a população de Aparecida de Goiânia.
A iniciativa deve reforçar o abastecimento dos 450 mil aparecidenses já atendidos e também garantir água tratada para bairros que ainda não dispõem do serviço. Por ser uma obra complexa, foi dividida em etapas. Atualmente, estão em andamento os trechos Central e Sul, com conclusão prevista para janeiro de 2021.
Mais da metade dos trabalhos, que estão acontecendo desde janeiro, já estão concluídos. O sistema Linhões Central e Sul vai fazer com que parte da população de Aparecida de Goiânia se torne independente dos poços artesianos e outras formas de abastecimento usadas no município.
Milhares de pessoas vão ser beneficiadas nos bairros Conde dos Arcos, Independência, Industrial Santo Antônio, Parque Hayala, Polo Empresarial de Goiás (2ª Etapa), Veiga Jardim (parte) e Vila Oliveira. Além deste trecho, estão os trabalhos nas etapas 1 e 3 do Linhão Central e no Linhão Sul também estão em obras. A previsão de conclusão de todos os linhões é para o ano de 2024.
Alerta de desabastecimento já está ocorrendo
A Capital já ultrapassa a marca de 60 dias sem chuva e a taxa de umidade relativa do ar chega a 20%. O período de estiagem que abate o Estado deve ter um alívio das chuvas apenas em meados de outubro, segundo previsão dos meteorologistas.
Em relação ao abastecimento de água, a situação também é considerada de alerta devido ao nível dos rios. De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) a estiagem teve início com a vazão da Bacia do Meia Ponte ultrapassando os 7,5 mil litros por segundo. O órgão ainda afirma que o estado de alerta acontece quando a vazão fica inferior a 9 mil litros por segundo.
Apesar do estado de alerta, o gerente do centro de informações meteorológicas da Semad, André Amorim, diz que a situação está mais tranquila em relação ao período de estiagem de 2019, mas ainda exige moderação no consumo de água.
Por meio de nota, a Saneago afirma que em 2019, mesmo com a estiagem prolongada, houve abastecimento regular, tanto na Região Metropolitana de Goiânia, quanto no interior do Estado, devido às ações em conjunto com demais órgãos do Governo de Goiás. Este ano, apesar da pandemia, a Saneago deu prioridade aos trabalhos para prevenção dos efeitos da estiagem. A previsão é que, novamente, seja assegurado o fornecimento de água para 6 milhões de pessoas, nos 226 municípios onde atua.
Serra da Mesa
O período de estiagem no Estado pode fazer com que a vazão da hidrelétrica Serra da Mesa seja reduzida para 26% da sua capacidade total até o fim do ano. O estudo é do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A causa desse cenário está no volume de chuvas reduzido em Goiás quando comparado a média histórica do Estado. Caso as precipitações aconteçam dentro das previsões esperadas, o reservatório estará com volume de 32% até o fim de dezembro deste ano.
Ainda de acordo com o estudo realizado pelo Cemaden, se as chuvas se manterem dentro da média histórica, estima-se que a vazão afluente também fique dentro dos números registrados nos últimos anos. Dessa forma, é possível que o nível do armazenamento atinja o valor mínimo de 30% em meados do mês de novembro e deva aumentar somente depois, com o retorno do período chuvoso.
A hidrelétrica Serra da Mesa registrava até a última terça-feira o volume útil de 36,8%, cenário distinto do último ano, quando o reservatório estava com apenas 20% de sua capacidade no mês de agosto, de acordo com dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O resultado foi alcançado graças à mudança de estratégia de vazão mínima da hidrelétrica e o aumento no volume de precipitação entre os meses de outubro de 2019 e maio deste ano. (Especial para O Hoje)