Modelos de negócios liderados por mulheres transformam mercado
Brasil ocupa o 7º lugar no ranking dos países com maior proporção feminina entre os empreendedores | Foto: reprodução
Jordana Ayres
As mulheres, independente da nacionalidade, sempre lidaram com os desafios e preconceitos impostos por uma sociedade marcada pelo patriarcado que dita o que deve ser feito por elas e quais posições elas são capazes de assumir, mas essa realidade vem sendo transformada gradativamente. Depois de terem sido silenciadas por tantos anos, decidiram se impor e mostrar que podem assumir grandes cargos de liderança, principalmente nos negócios.
O empreendedorismo feminino está ocupando cada vez mais espaço no mercado, e segundo uma pesquisa realizada entre 2014 e 2019 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o número de mulheres que decidiram empreender aumentou em 124%, e, ainda de acordo com a Instituição, elas estão à frente de 24% dos negócios atuais, sendo que 45% são empreendedoras e donas de casa.
Todo esse crescimento fez com que o Brasil ocupasse o 7°lugar no ranking dos países com maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais. Porém, apesar de conseguirem entregar excelentes resultados, ainda se deparam com alguns obstáculos, como o preconceito, a jornada múltipla de trabalho e a falta de incentivo.
Donas de um perfil mais hábil, detalhista e resiliente, elas costumam ocupar áreas de beleza como salões e centro de estética, comércios de roupas e acessórios, alimentação (bufê, comida preparada/congelada), restaurantes, lanchonetes e padarias, contabilidade e atividades jurídicas, e encontrá-las no nosso Estado não é uma tarefa difícil.
Júlia Beatriz Nunes, estudante de Engenharia Eletrônica na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em 2016, quando cursava o terceiro ano do ensino médio teve a oportunidade de fazer um intercâmbio. Essa motivação fez com que ela começasse a fazer alfajores, apelidados como “AlfaJur”.
“Na época eu fazia o terceiro ano do ensino médio, não havia logomarca, nem nada do tipo, meus maiores apoiadores foram meus amigos. Cresceu, então, uma tremenda admiração por essa marca que eu havia começado e resolvi continuar empreendendo, não somente para vender os doces, mas também para levar amor e carinho aos clientes”, conta Júlia.
A goiana afirma ainda que no início, costumava vender 40 ‘alfajurs’ por semana e isso foi aumentando a cada ano. “Eu vendia em média 80 alfajores por semana antes da pandemia. Ao passar dos anos eu aumentei os sabores, o que é o diferencial da nossa marca. Hoje eu trabalho com 14 sabores diferentes, além da palha italiana tradicional, tortelete de limão e os cardápios especiais que costumam ser feitos na páscoa, no dia dos namorados e no halloween. Os clientes gostam muito dos ‘alfajurs’ de leite ninho,ovomaltine, brigadeiro tradicional, limão e café.”
Ela comenta também que é a única responsável pela empresa. “Eu faço praticamente tudo, trabalho na produção, nas vendas, logísticas e nas finanças. Minha mãe me ajuda com as entregas e uma amiga, com o marketing”, finaliza.
Outra empreendedora aqui do Estado, no ramo da moda, é a administradora Thaís Amaral, de Luziânia, dona de uma loja que leva o próprio nome. Quando ainda era uma estagiária, chegando ao fim da graduação, veio à capital pela primeira vez, se encantou com a qualidade e o preço das mercadorias e decidiu dar um passo de coragem rumo a uma nova carreira.
“A ideia da loja surgiu em 2013, estava perto de terminar meu estágio, me formar e surgiu aquela dúvida: o que eu vou fazer da vida agora? As pessoas mais próximas queriam que eu estudasse para passar em um concurso público, mas quando eu me imaginava em um serviço monótono, atrás de uma mesa oito horas por dia, eu entrava em desespero”, conta Thaís.
A empresária diz que orou e pediu por discernimento. “Comecei a orar, pedir uma luz para Deus. No dia seguinte, fiquei pensando sem parar nas roupas e nos acessórios que eu vi em Goiânia, sempre fui apaixonada por moda. Eu tinha medo da questão da remuneração, comecei vendendo cintos e essa renda extra se tornou maior que o salário de estagiária. Então me empolguei e comprei algumas peças de roupas para vender e aqui estou eu, com sete anos de loja.”
Thaís criou um showroom dentro da própria casa e faz de tudo para entregar boas experiências para as clientes. “Quando não tem ninguém disponível para me ajudar com as fotos (noivo, mãe, pai, irmãs, primo), eu me viro sozinha, dou meu jeito, mas não deixo de fazer. Eu faço as compras, escolho mercadoria a dedo, cadastro os produtos etc. Fiz um showroom na minha casa em Luziânia, adaptei o quarto da minha irmã e fiz da cama dela um belo sofá, coloquei arara, espelho e balcão; improvisei um espaço lindo e aconchegante”, comenta.
Para aquelas que desejam empreender, Thaís dá um conselho: “comece aos poucos, o principal é não desistir e amar o que faz porque não é fácil, nunca vai ser, é uma luta diária, mas quando você ama o que faz, Deus te dá forças. Quem acredita, sempre alcança, é o meu lema.”