Goiás registra 12.523 empresas fechadas em 2020
Com a pandemia e a quarentena, empresários goianos precisaram se reinventar para manter negócios funcionando, mesmo com portas fechadas | Foto: Divulgação/Bolos no Pote da Thays
Maiara Dal Bosco
Em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid-19, quarentena e distanciamento social, 12.523 empresas fecharam as portas em Goiás. Somente em Goiânia, foram 4.493, segundo dados da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg).
Entre estas empresas está a da gastrônoma Thays Ferro que, trabalhando com confeitaria há cinco anos, abriu uma loja física em agosto de 2019. Menos de um ano depois, em abril, e logo na páscoa – mês de maior trabalho para o segmento, a loja foi invadida por um assaltante. Apesar de o prejuízo material não ter sido tão grande, o ocorrido motivou a empresária, também já diante da quarentena decretada, a decidir por fechar as portas, inicialmente de forma provisória.
“Minha loja ficava em uma galeria, no Setor Bueno. Com o ocorrido, fiquei muito assustada, insegura mesmo. Com a pandemia, percebi que algumas lojas vizinhas à minha, dentro da própria galeria, começaram a se mudar do local. Então, diante da incerteza dos próximos dias, resolvi trabalhar em casa”, lembrou Thays.
Em um segundo momento, ela pensou em retornar para a loja. “Eu cheguei a conversar com o pessoal da imobiliária, para aumentar a segurança. Sobre a pandemia, tentei negociar o prazo e o valor do aluguel, e diante da negativa deles percebi que não compensava ficar com a loja aberta, porque eu podia continuar produzindo e vendendo de casa”, pontuou.
Crescimento
Thays conta que no começo a decisão de fechar a loja foi bastante difícil. “Foi como ver um sonho acabar. Na verdade, dar um tempo. Quando abri a confeitaria foi uma alegria muito grande. Após o assaltante ter entrado, decidir fechar foi um alívio por conta da segurança, ao mesmo tempo em que fiquei preocupada com as contas”, destacou.
Trabalhando novamente em casa e apostando nas redes sociais, a gastrônoma afirma que se surpreendeu com o aumento dos pedidos. “As vendas foram melhores do que quando eu estava com a loja, e com as despesas menores. Eu fiquei surpresa porque antes eu trabalhava em casa, mas não era tão conhecida. Depois que tive a loja, os pedidos começaram a aumentar. Recebi muitas mensagens”, recordou. Hoje, ela realiza encomendas de bolos, doces de aniversários e também trabalha com aplicativos de entrega, que, segundo a empresária, deram um ‘boom’ por conta da pandemia.
Enquanto cultiva novos clientes e mantém os antigos, Thays segue desejando que as vendas e as encomendas aumentem. “Todas as confeiteiras na páscoa têm muita expectativa, é um mês muito bom. Os aplicativos [de entrega] também estão se aprimorando, o que ajuda muito”, destacou. Por enquanto, o retorno a uma nova loja física, no entanto, pede cautela. “Quero esperar mais um tempo para abrir novamente, mas tenho esperança de que a situação melhorará”, finalizou.
Expectativa
Segundo o presidente do Sindilojas-GO, Eduardo Gomes dos Santos, mesmo com a segunda onda de Covid-19, a expectativa para 2021 é positiva. “Acredito que a gente pode resumir essa perspectiva na palavra retomada. Estamos prontos para reaver as perdas de 2020. O cenário que vislumbramos, com a devida cautela, é de reação positiva na economia, de reaquecimento das vendas e de expansão da atividade empresarial. Tudo isso vai depender, entre outros aspectos, da aceleração na vacinação. Dentro das nossas possibilidades, enquanto empresários, também estamos dispostos a colaborar com os governos. O momento é de união, de somar forças contra essa pandemia”, afirmou.
Eduardo avalia ainda que o fechamento de empresas em 2020 se deu dentro de uma proporção já esperada. “Desta vez, com um fato novo, a pandemia, que acabou impulsionando a abertura de novos empreendimentos”, finalizou. (Especial para O Hoje)