Estátua de Cora é lacrada por tempo indeterminado, na cidade de Goiás
Medida é para evitar aglomerações em um dos principais pontos da cidade de Goiás | Foto: Divulgação/Secretaria Municipal de Cultura
Daniell Alves
A estátua que homenageia a poetisa Cora Coralina, na cidade de Goiás, precisou ser lacrada para evitar aglomerações no local. De acordo com a prefeitura, a medida é porque a estátua é um ponto de disseminação da Covid-19, uma vez que turistas tocam, abraçam e beijam o objetivo. A estátua deve permanecer coberta até que haja uma estabilização no cenário do Coronavírus.
Segundo a prefeitura, a intenção é que ela fique assim por um período maior do que o decreto com medidas restritivas, que se encerra no dia 16. A recomendação foi feita pelo Centro de Operações de Emergências (COE) para o Enfrentamento ao Coronavírus.
“Todo mundo, quando chega perto, tira a máscara, abraça a Cora e isso estava incoerente demais com o momento que a gente está vivendo. Qualquer pessoa que vem a Goiás, mesmo que seja por um dia ou a trabalho, todo mundo quer passar pelo local, ver a casa da ponte e isso estava gerando um movimento além do esperado”, explica a secretária de Cultura da cidade, Raissa Coutinho.
A estátua havia sido inaugurada em dezembro último, quando completou 19 anos do título de Patrimônio Histórico da Humanidade, concedido pela Unesco na cidade. O prefeito da cidade, Anderson Gouvea, explica que a medida foi necessária, pois o local recebe muitas visitas. “Ficamos felizes com o sucesso da estátua, mas é preciso evitar”, avalia ele.
Mesmo em um cenário de pandemia, o local ainda é bastante frequentado por turistas de todos os lugares, já que é considerado um dos principais pontos turísticos da cidade. Ele está localizado do outro lado da ponte do Rio Vermelho, em frente à casa onde a poetisa e doceira viveu parte de sua vida na antiga capital goiana.
Embora haja sanitização em locais públicos o movimento excedeu a expectativa da administração municipal. Para incentivar o uso da máscara, a estátua havia ganhado o acessório para simbolizar a necessidade de prevenção, porém não foi suficiente.
O objeto de bronze tem 1,5 metro de altura, que era o tamanho real da poetisa. A obra foi feita pelo artista plástico goiano, Cleider José de Souza, que fez um protótipo, a partir de maquete visual em 3D e usando fotos de Cora Coralina para auxiliar no criação. Foram cerca de dois meses para que a estátua ficasse pronta. Ela surgiu depois de polêmica gerada pela instalação de uma outra estátua da poetisa, também próxima ao local, em 2019, durante a comemoração dos 130 anos de Cora Coralina.
A cidade de Goiás enfrenta um cenário de calamidade por conta pandemia da Covid-19 e precisou adotar outras medidas, além de tampar a estátua de Cora. O município também determinou toque de recolher desde a última segunda-feira. O decreto tem validade de 15 dias. Entre as regras está a proibição de circulação de pessoas em qualquer lugar público entre 19h e 6h. Aos sábados, o toque de recolher começa mais cedo, das 13h de sábado até as 6h da próxima segunda-feira, ou seja, nenhuma pessoa pode sair às ruas no domingo.
O município já registrou 664 pacientes infectados pelo Coronavírus, sendo que três estão internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19 e outros três na enfermaria. Cerca de 40 pessoas estão sendo tratadas em domicílio. Até o momento, foram 22 óbitos por conta da doença na cidade de Goiás. A taxa de letalidade, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é de 3,31%.
Outras cidades turísticas de Goiás também tiveram que estabelecer novas medidas. Em Caldas Novas, por exemplo, o novo decreto determinou o retorno das barreiras sanitárias na cidade. Os turistas que apresentarem sintomas não poderão entrar no município. Além disso, o documento reforça o uso obrigatório de máscara, que cubra a boca e o nariz, nos lugares públicos e coletivos.
Em Pirenópolis, a prefeitura afirma que intensificou o trabalho de orientação e também adotou medidas rígidas. “A cidade continuará aberta para os visitantes, no entanto, com a realização de um controle de acesso nos períodos de maior fluxo, devendo os visitantes apresentarem comprovante de reserva em pousadas ou atrativos naturais, enquanto a situação estiver crítica no Estado”, diz a administração em comunicado. (Especial para O Hoje)