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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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Coluna econômica

Indústria encolhe em janeiro e informalidade avança em Goiás

Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Quinta-feira (11/3) | Foto: Reprodução

Postado em 11 de março de 2021 por Sheyla Sousa
Indústria goiana registra o pior fevereiro dos últimos oito anos
Confira a coluna Econômica

Lauro Veiga

O
ano de 2020 encerrou-se com desemprego elevado, avanço na informalidade e perda
de renda para os trabalhadores, diante dos efeitos da pandemia sobre o mercado
de trabalho e sobre a economia em Goiás. O início de 2021, no entanto, não vem
trazendo notícias mais auspiciosas. A produção industrial experimentou o quinto
retrocesso consecutivo e, para agravar o cenário, registrou uma aceleração no
ritmo das perdas em janeiro, demonstrando fragilidade muito acima da média
quando considerados os demais Estados acompanhados pela pesquisa mensal da
produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A
indústria sofreu recuo de 0,5% em janeiro, na comparação
com dezembro de 2020, um mês já tradicionalmente fraco para o setor diante da
virtual paralisação em geral experimentada no período em função das festas de
fim de ano, evitadas pela maior parcela da população no ano passado. Na
comparação com o mês imediatamente anterior, a produção vem caindo desde
setembro do ano passado, quando experimentou recuo de 0,3%. Os meses seguintes
registraram quedas de 3,4%, de 1,3% e de 0,9% em outubro, novembro e dezembro,
respectivamente. Desde junho de 2020, conforme a série estatística do IBGE, a
produção da indústria goiana acumula retração de 6,8%. O tombo foi mais severo
na comparação com janeiro do ano passado, atingindo um retrocesso de 9,3% no
primeiro mês deste ano.

Sete
entre os nove segmentos industriais investigados pelo IBGE no Estado anotaram
perdas frente ao primeiro mês do ano passado. As maquiladoras de veículos (sim,
a indústria instalada no Estado importa de motores, câmbios, freios e
componentes eletrônicos e de inteligência embarcada até acessórios de valor
agregado mais baixo) encolheram nada menos do que 59,5% – uma queda que vem na
sequência de meses de perdas já severas para o setor. A indústria de
farmoquímicos e de produtos farmacêuticos, que chegou a apresentar desempenho
positivo nos primeiros momentos da pandemia, desandou ao longo da segunda
metade do ano passado e despencou 23,5% em janeiro, com perdas mais severas no
setor de medicamentos.

Sinal vermelho

Também
ficaram no negativo as indústrias de produtos de metal (exceto máquinas e
equipamentos), com baixa de 13,2%, a indústria extrativa, que encolheu 6,6%
(reflexo da menor produção de minérios de cobre e de fosfato), assim como a
metalurgia, em baixa de 5,0%. Embora as quedas tenham sido duras, chamaram mais
a atenção as baixas experimentadas pelas indústrias de alimentos e de
biocombustíveis (etanol e biodiesel), que puxaram o freio de mão no primeiro
mês do ano, anotando baixas de 7,7% e de 6,0% pela ordem. Conforme o IBGE, o
setor alimentício foi afetado pela retração na produção de leite em pó, farelo
e óleo de soja, principalmente (lembrando que as exportações do Estado de soja
em grão, farelo e óleo estiveram em baixa nos dois primeiros meses deste ano).

Balanço

Como
exceções, os segmentos de “outros produtos químicos” (adubos e fertilizantes) experimentou
salto de 14,5%, com alta de 11,2% para a indústria de produtos não metálicos
(asfalto, cimento e concreto, telhas e tubos entre outros produtos típicos da
indústria de construção).

Em
conjunto, a indústria de transformação, que já havia experimentado perdas de
4,2% e de 5,7% em novembro e dezembro de 2020 (na comparação com períodos
idênticos de 2019), encolheu mais 9,5% em janeiro deste ano, claramente
acelerando o ritmo das perdas – uma tendência preocupante, porque o setor,
considerado como essencial, foi mais poupado do esforço de distanciamento
social (que na verdade já havia sido afrouxado no Estado desde o final do
primeiro semestre de 2020). O agravamento descontrolado da pandemia, neste
momento, eleva o nível de risco para a indústria em geral e para a economia
como um todo.

O
mercado de trabalho, diante desse quadro, não deverá trazer qualquer tipo de
contribuição no sentido de amenizar a crise. Ao contrário. A tendência é de uma
piora no setor, com o fechamento parcial das atividades, afetando mais
severamente, como já havia ocorrido em 2020, o setor de serviços, que,
juntamente com o comercio e o setor de reparação de veículos, respondeu por
quase 70% do total de pessoas ocupadas no último trimestre de 2020.

Os
dados da edição trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNADC), do IBGE, mostram ligeiro avanço do total de ocupados, que
saíram de 3,038 milhões no terceiro trimestre para 3,099 milhões no último
quarto do ano passado, num acréscimo modesto de 60,0 mil vagas (+2,0%). A
questão a ser observada é que praticamente todo esse incremento foi decorrência
de um crescimento da informalidade, ou seja, de trabalhadores sem registro, sem
direitos, com baixa remuneração e elevada insegurança.

No
total, o número de informais no Estado avançou de 1,245 milhão para 1,325
milhão nos dois últimos trimestres de 2020 (mais 80,0 mil e variação de 6,4%).
A informalidade passou a responder por 42,8% do total de ocupados diante de
41,0% no terceiro trimestre.

O
desemprego recuou de 13,2% para 12,4%, mas manteve-se no nível mais elevado
para um quarto trimestre em toda a série histórica do IBGE, saindo de 10,4% no
final de 2019. O total de desempregados recuou de 461,0 mil para 440,0 mil
entre o terceiro e o quarto trimestres (-4,6%), mas subiu 11,0% em relação ao
último trimestre de 2019 (396,0 mil). O emprego, ao contrário, caiu 9,0% nesta
mesma comparação, com o encerramento de 307,0 mil vagas.

A
taxa de subocupação (que inclui desempregados, desalentados e subocupados por
insuficiência de horas trabalhadas) baixou de fato de 24,0% para 20,9% nos dois
últimos trimestres do ano passado, mas continuou muito acima dos 16,8%
atingidos entre outubro e dezembro de 2019.

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