Manifestantes protestam pelo 2º dia contra fechamento em Goiânia
Cerca de 60 pessoas protestaram contra as medidas de contenção contra o novo coronavírus | Foto: Wesley Costa
João Paulo Alexandre
Um grupo de comerciantes se reuniu, na tarde desta terça-feira, no encontro da Avenida Anhanguera com a rodovia BR-153 para protestar contra as medidas implementadas pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) de fechamento dos estabelecimentos tidos como não essenciais. Essa é a segunda manifestação consecutiva ocorrida na Capital nesta semana.
A nova manifestação provocou aglomeração e teve pessoas que portavam cartazes com frases anti às decisões tomadas pelo prefeito de Goiânia. O protesto foi convocado pelas redes sociais do candidato derrotado nas eleições municipais de 2020, Gustavo Gayer (DC). Ele publicou um banner que trazia o convite para a concentração dos comerciantes no local indicado. A postagem tinha o mote “todo o trabalho é essencial!”. Porém, o convite foi excluído da rede social do político horas depois.
A concentração estava agendada para ocorrer às 14 horas, mas desde o meio-dia, equipes de policiais militares e rodoviários federais estavam posicionadas no local. A ideia do grupo era interditar a BR-153, mas o grupo voltou atrás devido ao reforço policial. Com isso, eles fecharam a via de acesso da rodovia com a Avenida Anhanguera. Eles seguiram o modelo de “bloqueio intermitente” que consiste no fechamento da pista por algum tempo e na liberação momentos depois.
A PRF emitiu uma nota sobre o protesto. ”A PRF está monitorando, desde o início da manhã, a movimentação de um grupo de populares e organizadores de um possível bloqueio da BR 153 que estaria sendo planejado para acontecer novamente nesta terça-feira (16), a exemplo da manifestação que interditou a rodovia da tarde de segunda-feira (15).”
Ainda segundo a corporação, “a PRF informa que houve a primeira tentativa do grupo de interditar a rodovia federal. Os policiais conversaram com os manifestantes, expondo os graves riscos e transtornos gerados pelo impedimento da mobilidade de pessoas, bens e serviços, incompatíveis com a legitimidade do manifesto.”
Segundo a PRF, alguns manifestantes colocaram a própia vida em risco já que “o local onde o grupo tentou realizar a movimentação, em cima do viaduto, é de tráfego intenso, em alta velocidade e concentração de veículos de grande porte, com risco para a vida dos próprios manifestantes e de todos que compartilham a via. Alguns participantes se exaltaram, não entraram em acordo e precisaram ser contidos e dispersos.”
Agentes da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) também auxiliaram no local da manifestação. Segundo a pasta, não foram implantados desvios para auxiliar os motoristas.
Mudança de tom
O tom da manifestação foi bem diferente do que foi promovido na última segunda-feira (15), primeiro dia da nova restrição em que determina que os comércios ficarão fechados por 14 dias e, posteriormente, abrirão ininterruptamente por outras duas semanas. Na ocasião, cerca de 500 manifestantes bloquearam a BR-153 nos dois sentidos nas proximidades do Paço Municipal. Com faixas e cartazes, eles também pediram a flexibilização das medidas restritivas.
Iniciado por volta das 09h, a manifestação seguiu durante todo o dia. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a liberação da rodovia chegou a ser negociada com comerciantes e trabalhadores, que seguiram irredutíveis durante a tarde solicitando uma reunião com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz.
O resultado foi um longo congestionamento que se formou: foram cerca de 16 quilômetros de carros enfileirados até a PRF conseguir realizar o desbloqueio total da via. O ato também foi marcado por tensão em alguns momentos. Profissionais da imprensa que cobriam os atos no local foram impedidos de realizar a cobertura e alguns chegaram a sofrer tentativa de agressões, como um fotógrafo do Portal Mais Goiás e do Jornal O Popular e de um repórter da TV Serra Dourada. Todos tiveram que ser escoltados pela política para evitar a violência.
Novo decreto foi decidido devido à lotação nas UTIs
Assinado no sábado (13) pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, e anunciado pelo procurador-geral municipal, Antônio Flávio de Oliveira, o novo decreto altera o documento do dia 27 de fevereiro e traz algumas mudanças, como a volta do sistema drive-thru e a proibição de aulas presenciais durante as duas próximas semanas em Goiânia. Ontem Goiás chegou a 440.870 casos confirmados de Covid-19, sendo 9.807 óbitos. Na Capital, são 121.897casos, com o registro de 3.004mortes. No sábado (13), a taxa de ocupação dos leitos de UTI na rede municipal chegou a 100%.
Entre as novas medidas, está que, a partir de agora, supermercados e congêneres, não se incluindo lojas de conveniência, terão permitidas a venda exclusivamente de alimentos, bebidas, produtos de higiene, saúde e limpeza, ficando expressamente vedado o consumo de gêneros alimentícios e bebidas no local, bem como o acesso simultâneo de mais de uma pessoa da mesma família, exceto nos casos em que necessário acompanhamento especial.
Restaurantes e lanchonetes funcionarão exclusivamente nas modalidades delivery, drive-thru e pegue/leve. Ônibus do transporte coletivo só poderão transitar com todos os passageiros sentados e ferragistas, bem como lojas de material de construção deverão fechar. Já no caso de hotéis, pousadas e correlatos, deverá ser respeitado o limite de 65% da capacidade de acomodação, ficando autorizado o uso de restaurantes exclusivamente para os hóspedes.
Os templos religiosos só poderão oferecer atendimentos individualizados previamente agendados, sendo vedada a realização de missas, cultos, celebrações e reuniões coletivas similares, salvo no caso de celebrações para público não presencial, por meio de transmissão por mídias sociais ou televisivas. Já na educação, escolas e estabelecimentos privados de ensino regular nas etapas infantil, fundamental e médio têm aulas presenciais proibidas.
Segundo o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, ‘chegamos no pior momento da pandemia em nosso País’. “Para salvar a vida de quem amamos, precisamos fazer sacrifícios. É um esforço conjunto nosso com o governo do Estado, municípios da Região Metropolitana, Ministério Público e outras instituições com o objetivo de salvar vidas.”, afirmou. (Especial para O Hoje)