No lado real, massacre e retrocesso. Mas mercados vivem semana de ganhos
Bolsa subiu quase 2,7% ao longo da semana e o dólar desabou praticamente 3,9%,
A semana termina com notícias trágicas para o País que resiste à falta de humanidade e de ética de suas autoridades e pouco animadoras para o lado real da economia – já que os rentistas ganharam novo presente do Banco Central (BC), com mais uma alta dos juros básicos. O massacre na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, com 25 assassinatos, e o discurso de ódio, alimentado desde Brasília, não podem ser dissociados, compondo o mesmo caldo pegajoso de ignorância, preconceito, discriminação e barbárie. Enquanto o País caminha para superar 420 mil mortes desde o começo da pandemia, os mercados ignoram a realidade e reagem como se a normalidade estivesse restaurada. Em seu mundinho de fantasia, a Bolsa subiu quase 2,7% ao longo da semana e o dólar desabou praticamente 3,9%, para R$ 5,23, desconsiderando mesmo os riscos de turbulência associados à “CPI da Covid”, que começa a expor as entranhas do governo e de sua pouca disposição para enfrentar a pandemia.
Depois de confirmar a retração na indústria, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou, na sexta-feira, os números pouco lisonjeiros do comércio varejista. O encolhimento no setor já era esperado, diante da avalanche de casos de contágio e de mortes causadas pelo Sars-CoV-2 e da falta premeditada de medidas de apoio a empresas e às famílias desde o final de 2020. A ausência de “surpresas”, no entanto, não esconde a dimensão da crise, que tende a derrubar o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e deve se agravar ainda em abril, quando os casos de Covid-19 e de mortes atingiram níveis recordes (até o momento) e a vacinação patinava no descaso e inoperância. A capacidade de assegurar taxas crescentes de imunização contra o vírus poderá ser determinante para definir os rumos da economia mais à frente. Uma capacidade que o País, infelizmente, não tem sido capaz de demonstrar ate aqui.
Ladeira abaixo
O volume de vendas do comércio varejista “tradicional”, segundo a pesquisa mensal do IBGE, recuou 0,6% na saída de fevereiro para março em todo o País, com tombo de 5,7% em Goiás na mesma comparação. Os resultados do varejo ampliado, que inclui concessionárias de veículos e motos, lojas de autopeças e de materiais de construção, não foram melhores. Ao contrário. As vendas no segmento baixaram 5,3% no País e 4,1% no Estado, anulando os ganhos registrados em janeiro e fevereiro deste ano. Na verdade, dado o fraco desempenho mais recente das vendas, o varejo atingiu em março deste ano retrocesso de 6,7% em relação a fevereiro do ano passado, antes da pandemia, considerando os números para Goiás – um desempenho bem pior do que a média observada para todo o País, que apresentou recuo de 0,3%. No varejo ampliado, com contribuição principalmente dos materiais para construção, persiste avanço levemente inferior a 1,0% no Estado (também comparando março deste ano a fevereiro de 2020), o que contrasta com a perda de 3,6% acumulada ao longo do período em todo o País.