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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Alta dos preços

Carne de segunda ganha mais espaço no prato dos goianos

Carnes como peito e acém ganharam notoriedade por serem mais baratos e saborosos | Foto: Jota Eurípedes

Postado em 26 de maio de 2021 por João Paulo
Carne de segunda ganha mais espaço no prato dos goianos
Carnes como peito e acém ganharam notoriedade por serem mais baratos e saborosos | Foto: Jota Eurípedes

A disparada dos preços da carne nos último meses obrigou os goianos a mudarem os hábitos de alimentação. Com a crise provocada pela pandemia, o consumo dos cortes nobres deu lugar à peças mais baratas. Para se ter uma ideia, o preço da arroba do boi atingiu R$ 307,50. O impacto é sentido também nos açougues, que adaptaram as compras para atender a um público com poder de compra reduzido e com menos exigência.  Cidades 9

Mesmo após passar mais de um ano, a pandemia do novo coronavírus reflete em mais um costume do brasileiro: o consumo de carne bovina. O preço do alimento disparou nos últimos meses e fez com que o cenário mudasse muito nas mesas do brasileiro. Para se ter uma ideia, o preço da arroba do boi atingiu R$ 307,50 na última terça-feira (25). Com isso, os cortes de carne de segunda ganharam a preferência de muitos brasileiros e goianos.

Paulo da Silva Gomes, açougueiro da Casa de Carnes Boi Por Kilo, destaca que notou um leve crescimento na procura dos clientes nas carnes de segunda, principalmente no acém e peito bovino. Porém, ele explica que não teve dificuldade em controlar o estoque pelo fato de sempre comprar o boi casado, ou seja, a parte dianteira e traseira.

“A venda de gado casado representa a vaca dividida em duas bandas. Dessa forma, eu sempre tive cortes de primeira e de segunda. Tem açougues que trabalham apenas com gado traseiro. Colegas meus que têm casa de carnes, inclusive, que não tinham costume de comprar o gado dianteiro, tiveram que investir devido à alta demanda”, pontua.

Paulo explica que as carnes tidas como as de primeira são aquelas localizadas na parte traseira do animal, e com isso sofrem menos desgaste na movimentação. Elas podem ser o baby beef, maminha, coxão mole, lagarto, contrafilé, patinho, picanha, filé mignon e alcatra. Já as carnes de segunda são conhecidas por serem extraídas de partes que o boi se momenta um pouco mais, possuem mais gorduras ou nervos. Além disso, essas carnes podem ser provenientes de animais mais velhos ou mais magros. Elas são a capa de filé, coxão duro, chuleta, paleta, fraldinha, costela, músculo dianteiro e acém.

Apesar dessa descrição, o proprietário afirma que já tem cortes de segunda tidos como de muita qualidade e que tem sido a preferência de muitos dos seus clientes. “Cortes especiais como prime steak, short rib, assado de tiras, shoulder steak são muito procurados para substituir os cortes de primeira. E os preços compensam mais do que os de primeira”, reforça.

O açougueiro conta que a adaptação do goianiense à alta do preço da carne também se entrelaçou nos miúdos bovinos, como rabada, fígado e mocotó. Ele conta que a procura desse tipo de alimento é específico para pratos de finais de semana e não para refeições diárias.

“A gente não vê eles como uma saída de grande fluxo como as carnes de primeira e de segunda. Mas com a diminuição de abates de bois nos frigoríficos acabou que houve pouca entrega ou cancelamento de pedido desses miúdos por parte dos vendedores. Nós chegamos a ficar três semanas com o estoque comprometido”, afirma.

Adaptação

Assim como boa parte dos comércios, Paulo lembra que os proprietários recorreram às redes sociais como alternativa para chamar os clientes. Assim como investir nos pedidos de delivery, que ganharam cada vez mais adeptos nesta pandemia.

O segurança Juscelino Oliveira, de 31 anos, pontua que a picanha era o corte que mais consumia para fazer o churrasco. Mas viu a necessidade de migrar para o peito bovino após notar que o preço do quilo ultrapassava os R$ 40. “Com isso, eu vi que o peito estava um pouco mais barato e decidi investir”, conta.

Ele afirma que tinha aversão de comprar carne de segunda, mas notou que a suculência da carne estava, muitas vezes, ligada ao modo de preparo. “Por falta de informação, a gente não percebe que uma carne de segunda pode ter o mesmo gosto e maciez de uma carne de primeira. Tudo vai depender da forma que se faz, dos temperos que se utiliza”, pontua. 

Juscelino afirma que, assim como muitos brasileiros, diminuiu o consumo de carne vermelha durante a semana. Com o alimento presente quase todos os dias da semana, ele conta que a necessidade fez com que a presença do acompanhamento bovino fosse reduzido em, no máximo, dois dias da semana. “Nos demais dias, eu compro frango ou carne de porco, que está mais barata nos açougues. A gente tem que se reinventar para não comer apenas arroz e feijão”, alega.

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