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Vazias, livrarias perdem espaços para livros digitais

Os e-books ganharam muitos goianos durante a pandemia por promover uma estante na palma da mão

Postado em 29 de maio de 2021 por João Paulo
Vazias
Os e-books ganharam muitos goianos durante a pandemia por promover uma estante na palma da mão | Foto: Reprodução

Um mercado que recentemente ganhou mais adeptos foi o da leitura. Porém, a forma de consumir os livros mudou e muitas pessoas estão deixando de lado a edição física para poder ter vários exemplares na palma da mão. E isso é possível com o aumento de pessoas que adquiriram livros em PDF ou em dispositivos de leitura de livros digitais.

O Kindle é um desses aparelhos. Desenvolvido pela Amazon, ele consegue armazenar vários livros e dá a liberdade do usuário para ter acesso em qualquer hora e local. Com diferentes versões, o queridinho dos amantes de leituras caiu na graça ao unir praticidade e comodidade em um só lugar.

A psicóloga Gabriela Soares, de 28 anos, destaca que o interesse na aquisição do aparelho surgiu entrelaçado à busca do conhecimento na sua área de formação. Segundo ela, os livros que costuma ler têm mais de 700 páginas. “Eu não consigo levar dois livros desse tamanho dentro da bolsa. Não dá para ficar indo e vindo. O Kindle é algo que você coloca na bolsa e pronto. Além disso, temos uma vasta opção de catálogo em um só lugar. É uma praticidade sem tamanho”, pontua.

Gabriela conta que tem o aparelho há um ano e, além da praticidade, um fator determinante foi a falta de espaço em sua casa para mais livros físicos. “Eu venho de uma família grande onde todos têm ciúmes dos livros. Agora, somando tudo isso, imagina a quantidade de exemplares? Agora com o Kindle não. Eu posso acessar a qualquer momento e em qualquer lugar”, explica.

Mas Gabriela é daquelas que ainda mantém o respeito pelo livro físico. “Antes da pandemia, a gente tinha sessões de autógrafos. Isso era muito bacana. Com o e-book não é possível fazer isso. Eu sou de uma geração que não nasceu na era digital, mas vou estou acompanhando ela. Entretanto, o livro físico me leva nas anotações, nas dicas de professores da faculdade. Por isso, o livro físico nos fisga no campo emocional”, destaca.

Apesar do desabafo, a psicóloga afirma que a leitura abrange um mundo que é limitado em uma história adaptada para o cinema. “Eu amo ler livros de casos reais. Casos como o do goleiro Bruno, do casal Nardoni e Suzane Von Richthofen. Esse último mesmo eu tive uma visão muito ampla sobre cada acontecimento que foi muito bem detalhada em 400 páginas e que jamais vai ser totalmente inserida em duas horas de filme”, aponta.

Paixão

O aparelho também ganhou defensores incondicionais e uma dessas apaixonadas é a gerente de marketing, Isabela Lacerda, de 25 anos. Ela conta que adquiriu o aparelho há cinco anos e o motivo foi o fato de não ter mais que amontoar poeira na sua estante, que atacava diretamente a sua rinite. Mas ela conta que não aceitou o Kindle com tanto amor de maneira imediata.

“Eu não entendia muito bem o que ele era. E pensava o quanto que deveria ser ruim algo que só era voltado para leitura. Nem era um tablet para poder fazer outra coisa. Mas depois que eu peguei, meu Deus, eu me apaixonei. Os leds não dão reflexo, você consegue aproveitar todos os detalhes que lembram o livro físico mesmo. Até na forma de passar as páginas. É muito bom”, pontua.

Isabela pode ganhar título de expert em Kindle. Isso porque ela sabe todos os modelos, até os mais recentes, funcionalidades, como adquirir e até algumas manias que desenvolveu ao ter o aparelho. Tudo isso foi ápice para ela mostrar o amor do seu companheiro de cultura. Esse amor foi expressado em quantidade de livros consumidos através da tela. Só no ano passado, a gerente de marketing leu 69 exemplares. Isso, segundo ela, foi estimulado por uma ferramenta que o aparelho oferece de cronometrar o tempo que a pessoa vai gastar lendo aquele capítulo.

A gerente de marketing explica que o fator econômico também pesou para a escolha do aparelho. “Eu paguei R$ 350 na época. Porém, na Amazon a gente consegue comprar e-books por R$ 7 a R$ 8. Claro que já cometi algumas loucuras. Eu acompanho algumas redes de indicação de livros e teve uma vez que fiquei tão ansiosa que acabei pagando R$ 80 em um livro. Mas, apesar desses preços, acaba saindo mais barato do que um livro físico”, lembra.

A avaliação de Isabela com o Kindle é mais que positiva. Ela pontua que o aparelho conta com espaço de armazenamento bem menores que os celulares, por exemplo. Mas que não está nem perto de saturar a memória do leitor. Além disso, ela destaca que a experiência não perde nada para o livro físico e que a ajudou, inclusive, na familiaridade com outros idiomas.

“Eu jamais imaginaria ler um livro em inglês. Tinha medo e receio de não entender. Agora não. Eu já li vários livros da língua inglesa. Caso tenha dúvida de alguma palavra, é só clicar em cima que ele me apresenta a tradução de maneira imediata. Ou eu também conto com o auxílio do Google Tradutor para períodos maiores.”

Apesar de apresentar lados positivos sobre o assunto, Isabela destaca os pontos negativos do Kindle. Segundo ela, um deles é a pirataria de arquivos, principalmente de livros que ainda não foram traduzidos. Na percepção da gerente, isso acontece pelo fato da leitura ser praticamente imposta com livros e temáticas mais voltadas para um propósito – como o de entrar na faculdade – do que ser mostrado como algo prazeroso.

Apesar de ser uma pessoa amante da leitura virtual, Isabela conta que mantém respeito pelos artigos físicos. Ela conta que vendeu alguns e boa parte deles foi doada para a Biblioteca Municipal de Pirenópolis, sua cidade natal e de sua família. Mas ela confessa que tem um espaço onde guarda algumas obras que não conseguiu se desfazer.

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