Empreendedores a margem da sociedade e da política brasileira
Confira o artigo de opinião, desta sexta-feira (11/06), por Leo Moreira
Mesmo vivendo em um emaranhado de normas técnicas, regulamentações complexas, cenário assombrado por inseguranças jurídicas, conselhos profissionais atuantes, sindicatos impondo suas políticas “pró-trabalhadores” e principalmente, por uma das cargas tributárias mais altas do mundo, o Brasil postula entre as nações com o maior número de empreendedores no cenário mundial.
O que faz o empreendedor brasileiro ser visto como um “ponto” fora da curva em um cenário macroeconômico tão complexo, dispendioso e competitivo?
A resposta poderia ser resumida com um simples “clichê” como “O brasileiro nunca desiste! ”.
Acontece que, o empreendedorismo pode ser percebido como um fruto de duas demandas que estão interligadas de forma direta, por mim aqui definidas como “econômicas” e “sociais”, em razão das políticas públicas serem em “tese” as responsáveis em gerar ambientes propícios para geração de “trabalho e renda”, e obviamente para boas expectativas de resultados, que favoreçam um cenário ideal para o investimento do setor privado.
Dentro da nossa atual realidade e sem muitas delongas, sabemos que o trabalhador brasileiro custa ao empregador uma cifra que beira o absurdo e consequentemente uma remuneração média ao trabalhador, insuficiente para garantir minimamente as condições básicas das famílias. Conclusão: Criam-se duas pontas no aspecto sócio econômico, e claro, cada uma puxando para seu lado.
Em uma leitura lógica e dentro da normalidade, o empreendedor brasileiro tende a ser fomentado pelo fato de muitos dos indivíduos não concordarem com esta posição de “duas pontas” e de forma espontânea despertarem um desejo de garantir condições básicas ou de crescimento profissional de forma autônoma. Ou seja, estamos falando do profissional que possui uma capacidade técnica já consolidada e abre mão da posição de “empregado” para montar seu próprio negócio.
Por outro lado, de uma forma geral, sabemos que a falta de postos formais de trabalho sempre influenciou o indivíduo a empreender, às vezes de forma informal e desorganizada, afinal, no popular “as contas vencem e as barrigas roncam” e cabe a todo provedor de família dar “seus pulos”.
De quem estamos falando? Estamos falando dos milhões de autônomos da informalidade que finalmente foram percebidos pelas autoridades, quando decretado o período de pandemia e foram proibidos de exercer suas atividades. De acordo com os números do IBGE, foram mais de 9,5 milhões de cidadãos que estiveram aptos a receber o auxílio emergencial. O tamanho deste gargalo na nossa sociedade e sobretudo na economia brasileira, só teremos condições de mensurar com exatidão, quando este período passar e aí somarmos os pequenos empreendedores formais que não conseguiram reestabelecer seus sonhos (pequenos negócios). Estamos falando dos “autônomos e empreendedores”, porque os “indivíduos” que necessitaram de auxílio passaram de 65 milhões.
Com a apresentação de um simples dado, dá-se para imaginar o tamanho do buraco que sempre esteve nesta “autovia” chamada Brasil, afinal, como ignorar os vendedores dos produtos diversos que aglomeram nos semáforos? Como ignorar os catadores dos recicláveis? Como ignorar o Sr. “Fulano” (Pedreiro)? Como ignorar Sr. “Ciclano” (Eletricista)? Como ignorar os comércios de rua que lotam desorganizadamente os espaços públicos diariamente em todo e qualquer lugar neste país?
Nunca deixo de lembrar a frase: “Fiquem em casa, a economia a gente vê depois”… e como teria que ser, estes “empreendedores” ficaram em casa e de sobra mostraram para todos os “cantos do mundo” o que há décadas os governantes acreditavam estar “assistindo” e que, só agora conseguiram mensurar.
O auxílio promovido pelo governo não foi e não será suficiente para garantir as mínimas condições de bem-estar social a estes guerreiros do dia a dia, porém, mais do que os programas de empreendedorismo e os mais variados cursos disponibilizados pelo sistema “S”, bem como as inúmeras linhas de créditos com juros mais baixos, e que, cujo o acesso é extremamente burocrático e limitado,estes empreendedores merecem um Brasil unido pelo bem comum e favorável para bons negócios.
O Estado não gera riqueza. Quem gera riqueza e paga impostos é o POVO.