Investimento em infraestrutura impulsiona retomada econômica
Um caminho para a retomada, com redução de custos e maior eficiência
Um programa robusto e corretamente planejado de promoção de investimentos públicos e privados em infraestrutura tenderia a “gerar ganhos de produtividade e economia de custos para todos os setores econômicos, a curto, médio e longo prazo e, simultaneamente, auxiliar na recuperação da economia e do emprego”, sustenta trabalho recentemente desenvolvido pelos economistas Daniel Keller, Igor Rocha, Renato Rosa e Marcelo Marques, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Os efeitos positivos desses investimentos para o conjunto da economia seriam potencialmente mais vigorosos no caso de economias que enfrentam níveis elevados de ociosidade, como a brasileira, o que se comprova pelo desemprego recorde, ao redor de 14,7% no trimestre finalizado em abril deste ano, quando o total de desempregados se aproximou de 14,8 milhões, conforme anotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Em períodos de restrição de demanda agregada (variável que inclui o consumo das famílias, das empresas e governos, mais investimentos), quando os gastos privados se contraem, casos do consumo das famílias e das inversões das empresas, os investimentos públicos ou coordenados pelo Estado são importantes instrumentos de política”, defende o estudo. E acrescenta: “Isso ocorre porque, em um ambiente de elevado desemprego, aumento da capacidade ociosa e incerteza, o início de uma recuperação econômica pode não se dar através dos gastos privados.”
Na verdade, sempre de acordo com trabalho, investimentos públicos e privados são igualmente importantes, mas dependem de coordenação e organização pelo setor público de forma a potencializar seus impactos. Citando autores diversos e a literatura disponível nesta área, Keller, Rocha, Rosa e Marques argumentam que, ao reduzir custos e “gerar transbordamentos tecnológicos, o investimento em infraestrutura eleva a rentabilidade das demais inversões, e até mesmo viabiliza outros investimentos”. Na mesma linha, os autores sustentam que “o Estado tem papel central no desenvolvimento econômico em economias de mercado, pois as inversões públicas em infraestrutura geram estímulo no setor privado, o que leva a um aumento amplo dos investimentos”.
Déficit estrutural
Para enfrentar as distorções geradas pelas dimensões do déficit no investimento, frente às necessidades não atendidas no setor de infraestrutura, acrescentam ainda, será necessária “uma atuação equilibrada e conjunta do setor público e do setor privado na construção de parâmetros regulatórios adequados, na criação de modelos para financiamentos facilitados, nos incentivos às PPPs e no desenvolvimento de projetos e fomento de inversões setoriais mais precisas”. O trabalho menciona estudo específico do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estima ganho de 2,7% para o Produto Interno Bruto (PIB) a cada aumento de 1,0% do PIB no investimento público, com elevação ainda na faixa de 10% para investimentos privados e avanço de 1,2% para o emprego num horizonte de dois anos, no caso de investimentos de alta qualidade. “De acordo com o Fundo, dado o cenário ainda de forte incerteza, é preciso que o investimento público tenha uma ação contracíclica estimulando o investimento privado”, reforçam os autores.
Balanço