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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Pesquisa

Universidade brasileira usa enzima de vagalumes para detectar coronavírus

Ainda em desenvolvimento, o projeto busca unir enzima bioluminescente com uma proteína que se liga ao agente infeccioso.

Postado em 19 de julho de 2021 por Alice Orth
Universidade brasileira usa enzima de vagalumes para detectar coronavírus
Ainda em desenvolvimento

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um teste para detectar anticorpos contra o patógeno causador da Covid-19 em amostras biológicas, utilizando enzimas de vagalumes.

Ainda em desenvolvimento, o projeto busca unir enzima bioluminescente, de um inseto encontrado no campus de Sorocaba da UFSCar, com uma proteína que se liga ao agente infeccioso. O vagalume foi batizado de Amydetes vivianii, em homenagem ao professor Vadim Viviani, que o descobriu e clonou em bactérias o DNA que codifica a luciferase.

“Pegamos nossa luciferase mais brilhante e a acoplamos, por engenharia genética, a uma proteína capaz de se ligar aos anticorpos. Se os anticorpos contra SARS-CoV-2 estiverem presentes na amostra, a ligação ocorrerá e isso poderá ser detectado por meio da emissão de luz”, disse Viviani à Agência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

“Testamos com sucesso o método para diversos anticorpos, que podem ser detectados por técnicas como imunoblotes e Western Blot”, afirmou Viviani. “Nos imunoblotes, amostras de antígeno são imobilizadas em uma superfície. Em seguida tratadas com materiais como o soro sanguíneo do paciente. Se o material contiver o anticorpo, este se liga ao antígeno, formando o complexo antígeno-anticorpo, que é revelado por um anticorpo secundário – em geral marcado com uma proteína que gera um sinal fluorescente ou quimioluminescente. Em nosso estudo, o anticorpo secundário marcado é uma proteína, com alta afinidade por anticorpos, ligada à luciferase, que gera bioluminescência”.

O próximo passo, segundo ele, é saber se a quantidade de anticorpos presentes na amostra, seja de saliva ou esfregaço nasal, é suficiente para desencadear a bioluminescência. Assim, o novo biossensor possa ser utilizado em testagem rápida e não invasiva para covid-19.

“Para levar adiante essa segunda fase da pesquisa, já estamos em tratativas com o pesquisador Heidge Fukumasu, da USP. Outra perspectiva será o emprego de nanotecnologia para desenvolvimento de imunoensaios em colaboração com o grupo de pesquisa da professora Iseli Nantes, da Universidade Federal do ABC [UFABC]”, contou o professor.

“Este estudo é um exemplo de como uma pequena espécie de vagalume pode proporcionar tantos benefícios à sociedade. Um exemplo de como a biodiversidade de nossas florestas e a ciência, ambas tão severamente ameaçadas, podem, juntas, trazer soluções inovadoras e agregar valor econômico e social a um país em desenvolvimento, como o Brasil”, concluiu o pesquisador.

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