Educadores físicos se reinventam na pandemia
Como a visão a respeito dos exercícios e a forma de praticá-los se transformaram; Assim como em outras atividades que exigem contato, os cuidados se multiplicaram
Definido como a falta ou diminuição de atividades físicas, o sedentarismo, considerado a “doença do século”, é amplamente associado ao comportamento cotidiano decorrente dos confortos da vida moderna. O educador físico Paulo Henrique Menezes, que é um dos sócios da academia Big Box Crossfit, conta que sempre escuta a pergunta: “sou sedentário, posso dar início às atividades do Crossfit?”.
Ele explica que, se não houver contraindicações médicas, a resposta é sim. “Quando uma pessoa leva uma vida sedentária o ideal é que comece qualquer tipo de atividade física de forma cautelar, com autorização médica e sob orientação de um profissional”, diz.
A respeito do crossfit, ele conta que há muitos mitos acerca da modalidade. “Precisamos desmistificar toda a história contada na mesa de bar ou em uma conversa com o colega que se machucou, fez uma aula mal direcionada e/ou passou mal na aula experimental”, afirma.
O crossfit é uma modalidade esportiva que, por meio de movimentos variados e realizados em alta intensidade, promove a melhora da capacidade cardiorrespiratória, do condicionamento físico, ganho de massa muscular, e garante mais força, resistência e definição muscular.
Entretanto, é importante que o crossfit seja realizado sob orientação de um profissional devidamente qualificado, pois assim é possível que sejam percebidas as limitações do praticante, evitando movimentações erradas e que possam resultar em lesões. Além disso, como se trata de um exame de alta intensidade, é importante que seja realizada uma avaliação médica antes de iniciar a prática, para que seja avaliado o estado geral de saúde da pessoa e, assim, possa ser verificado se a pessoa está apta ou não para praticar o crossfit.
Em meio às mudanças impostas pela pandemia de Covid-19, a prática de exercícios físicos também se tornou alvo de adaptações. Ao mesmo tempo em que as academias baixavam as portas, no início do período, se destacava a importância de manter o corpo em movimento para, consequentemente, mantê-lo o mais saudável possível, evitando que uma possível contaminação pela Covid-19 evoluísse para um quadro grave.
A educadora física Vanessa Pelegrini, que trabalha com aulas de musculação, ioga e treinamento funcional, destaca que o Covid tem uma relação muito forte com as comorbidades, ou seja, as doenças crônico-degenerativas, e que, nesse contexto, se destaca a importância da atividade física. “A principal forma de você prevenir e tratar essas doenças crônicas é alimentação saudável, exercício regular e sono reparador”, ela explica.
Segundo Vanessa, um dos impactos causados pela pandemia de coronavírus foi a mudança do olhar sobre a atividade física e também sobre os educadores físicos. “As pessoas não viam tanto os efeitos positivos do exercício físico na saúde, mas sim na estética, e eu acho que isso mudou”, ela opina.
A respeito da importância dos exercícios físicos, tanto no contexto da pandemia de coronavírus quanto fora dele, a prática tem benefícios tanto para a saúde física quanto para a mental. Paulo Henrique explica que a atividade física ajuda no combate do sobrepeso e da obesidade, melhora os níveis de ansiedade e a qualidade do sono, fatores importantes para uma boa saúde.
No aspecto da saúde mental, Vanessa destaca que, durante a prática de exercício físico, são liberados hormônios, neurotransmissores, que trazem a sensação de bem estar e ajudam a regular problemas como a depressão e sintomas da ansiedade.
Vanessa relata que, no começo da pandemia, buscou se adaptar no primeiro momento, e hoje mantém algumas das práticas que implantou no início do período. “Eu logo adaptei as minhas aulas de personal pro online, e fazia também aulas gratuitas via live do instagram, e atualmente eu continuo com a turma de aulas online coletivas”, conta.
Além das aulas via internet, uma vez que os decretos permitiram o retorno das atividades presenciais em academias, a educadora passou a atender os alunos em espaços abertos, como praças e, atualmente, em um espaço privado cedido por um de seus alunos. “As adaptações que eu fiz foram as aulas coletivas online e sair do espaço fechado da academia e trabalhar num espaço ao ar livre”, ela explica.
Nas aulas presenciais, as orientações pedem que os alunos façam uso de máscara, não revezem materiais e aparelhos, e mantenham distância mínima de 2m entre os alunos. De forma semelhante, Paulo Henrique destaca a importância da higiene das mãos e dos equipamentos utilizados, garrafa de água individual e manter o distanciamento adequado.
“Não podemos esquecer que continuaremos convivendo com a Covid-19, suscetível à fácil contaminação, então, o uso de máscaras durante a atividade física, seja em ambiente fechado ou ao ar livre, é fundamental”, ele complementa.