Após o prefeito de Catalão, Adib Elias, anunciar que deixará o Podemos, o deputado federal José Nelto entrou em cena para tentar reverter a situação. Os dois terão uma conversa definitiva na próxima terça-feira (17/08).

Presidente estadual do Podemos em Goiás, José Nelto garantiu à reportagem do O Hoje que tem uma boa relação com o prefeito de Catalão. Segundo ele, a decisão de Adib Elias não é definitiva e há possibilidade de ser revertida.

Vale lembrar que os dois já foram colegas de partido no MDB, tendo, inclusive, liderado um movimento de emedebistas em apoio ao governador Ronaldo Caiado (DEM) nas eleições de 2018.

Uma fonte ligada a Adib Elias diz que a insegurança do prefeito de Catalão é em razão da recente investida do deputado federal Professor Alcides (PP) para assumir o comando do Podemos em Goiás.

Professor Alcides teria articulado junto à direção nacional do partido por meio de Felipe Cortez, secretário de Relações Institucionais de Aparecida de Goiânia e presidente do diretório metropolitano do Podemos.

Essa articulação passa também pela disputa ao Governo de Goiás em 2022. Prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, caso não consiga se viabilizar como candidato do MDB, pode se filiar ao Podemos com apoio de seu secretário municipal e de Professor Alcides, que tem base na cidade.

A mesma fonte ligada a Adib Elias também diz que, nessas circunstâncias, “fica difícil formar um grupo dentro de um partido instável que pode mudar de mãos”. Nas eleições municipais do ano passado, o Podemos elegeu 14 prefeitos em Goiás, sendo Catalão a cidade mais importante.

Nos bastidores, a avaliação é de que Professor Alcides perdeu fôlego devido à recente decisão, em primeira instância, do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TREGO) de cassar seu mandato de deputado federal por captação e gastos ilícitos de recursos para fins eleitorais durante a campanha de 2018.

A defesa de Professor Alcides já anunciou que vai recorrer da decisão e a tendência é que a cassação seja revertida nas instâncias superiores. De qualquer forma, trata-se de um ruído que pode interferir nas suas conversas com o Podemos. Em um outro cenário, o parlamentar chegaria com mais força.

Procurada pela reportagem, a assessoria de Renata Abreu, deputada federal por São Paulo e presidente nacional do Podemos, disse que ela está “muito ocupada” com a relatoria da reforma política na Câmara dos Deputados e não respondeu até o fechamento desta edição.

A reportagem do O Hoje também entrou em contato com Adib Elias. O prefeito de Catalão afirmou que não dará entrevistas até terça-feira para evitar “falar o que não pode”.

Alternativa

Se Adib Elias de fato não permanecer no Podemos e Professor Alcides conseguir o comando do partido em Goiás, especula-se a possibilidade de um caminho alternativo tanto para José Nelto quanto para o prefeito de Catalão.

O destino mais cotado para ambos seria o Progressistas, presidido em Goiás por Alexandre Baldy, que busca se consolidar como candidato ao Senado no ano que vem.

José Nelto confirmou à reportagem que recebeu um convite do Progressistas, mas disse também que já foi convidado por outros partidos, como PSL, PL e PDT. “É algo normal”, afirmou.

Confiante de que a situação do partido em Goiás se resolverá, o presidente estadual do Podemos comentou, ainda, sobre os cenários políticos de 2022. De acordo com José Nelto, a expectativa é eleger dois deputados federais em Goiás.

No ano que vem, a previsão é de que o Podemos tenha direito a R$ 218,81 milhões de recursos do fundo eleitoral. “Ainda não está resolvido” quanto será destinado para Goiás, segundo José Nelto.

undo José Nelto. Com a possível volta das coligações partidárias, o deputado federal disse que deverão ser formadas duas grandes chapas em Goiás, uma de situação e outra de oposição, e que o Podemos tende a caminhar ao lado do DEM de Ronaldo Caiado, independentemente de quem o governador apoiará para presidente.

No plano nacional, José Nelto diz ser favorável a uma terceira via contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT). “Não sou nem petista, nem bolsonarista. Sou realista.” Para ele, o nome ideal seria o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, atualmente filiado ao DEM, mas que deve migrar para o PSD. (Especial para O Hoje)