Waldir e Vitor Hugo selam a paz e garantem redesenho para 2022
Caso Vitor Hugo venha, de fato, à disputa em 2022, Waldir seria um aliado que o federal gostaria de abarcar em sua base. No entanto, esse horizonte parece estar repleto de entraves
As lideranças confirmaram com exclusividade ao jornal O Hoje que se acertaram durante encontro na última semana, em Brasília. Nos bastidores, os rumores já começaram e dão conta de que a pacificação pode resultar, inclusive, em um redesenho do cenário político em 2022.
Por óbvio, — e especialmente agora, com clima amistoso —, caso Vitor Hugo venha à disputa em 2022, Waldir seria um aliado que o federal gostaria de abarcar em sua base. No entanto, esse horizonte parece estar repleto de entraves.
O principal deles diz respeito ao estreito alinhamento de Vitor Hugo e o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), com quem Waldir não coaduna. Evidentemente, Vitor Hugo não disputaria o governo de Goiás, como cogita, sem o apoio do presidente que tende, inclusive, a se filiar ao PP muito em breve — nos bastidores, a conversa é de que as negociações estão avançadas.
Se a filiação acontecer, estima-se que Bolsonaro arraste consigo aproximadamente 30 parlamentares do PSL desidratando, consequentemente, a sigla no cenário nacional. Dado o alinhamento, é esperado que Vitor Hugo alce voo juntamente com o presidente.
Caso o partido escolhido seja, de fato, o PP, a vaga na corrida pelo Senado já está assegurada ao presidente estadual da sigla, Alexandre Baldy, o que minimiza radicalmente a probabilidade de participação de Waldir nessa composição.
Sendo Vitor Hugo o candidato do presidente em Goiás, Waldir dificilmente deverá apoiá-lo. Primeiro pelo descompasso com o chefe do Executivo, depois por pleitear uma chapa robusta visando pavimentar sua chegada ao Senado.
Fato é que o cenário ainda é obscuro e as articulações podem levar o barco para outro rumo. Tanto que, conforme mostrado pela reportagem do O Hoje, Waldir não esconde o bom relacionamento e, inclusive, a manutenção de um diálogo constante com lideranças do MDB, atualmente dividido entre seu presidente estadual, Daniel Vilela, e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha.
De volta para o futuro
Em entrevista ao jornal O Hoje, o presidente do PSL em Goiás comentou a reaproximação com o colega de sigla: “Eu, com meus cabelos já grisalhos, não poderia abrir mão do bom relacionamento com todos. Temos ainda uma diferença partidária em razão do que aconteceu no passado. Porém, não temos mais nada um contra o outro”, disse o deputado federal Delegado Waldir.
Sobre o encontro da última semana, o parlamentar destacou que ambos tiveram um “bom bate papo”. Em seguida, justificou a reaproximação com base em um tema completamente avesso às eleições do ano que vem. “Eu estava com dificuldades para liberação de algumas emendas junto ao Governo Federal e o Vitor Hugo, hoje, é o nosso líder. Precisamos, portanto, dialogar. Ele se comprometeu a me ajudar com essa liberação e diante disso resolvemos por fim a esse sentimento que tivemos lá atrás”.
Depois, voltou a reafirmar: “É algo muito bom para mim e para ele. Todos ganham com isso. Temos o mesmo perfil, somos de direita, conservadores, defensores da família, portanto, ele pode me ajudar e eu poderei ajudá-lo. Não poderíamos continuar um contra o outro”.
Questionado sobre a possibilidade da reaproximação ter sido pautada por interesses eleitorais, o parlamentar gargalhou e em seguida acrescentou ainda ser “muito cedo”. “Ele tem pretensão de ser candidato a governador. Existe, de fato, a possibilidade do governo lançar um candidato em Goiás, tudo é possível. Eu diria que estamos iniciando um diálogo. As portas estão abertas”.
A reportagem também buscou o deputado Vitor Hugo que, por sua vez, justificou a trégua com base na busca por um bom relacionamento entre ambas as partes. “Fazemos parte do mesmo partido e tendo em vista a boa convivência no Parlamento e até dentro da bancada goiana é que tivemos essa conversa. Eu diria que estamos numa espécie de ‘paquera’, conversando”.
Sobre o apoio na liberação de emendas, considerou: “Esse é um trabalho que envolve a relação dele com o Governo. Mas o que puder fazer para ajudar o Estado, farei. O parlamentar também foi questionado sobre as articulações para a disputa do ano que vem. Sobre o assunto, Vitor Hugo considerou que as cartas ainda estão sobre a mesa e que o fato do presidente Jair Bolsonaro ainda não ter escolhido partido deixa o cenário completamente “aberto”.
Expectador
O presidente metropolitano do partido, vereador Lucas Kitão, destacou que a reaproximação das lideranças é sinônimo de “ganha ganha”. “Seria muito ruim para o Vitor Hugo manter um atrito com o presidente estadual da sigla, ao passo em que seria ruim para o Waldir alimentar esse descompasso com alguém tão influente junto ao governo Bolsonaro”.
Eleitoralmente falando, no entanto, o parlamentar avalia que o fim da inimizade não significa necessariamente um eventual apoio mútuo nas eleições do ano que vem. “O Waldir tende a se debruçar em busca de uma chapa mais robusta. Dependendo das filiações que virão pela frente [do presidente e seus aliados], uma composição entre ambos ficaria complicada. Mas o cenário ainda é prematuro. Resta aguardar”.