Com aliança entre Caiado e Daniel, esquenta a briga pelo Senado
MDB caminha para ficar com a vice na chapa do atual governador, enquanto pelo menos outros quatro partidos disputam a vaga do Senado
Se as eleições fossem amanhã, é praticamente certo que o governador Ronaldo Caiado (DEM) buscaria a reeleição com Daniel Vilela (MDB) como vice, mas, na política, as alianças podem mudar do dia para a noite, ou até mesmo do café da manhã para o almoço.
Não se sabe se Caiado e Daniel chegarão, de fato, como aliados em 2022 – quem disser que sabe, está praticando futurologia. No momento, contudo, falta pouco para os dois anunciarem publicamente a união, que, nos bastidores, já é realidade.
Com isso, as discussões políticas dos próximos meses devem se concentrar na vaga do Senado restante na chapa de Caiado. Atualmente, há pelo menos quatro partidos que a disputam.
Cenários
Ex-ministro das Cidades, Alexandre Baldy (Progressistas) é o que está com as articulações mais avançadas. A saída da Secretaria de Cultura de Adriano Baldy, seu irmão, já está sendo aos poucos superada.
O deputado federal João Campos (Republicanos), que não abre mão de sua candidatura a senador, também está de olho na vaga. Aliás, seu partido, em Goiás, está cada vez mais próximo de Caiado.
Henrique Meirelles, recém-filiado ao PSD, se porta como pré-candidato ao Senado e busca consolidar seu nome em território goiano, apesar de também cogitar voos nacionais. Seu colega de partido, o senador Vanderlan Cardoso promete lealdade a Caiado em 2022.
Por sua vez, o deputado federal Delegado Waldir (PSL), que não esconde de ninguém o desejo de ser senador, ensaia uma reaproximação com o governador a fim de colocar seu nome na corrida pelo espaço na chapa majoritária.
Também vale mencionar o senador Luiz Carlos do Carmo (MDB), ex-suplente de Caiado. Com mandato, é natural que queira a reeleição, mas talvez uma disputa a deputado federal seja mais viável, já que o MDB não ficaria com as duas vagas da chapa majoritária.
Costuma-se dizer que é o governador eleito quem faz o senador. Em Goiás, desde 1982, ano da primeira eleição estadual com voto direto na história recente do Brasil, isso só não foi verdade em 1998, 2014 e 2018.
Em todos os outros anos, os senadores eleitos eram aliados do candidato vitorioso na disputa pelo governo. Mesmo com o desgaste de Caiado na pandemia de Covid-19, especialmente junto aos eleitores da base do presidente Jair Bolsonaro, ele segue como favorito. Por isso, a vaga de senador em sua chapa está tão disputada.
Nacional
As articulações em Goiás passam necessariamente pela esfera nacional. Em outras palavras, por quem Caiado apoiará na eleição para presidente – ou se ficará neutro no primeiro turno.
O recente almoço promovido pelo prefeito de Anápolis, Roberto Naves (Progressistas), um aliado de primeira hora do governador, é prova disso.
No encontro, estiveram presentes, além de Baldy e do próprio Caiado, os principais membros da cúpula nacional do Progressistas, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, dois aliados de Bolsonaro.
O sinal que o Progressistas, e principalmente Baldy, quis passar a Caiado é o de que o partido tem condições de aproximá-lo do governo federal, a principal fonte de recursos financeiros para o governo estadual.
Quem também pensa nessa relação é João Campos, cujo partido, o Republicanos, está no comando do Ministério da Cidadania, além de ter importantes cargos de segundo escalão, como a Secretaria de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Se Caiado decidir apoiar Bolsonaro já no primeiro turno, Baldy e João Campos, portanto, saem na frente. Porém, segundo fontes ligadas ao governador, ele estaria sendo aconselhado a se manter neutro ou apoiar uma terceira via.
Nesse caso, Henrique Meirelles poderia ser a melhor saída, haja vista que o PSD está em busca da filiação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), para lançá-lo como candidato da terceira via à Presidência da República.
Já Delegado Waldir, outrora o nome de Bolsonaro em Goiás, não deve ter o mesmo prestígio em 2022. As alianças do PSL a nível nacional ainda estão indefinidas – pode tanto voltar a apoiar o presidente quanto buscar se unir a outros partidos com a terceira via em mente.
2018
Vale lembrar que, em 2018, Caiado foi o único candidato a governador a se manter neutro durante todo o primeiro turno. Só apoiou Bolsonaro no segundo turno contra o PT de Fernando Haddad. E a estratégia deu certo.
Nacionalmente, o Democratas caminhou ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB), mas, devido às disputas regionais em Goiás, Caiado não poderia se aliar aos tucanos e também não declarou voto em Álvaro Dias (Podemos), seu ex-colega de Senado.
Resta saber se, em 2022, Bolsonaro lançará um candidato a governador de Goiás para ter palanque próprio ou concentrará sua campanha em Goiás no deputado federal Vitor Hugo (PSL), que deve ser reeleito sem muitas dificuldades.