Negros têm o dobro de chance de serem assassinados no Brasil, diz Atlas da Violência
Segundo dados, grupo representa 77% das vítimas de homicídios no Brasil.
Segundo estudo do Atlas da Violência, a chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes maior que as pessoas não negras. A taxa de homicídio de negros no país em 2019 foi de 29,2 a cada 100 mil habitantes. Enquanto a soma dos brancos, amarelos e indígenas foi de 11,2.
O estudo é feito com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), e do Sistema de Agravos de Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde. Os dados apontam, também, que a taxa geral de homicídio por 100 mil habitantes em 2019 foi de 21,7.
De acordo com os dados do Atlas, os negros representam 77% das vítimas de homicídio no Brasil. A prevalência é um dado frequente nos índices de violência no Brasil.
“A desigualdade racial se perpetua nos indicadores sociais da violência ao longo do tempo e parece não dar sinais de melhora, mesmo quando os números mais gerais apresentam queda. Os números deste Atlas, mais uma vez, comprovam essa realidade”, diz o estudo.
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e coordenadora do Atlas, Samira Bueno, diz que há dois “Brasis”. “Mais do que persistir, o fato é que o Atlas mostra que essa desigualdade racial se acentua ao longo da última década. Então, além de a gente ter, historicamente, negros mortos em função de homicídios, e essa taxa de mortalidade ser muito maior do que entre não negros, o fato é que a gente tem dois Brasil: o Brasil em que brancos, amarelos vivem e a taxa de homicídios é de 11 por grupo de 100 mil habitantes, e o Brasil em que negros habitam e a taxa é de 29 por 100 mil habitantes. Então, é essa distância brutal e isso vem se acentuando nos últimos anos”, diz Samira.
O estudo aponta, no recorte por gênero, que mulheres negras também são maioria das vítimas assassinadas no Brasil. Em 2019, mulheres negras representam 66% das vítimas de feminicídio no país. Por 100 mil habitantes, a taxa de mortalidade destas mulheres foi de 4,1, enquanto de mulheres não negras foi de 2,5.