Bolsonaristas ameaçam invadir acampamento indígena em Brasília
Homens armados chegaram durante a madrugada e tentaram intimidar os povos acampados; delegações temem pela segurança dos indígenas
Defensores no presidente Jair Bolsonaro tentaram invadir, na madrugada desta terça-feira (07/09), o acampamento indígena Luta pela vida, instalado na capital federal. Por volta das 3h, cerca de 10 manifestantes pró governo provocaram e mostraram armas aos indígenas que faziam a segurança do local. Conforme informações do Correio Braziliense, o clima no acampamento é de tensão.
Anderson, do povo Krenak de Minas Gerais (MG), conta que estava na ronda noturna quando os homens chegaram. “Vieram pelo banheiro. Eles fizeram questão de mostrar armas e defenderam muito o Bolsonaro. Não temos apoio da polícia, somos só nós. Mas não vamos ficar de braços cruzados se vierem de novo”, afirmou.
Arlene, da etnia Aikana Kwaza de Rondônia (RO), teme por sua segurança e de seu povo. “A gente estava seguro, mas não sabemos como vai ser daqui para a frente. Hoje de manhã teve uma provocação ali e os parentes foram de frente. Os bolsonaristas vão de frente mas a gente não recua. Se eles tentarem invadir, nós não vamos recuar”, disse.
O segurança do acampamento, Pablo, do povo Puri do Amazonas (AM), disse que a madrugada foi intensa. “Passaram o tempo zoando. Eu acho que vieram testar, ver como a gente está. Vieram ver se aqui tem o ‘bando de cachaceiro e vagabundos’ como disse o Mourão. Os caras aqui já estavam em ponto de ataque”, conta.
Por todas as barracas, o sentimento de revolta se mistura à insegurança. “A gente está aqui sem poder fazer nada. Eles passam, nos xingam. Estamos revoltados”, disse uma indígena que preferiu não se identificar.
Adesão a movimentos políticos
Os indígenas mencionaram ainda a possibilidade de não aderirem à manifestação do Grito dos Excluídos nesta terça-feira (07), com concentração marcada na Torre de TV, próximo ao acampamento.
“Estão querendo nos atrelar aos movimentos políticos. Nós não estamos aqui para fazer politicagem, estamos aqui para reivindicar um direito nosso”, afirmaram as indígenas do povo Aikana Kwaza.
No entanto, segundo Giovani Krenak, a decisão ainda será confirmada. “Hoje teremos reuniões para definir se vamos participar [do Grito dos Excluídos]. Porém, quem quiser ir, não será impedido”, afirma um dos líderes do povo do interior de Minas.