Eu gostaria que o álbum do Drake fosse minha ex, assim eu já teria a esquecido
Certified Lover Boy é longo, até demais para 21 músicas, e impossível de se ouvir de uma só vez.
Foram duas semanas de tentativas. Quatorze dias começando o sexto álbum de Drake, um dos maiores rappers de sua geração, porém, devido sua falta de qualidade o ego empregado em seu trabalho, foram quatorze dias de luta.
Aqui, Drake não tem vergonha ou medo de falar o que quer, o que deveria ser algo bom, entretanto, em sua essência, o álbum não floresce. Em sua abertura, intitulada “Champagne Poetry”, o rapper faz uma espécie de autoagredecimento e engrandecimento exacerbado. Drake tira proveito de sua fama, alcançada principalmente com seu melhor álbum “Scorpion”, que comparado a este se torna uma obra prima da música, mas sua batida alta e confusa, chegando a tornar a voz de quem a canta irrelevante, inicia o primeiro fiasco de um disco repleto deles.
As únicas quebras de consistência no álbum estão na segunda e terceira música, “Papi’s Home” e “Girls Want Girls” que com batidas que remetem ao início do sucesso do rapper conseguem fazer um bom trabalho. Mas após essas músicas, o álbum volta a se tornar uma bagunça onde é impossível se tirar um prazer mínimo ao ouvir as músicas.
Repleto de colaborações, muitas delas que passam despercebidas mesmo com o peso dos nomes, o álbum inicia uma série de repetições de músicas antigas. Apenas um terço das músicas não possuem parceiros nos vocais, o que torna algumas agradáveis, mas não por mérito de quem tem o nome na capa do álbum.
Drake tentou aqui fazer algo novo, e conseguiu. A mediocridade empenhada não pode ser feita sem que se tente fazer isso. Gostaria de falar por várias páginas sobre esse álbum, mas não conseguiria, pois, todas minhas tentativas de realmente gostar dele foram frustradas. O título dessa matéria remete literalmente ao sentimento que tenho em relação as 21 músicas escritas, produzidas e lançadas no disco, esquecíveis.
Quando falo de Drake eu gosto de citar minha amiga Lorena Silveira. Lorena é a maior fã do artista que conheço, e ao descobrir que eu havia terminado de ouvir o álbum e que decidiria escrever sobre ele a reação dela foi “Você é um guerreiro”. E realmente acredito nisso agora.
Em 2018, o rapper conseguiu fazer história ao lançar “Scorpion”, que querendo ou não é um dos meus álbuns favoritos dos últimos anos. Isso, para mim, torna inacreditável acreditar que alguém capaz de escrever 25 músicas incríveis em um disco perdeu todo seu talento como compositor e realmente acreditou que lançar esse trabalho seria algo bom e que orgulhasse seus fãs.
Com colaboração de Lorena Silveira.