Em dez anos, desmatamento na Amazônia atinge maior área para o mês de agosto
Dados do Imazon apontam destruição de 1.606 km², equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte
O desmatamento da Amazônia atingiu uma área de 1.606 km² em agosto, equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e é o maior índice para o mês em dez anos.
O levantamento aponta que a área de floresta destruída em agosto deste ano é 7% superior ao índice registrado no mesmo mês no ano passado. O desmatamento acumulado desde janeiro é também o pior da década, representando uma área de 7.715 km², 48% superior ao mesmo período de 2020. De acordo com informações do Imazon, os meses de março, abril, maio e julho também tiveram a maior área desmatada no período, indicando que medidas tomadas para combater a derrubada não abaixaram o ritmo do dano ambiental.
O Pará ainda é o estado que mais desmata a Amazônia, posição que ocupa desde maio, com 638 km² de área destruída em agosto, representando cerca de 40% de toda a devastação da Amazônia Legal e é maior que São Luís, segundo a Imazon. O estado também concentrou seis de dez unidades de conservação do ranking das que mais desmataram e metade dos municípios, terras indígenas e assentamentos. Já o estado do Amazonas segue pelo quarto mês consecutivo ocupando a segunda posição que mais desmata no bioma, sendo 412 km² de floresta destruída em agosto, 26% do total.
Entretanto, no ranking dos municípios, duas cidades do sul amazonense ficaram nos primeiros lugares entre as maiores desmatadoras: Lábrea e do Boca do Acre. Ambas somaram 185 km² de destruição no mês de agosto. A pesquisadora do instituto, Larissa Amorim, afirma que os dados são reflexo da intensificação do avanço da fronteira do desmatamento no sul do estado.
Pela primeira vez, o Acre foi o terceiro estado com maior índice de destruição da Amazônia, com 236 km² de floresta desmatados em agosto, o que representa 15% do total. A maioria do desmatamento do bioma em agosto ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. Já o resto do desmate, foi registrado em assentamentos, 26%, unidades de conservação, 9%, e áreas indígenas, 3%.
Segundo Antônio Fonseca, pesquisador da Imazon, para evitar que o ano feche com a maior área desmatada da década é preciso que ações mais efetivas sejam adotadas urgentemente. O pesquisador usou como exemplo de medidas efetivas o aumento do embargo de terras já desmatadas ilegalmente e intensificar operações de fiscalização, com a devida punição aos desmatadores.
Além disso, Fonseca avaliou ser necessário destinar terras públicas que ainda não tiveram seu uso definido para criação de novas áreas protegidas, como unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas. Também é necessário que projetos de lei que ‘flexibilizam regras para regularização fundiária, retiram direitos dos povos indígenas e reduzem áreas protegidas’ sejam barrados.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do sistema Deter, publicado no início do mês, apontaram índices diferentes de destruição em agosto. Nesta pesquisa, foi registrada uma área de 918 km² sob alerta de desmatamento na Amazônia durante o mês, queda de cerca de 32% em relação ao mesmo período no ano passado.
Conforme dados do Inpe, o acumulado de janeiro a agosto, uma área de 6.026 km² foi desmatada na Amazônia Legal. Os sistemas Deter e SAD, apesar de gerarem alertas mensais de desmatamento, utilizam metodologias diferentes.