Entenda por que Anápolis poderá ficar sem médicos no próximo dia 15
Sindicato reinvindica melhores condições de trabalho e melhoria de salários
Cerca de 250 médicos dos hospitais públicos de Anápolis devem entrar em paralisação no próximo dia 15. De acordo com o comunicado divulgado pelo Sindicato dos Médicos de Anápolis (Simea), a greve inclui concursados, credenciados e médicos do Estado que atuam na cidade.
O Sindicato alega que, apesar de inúmeras tentativas de abrir um canal de comunicação com o prefeito Roberto Naves e com o secretário de Saúde, a categoria médica não obteve sucesso. “A última tentativa aconteceu no dia 16/09, quando foi entregue em mãos um ofício com reinvindicações para secretário de Saúde Julio César Espindola, além do encaminhamento ao prefeito de igual correspondência. O secretário se comprometeu a responder antes do dia 27/09, porém não o fez”, diz.
Foram destacadas 21 reivindicações não atendidas. As principais irregularidades promovidas pelo Executivo Municipal, que induziram o movimento paredista pela categoria são a não convocação dos médicos aprovados em concurso, dando prioridade para contratação via credenciamento; salários defasados – o salário do médico concursado atual é praticamente a metade do valor pago para um médico credenciado.
Além disso, o Simea destaca a retirada da gratificação concedida em 2017 para amenizar o problema do salário na época, com redução da remuneração em média de R$ 2 mil; e a perseguição dos concursados, proibindo o atendimento do profissional na unidade que trabalha, não disponibilização de plantões extras para os concursados, sendo aberto somente para os credenciados e suspensão dos deferimentos de pedidos de férias e licenças de saúde, prêmio e por interesse particular.
Condições precárias
No documento, assinado pelo Simea, a pasta alega falta de condições de trabalhos, destacando que praticamente todas as unidades de saúde do município não possuem Alvará da Vigilância Sanitária, não atendem o disposto na NR 17 (ergonomia), NR 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde).
“Tem consultórios sem pia para lavar as mãos entre os procedimentos, consultório ginecológico sem banheiro (com situação constrangedora para a paciente), consultórios sem porta com a privacidade comprometida e falta de segurança, expondo o profissional a riscos desnecessários, falta de aparelhos de ar-condicionado, entre outras irregularidades”, diz a nota.
Também alerta para a falta de fornecimento de EPI aos profissionais. “Devido aos baixos salários e péssimas condições de trabalho, várias escalas de plantões estão incompletas, levando a sobrecarga de serviço no local e em outros estabelecimentos de saúde. Falta de manutenção preventiva nas unidades, tais como lâmpadas queimadas por meses, vazamentos de água nos banheiros por semanas que leva aumento significativo do gasto de água, falta de dedetização, etc”.
Diálogo
Por meio de nota, a SMS de Anápolis afirma que a cidade se destacou nacionalmente com as ações de combate à Covid-19 e que os efeitos da pós-pandemia começaram a ser enfrentados. “Respeitamos as manifestações dos médicos, mas cabe destacar que uma possível greve soa distante da ideia de união e bom senso para este momento”, afirma. “Neste momento, em que estamos vencendo este desafio e começamos a enfrentar os efeitos da pós-pandemia, esta união de todos pelo bem da nossa cidade passa a ser ainda mais importante”.
De acordo com a pasta, Anápolis foi uma das poucas cidades no Brasil a municipalizar o atendimento de alta complexidade. “Reconhecemos a necessidade de promover melhorias e já estamos em fase de execução de um extenso plano para atender este objetivo. Acreditamos que o diálogo irá sempre prevalecer sobre quaisquer outros interesses”, informa a nota assinada pelo secretário de Saúde, Júlio César Espindola. (Especial para O Hoje)