Além de gerar renda lettering também surge como atividade para aliviar a tensão
Desenhar letras e palavras conquistou adeptos mundo afora e passou de um simples hobbie para uma profissão da atualidade que ajuda, até mesmo, como atividade terapêutica
O lettering, também conhecido como a arte de desenhar letras, é uma profissão que tem ganhado, aos poucos, espaço no Brasil e nas redes sociais. Paredes, canecas, quadros, papéis e o que a imaginação mandar vira tela para essa arte. Os artistas se reinventam e soltam sua imaginação, deixando fluir ainda mais a criatividade.
Apesar de estar deixando de ser apenas um hobbie e se tornando uma profissão do presente, a arte ainda não é valorizada, assim como diversas profissões que são expressadas de forma artística. Muitos profissionais encontram uma certa dificuldade para fecharem negócios, encontrarem materiais apropriados, além de serem criticados pelos preços das obras.
A goiana e jornalista, Isabela Lacerda, saiu do trabalho no ramo de marketing para poder tornar o que antes era um hobbie em um negócio. “Eu comecei jornalismo porque eu gostava de escrever. Hoje eu trabalho com lettering porque minha paixão por palavras cresceu tanto que agora eu as desenho”, disse Isabela.
Tudo começou com um simples presente de aniversário para uma amiga. Então Isabela transformou o seu Instagram pessoal em comercial e começou produzir conteúdo frequentemente, interagir e criar o próprio engajamento. Com quase 10 mil seguidores nas redes sociais, Isabela ensina e dá dicas sobre a vida criativa, além de mostrar um pouco da sua vida pessoal para seus seguidores.
A artista de lettering conta que o começo foi muito frustrante, por ser muito crua na técnica, ter aquela vontade de fazer e não sair da forma que planejava em sua mente. A jovem disse que isso se torna algo desanimador, mas explica que para melhorar, é necessário praticar e aperfeiçoar todos os dias e estudar. Ela ainda brinca que não se chega na escola, no jardim e já aprende logo de cara a escrever e a fazer cálculos matemáticos.
Uma das maiores inspirações brasileiras para quem está começando a se aventurar no lettering é a arquiteta Marina Viabone. A artista largou a sua carreira em 2015 para poder se dedicar e viver somente do lettering. Começou por hobbie, mexendo na internet, vendo vídeos e indo ainda mais fundo e hoje já trabalhou com diversas marcas conhecidas pelo público como Starbucks, Posca, Bic, Zaxy, Cícero Papelaria e muitas outras.
A adaptação não foi algo que aconteceu logo no começo, já que ela apresentou dificuldades para encontrar o próprio estilo e identidade, de forma que as pessoas bateriam o olho na arte e reconhecerem que foi ela quem fez. “É muito gostoso trabalhar com algo gostoso, mas ao mesmo tempo é muito cansativo porque, às vezes, a minha vida pessoal se mistura com o trabalho (…)”, afirmou a profissional. Ela conta que várias vezes passou pela sua cabeça em desistir, chegando a se perguntar se havia tomado a decisão certa ou se não seria uma moda que passaria e não conseguisse se manter financeiramente.
Atualmente, Marina possui mais de 280 mil seguidores nas redes sociais, onde compartilha suas artes, ensina todo o processo criativo e o alfabeto – tanto com a caneta pincel quanto o faux calligraphy – e testando materiais.
Não existe idade nem momento para se aventurar na arte de desenhar letras. A universitária Laura Nunes começou a fazer lettering para poder aliviar a tensão dos vestibulares e, pouco tempo depois, se tornou em uma profissão. Com quase 4 mil seguidores, a goiana posta suas artes digitais e manuais, além de dicas para quem deseja começar neste mundo. Para ela, o essencial para começar é lápis e papel, até para fazer uma arte digital, a base para a arte é no papel.
Ela conta que começou criando, pegando palavras e inspirações na plataforma Pinterest, sem saber o que era e o que estava fazendo. Laura diz que teve muita dificuldade na estabilidade do seu traço, “(…) pra mim estava bom, não tinha noção, agora eu vejo o quanto não tinha forma e daqui a um tempo eu posso ver e achar no que eu estou errando”. A universitária vai além do que se vê nas publicações de perfis voltados para artes, indo desde canetas de ponta pincel até uma simples tinta guache diluída em água.
Considerado a profissão do momento, o lettering não é apenas um movimento artístico de expressão. Ele funciona como atividade terapêutica, ajuda a controlar a ansiedade, ensina a ter maior concentração, foco e criatividade. O que não falta são cursos e vídeos na internet para poder começar a se aventurar nesse mundo e poder tornar um hobbie em uma profissão.