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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Ficção x Realidade

Caso Richthofen: confira o que é real nos filmes que retratam um dos casos mais famosos do Brasil

Narrativas tiveram alcance internacional, sendo disponibilizados em 240 países e dispararam pesquisas no Google

Postado em 17 de outubro de 2021 por Maria Paula Borges
Caso Richthofen: confira o que é real nos filmes que retratam um dos casos mais famosos do Brasil
Narrativas tiveram alcance internacional

Após quase um mês do lançamento dos filmes que retratam o caso de Suzane Von Richthofen e dos irmãos Cravinhos, presos em 2002 suspeitos de assassinar brutalmente Manfred e Marísia Von Richthofen, pais de Suzane, os títulos dos filmes foram os que mais cresceram em pesquisa no Google na semana. A atriz Carla Diaz e o ator Leonardo Bittencourt protagonizaram a trama como Suzane e Daniel Cravinhos, respectivamente. Ambos os filmes podem ser assistidos na plataforma de streaming Amazon Prime Video em 240 países, causando repercussão internacional.

Em entrevista ao Jornal Extra, Carla admitiu que o sucesso internacional foi algo que surpreendeu. “Recebo mensagens em outros idiomas, preciso colocar no tradutor para entender. O alcance do streaming é gigante! Meu nome está sendo buscado, no Google, em países como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Portugal… É muito maior do que eu esperava”.

Além disso, a atriz afirmou que ficou muito feliz com os elogios pela performance nos filmes e que se emocionou também com o reconhecimento no meio artístico. Diaz ainda contou sobre o desafio e o processo de preparação para protagonizar um dos casos mais conhecidos no Brasil. “Vi todos os vídeos disponíveis na internet, li reportagens, ouvi o depoimento dos envolvidos, conversei e fiz workshop com os autores Ilana CasoyRaphael Montes. Acessei emoções que eu, como Carla, nunca havia acessado na vida. Houve dias em que não conseguia me desligar. Tive algumas noites com pesadelo, dormindo mal. Sou muito intensa, não consigo me envolver pela metade em nada.”

Os filmes ‘A Menina Que Matou Os Pais’ e ‘O Menino Que Matou Meus Pais’, lançados no dia 25 de setembro de 2021, relatam fielmente as duas versões dadas pelos suspeitos no julgamento em tribunal. O primeiro, traz a versão de Daniel Cravinhos, em que Suzane é uma jovem mimada que odeia a família e manipulou Daniel e seu irmão Christian para ajudá-la a se livrar da mãe, que a garota dizia ser repressora, e o pai, que ela dizia ser agressivo e assediador. Já no outro filme, a versão de Suzane sobre o crime, ela é uma garota ingênua e pura, vítima do plano da família Cravinhos que estava de olho no dinheiro dela. Na versão de Von Richthofen, Daniel era abusivo e manipulador.

O projeto dirigido por Maurício Eça e roteirizado por Ilana Casoy e Raphael Montes apresenta uma forma inovadora de retratar o chamado “true crime” (em tradução literal para o português, crime verdadeiro). Inicialmente seria apenas um filme para a contar a trama, a decisão de fazer dois filmes partiu dos roteiristas que, ao pesquisar o crime, perceberam que as versões eram opostas, sendo a melhor opção contar as duas de forma separada.

“Quando a proposta do filme chegou para mim e para a Ilana, nos perguntamos qual seria a abordagem correta. Como o caso já tinha sido muito noticiado, optamos por mostrar o que aconteceu até chegar ao momento do crime. Quando fomos ver as versões, percebemos que elas eram opostas. Achamos então que seria interessante contar a história da perspectiva das duas visões. Foi aí que decidimos escrever dois roteiros”, conta Raphael.

Apesar de os filmes serem fiéis aos depoimentos dos acusados, Carla Diaz contou ao Jornal Extra que não houve envolvimento dos atores com os autores do crime. “Desde o início, a proposta era que a gente não tivesse nenhum contato com os envolvidos no crime. Sempre friso: eles não têm nenhuma ligação com a produção e não lucrarão nada. E mais: os filmes foram feitos com financiamento privado”.

Embora exista a possibilidade de os filmes serem assistidos individualmente, reforçando o discurso de poder das narrativas, Maurício Eça recomenda que os dois sejam assistidos. Segundo o diretor, não há uma ordem correta, dando liberdade ao espectador de escolher por qual narrativa começar, porém a recomendação de Eça é que primeiro seja assistido ‘O Menino Que Matou Meus Pais’ e somente depois partir para a versão de Daniel Cravinhos, sendo essa a forma que funciona melhor.

O que é real e o que é ficção na narrativa?

Os dois filmes, lançados simultaneamente, retratam as duas versões sobre o crime em conjunto. A trama baseada no julgamento do casal e do irmão de Daniel Cravinhos, Christian Cravinhos, foi feita em cima do julgamento que aconteceu quatro anos depois do crime, em 2006. Em entrevista a revista Veja, Ulisses Campbell, autor do livro ‘Suzane: Assassina e Manipuladora’ fez uma lista sobre o que é real e o que é ficção no filme sobre o caso.

Primeiramente, o autor cita a religião de Suzane Von Richthofen. No filme, Suzane, interpretada por Carla Diaz, aparece com um terço nas mãos. Entretanto, ele conta que no presídio, a jovem sofreu perseguições de outros presos e virou adepta ao catolicismo devido a aproximação com uma detenta religiosa. Posteriormente, ela passou para o espiritismo e hoje se identifica como evangélica.

A narrativa acertou mostrando o dia do crime como a rotina comum de Suzane. Antes de assassinar os pais, a jovem almoçou com a mãe, deixou o irmão na escola de inglês e foi ao shopping com o namorado, Daniel, interpretado por Leonardo Bittencourt, para ver óculos de sol.

Sobre os casos dos pais de Von Richthofen, ele conta que Suzane e Marísia, mãe da acusada, tinham conhecimento dos casos extraconjugais de Manfred, pai dela. A infidelidade é retratada nos filmes, porém as produções sugerem que a mãe da jovem tinha um caso com uma amiga, o que, segundo ele, não é verdade.

Por fim, em relação aos abusos que Suzane dizia sofrer pelo pai que, segundo o depoimento de Daniel, era alcóolatra e a abusava desde os 14 anos. De acordo com o irmão de Suzane, Andreas, Manfred de fato deu um tapa no rosto da filha, retratado em ambos os filmes, após ameaçar deserdá-la, mas não era violento e viciado em álcool. Suzane teria inventado os abusos para convencer os irmãos Cravinhos a participarem do crime.

Pesquisa pelo título no Google

A procura pelos filmes ‘A Menina Que Matou Os Pais’ e ‘O Menino Que Matou Meus Pais’ foram as que mais cresceram no Google Brasil na semana de lançamento da trama. Segundo dados da plataforma de streaming Amazon Prime Video fornecidos ao Estadão, as consultas pela obra cresceram mais que 3.780%.

Além disso, o nome da protagonista Carla Diaz também foi bastante acessado, com consultas subindo mais de 560% na primeira semana. O Google também registrou aumento em pesquisas pelo Caso Richthofen, que dispararam mais de 2.490%. Outro dado registrado foi a pesquisa pela pergunta ‘onde assistir A Menina Que Matou Os Pais’, crescendo mais de 2.050%.

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