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sábado, 23 de novembro de 2024
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Mercado frigorífico

Após casos de vaca louca, veto chinês à carne brasileira chega a seis semanas gerando repercussão

Mesmo com os casos controlados no Brasil, a interrupção chinesa foi mantida

Postado em 19 de outubro de 2021 por Maria Paula Borges
Após casos de vaca louca
Mesmo com os casos controlados no Brasil

Após confirmação de dois casos da doença de vaca louca, que consiste em uma doença cerebral em bovinos adultos que pode ser transmitida aos seres humanos por carne contaminada, em duas fábricas distintas do setor, o Brasil interrompeu a exportação de carne para a China no começo de setembro. Mesmo com os casos controlados no país, a interrupção chinesa foi mantida e o veto à carne brasileira repercute no exterior.

Segundo o Financial Times, o veto prolongado preocupa autoridades brasileiras e pode reduzir a exportação de aproximadamente US$ 4 bilhões por ano, que equivale a R$ 21,8 bilhões. Vale lembrar que o mercado era o maior do país e que a interrupção foi voluntária.

Um relatório da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) foi concluído na última semana. O texto é a respeito dos dois casos da doença e, em entrevista à CNN, o professor de economia do Instituto de Estudo e Pesquisa (Insper), Roberto Dumas, apontou que não há risco de proliferação. Entretanto, a derrubada do veto ainda não aconteceu.

Brasília tem visto a preocupação de autoridades e grandes frigoríficos crescer, uma vez que o veto ainda está em vigor. De acordo com o Financial Times, ouviu uma fonte do Ministério da Agricultura, e o Brasil solicitou uma reunião técnica, que ainda não foi agendada por autoridades chinesas e ainda não tem previsão para acontecer.

Impactos do Veto

Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), os embarques de carne bovina do Brasil para a China, entre janeiro e julho de 2021, alcançaram 490 mil toneladas, gerando vendas de US$ 2,5 bilhões, representando um aumento de 8,6% e 13,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Ao Financial Times, um executivo de um grande frigorífico brasileiro afirmou que está surpreso que a suspensão esteja durando seis meses.

Outros países também sofreram o veto de exportação de carne à China, se encontrando em situação semelhante à do Brasil. No ano passado, um atípico caso da doença aconteceu na Irlanda, causando o veto da carne deste país. Além disso, a China também proibiu carnes de gados com menos de 30 meses vindos do Reino Unido.

O país asiático tem apresentado maior sensibilidade em relação às questões de segurança alimentar, principalmente em importações. A capital da China, Pequim, suspendeu no ano passado as importações de diversas fábricas de processamento de carne brasileira devido às preocupações de surtos de Covid-19, evitando a importação do vírus de volta ao país.

De acordo com Hyberville Neto, da Scot Consultoria, que atua no setor de carnes e gado bovino, o atraso parece ser algo comercial. “Esse atraso na retomada pode ser uma tática de negociação que visa melhorar a precificação e ganhar poder de barganha. Parece uma coisa mais comercial, porque em termos de saúde não há o que discutir”, disse.

Na China, os importadores disseram que uma suspensão duradoura com o Brasil teria um impacto significativo considerando a escala das remessas. Com isso, a maioria espera que o comércio retome em breve. Um gerente da Chengdu Haiyunda Trading Company, que desde a suspensão parou de importar carne brasileira, relatou ao Financial Times que a proteína brasileira ocupa até um terço do negócio. Segundo o jornal, a empresa substituiu a carne brasileira pela de países do norte europeu e do Cazaquistão.

O destino de 100 milhões de toneladas do produto com certificação sanitária anterior à suspensão do comércio e embarcada depois, parece estar retida em portos chineses.

Além disso, um consultor da indústria australiana afirmou ao jornal que o carregamento provavelmente seria feito pelo Vietnã ou Hong Kong, mas que não seria redirecionado para outro país ou voltar ao Brasil. Para ele, essa última opção não vai acontecer porque o mercado está supersaturado com carne bovina. Em relação ao redirecionamento à outros países, não se faz possível devido a especificações erradas, sem certificados de saúde necessários e com rotulagem chinesa.

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