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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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Meio Ambiente

Semad e Polícia Civil apuram despejo de entulho no Meia Ponte

Em seis anos, toneladas de entulho foram lançados dentro do rio, a principal Bacia Hidrográfica de Goiânia

Postado em 19 de outubro de 2021 por Redação
Semad e Polícia Civil apuram despejo de entulho no Meia Ponte
Em seis anos

Por Yago Sales

Depois de reportagem do jornal O Hoje revelar aterramento com entulho do Rio Meia, em Goiânia, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA) enviou policiais para averiguar a área. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) promete enviar técnicos para identificar crime.

Nos últimos seis anos toneladas de restos de construções foram lançadas dentro de um trecho do Rio Meia Ponte em uma propriedade no Jardim Califórnia, região Leste de Goiânia, conforme flagrado pela reportagem do jornal O Hoje na edição de ontem. 

A reportagem fazia uma inspeção para averiguar as matas ciliares quando encontrou, por acaso, uma quantidade imensurável de entulho que já havia adentrado dez metros do rio. Além do problema, a reportagem soube, por meio de imagens de satélites, que a área sofre com a derrubada de matas ciliares, assoreamento e drenagem. O crime ambiental chamou a atenção do titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), Luziano Severiano, que determinou que policiais fossem ao local. 

O despejo ilegal de restos de construções é feito por caminhões e contêiners desde 2015 em uma propriedade dentro de uma área de proteção ambiental. Além de imagens de satélite, a reportagem, que percorreu a região no meio da mata, fotografou o crime. Segundo moradores da região, o dono do local tem fama de ameaçar qualquer pessoa que tente espiar a propriedade e tenha sido esse fator que o despejo não tenha chegado às autoridades.

Como constatado, a via que dá acesso à propriedade está bloqueada por manilhas, o que dificulta o trânsito e, por isso, evita a fiscalização. O Rio Meia Ponte é a principal Bacia Hidrográfica de Goiânia e tem chamado atenção para a quantidade de crimes ambientais em seu curso: despejo de esgoto, desmatamento das matas ciliares e construções irregulares são alguns deles. 

O engenheiro florestal Rodrigo Carlos se preocupa com os impactos. “Quando deparamos com uma situação de descartes irregulares em leitos de rios, principalmente em um Rio tão importante como o Meia Ponte, um dos rios mais importante do Estado, ficamos preocupados com o impacto que isto pode causar para a biodiversidade e principalmente para a cidade de Goiânia”. Para ele,  apesar dos esforços de diversas entidades para recuperação e despoluição do Rio, como os Guardiões do Meia Ponte, é imprescindível uma cobrança por planejamento e execução de ações pelos órgãos de fiscalização e controle da capital. “Além disso, torna-se necessário, também, implementação e reforço das políticas públicas que minimizem essa problemática.”

Ainda conforme ele, ações são de “extrema urgência”, para que não ocorram maiores danos durante o curso do rio. “Isso se faz urgente para que num futuro próximo não se intensifique problemas de abastecimento público e que prevaleça também o múltiplo uso da água a fim de não paralisar o desenvolvimento dessa região importante do nosso Estado”, destaca. 

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), soube do caso e promete enviar técnicos para averiguar a situação. Segundo a pasta, existe, desde 2019, um plano de ações para preservar e restaurar a Bacia do Meia Ponte e evitar o desabastecimento de Goiânia e parte da região Metropolitana. E isso incluiria, segundo nota enviada à reportagem, medidas de enfrentamento às irregularidades ambientais, como instalação de empreendimentos sem a devida licença, desmatamento criminoso e descarte irregular de resíduos sólidos.

Assim, segue a nota da Semad, é fundamental a participação da população no relato dessas irregularidades e formalização de denúncias para que os agentes verifiquem no local a existência de algum tipo de empreendimento ou atividade poluidora ou degradante ao longo do rio. 

Na nota, a pasta adianta que, com os relatos da equipe de reportagem do Jornal O Hoje, “a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável encaminhará equipes até o local para que, confirmada a materialidade dos fatos, dê andamento à apuração e possível responsabilização dos envolvidos”. Conforme a Secretaria, além das ações punitivas, “que seja cessada imediatamente as ações que colocam em risco a vida do Rio Meia Ponte.”

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