Inovações melhoram desempenho de 8 em cada 10 empresas, mostra pesquisa da CNI
“Já existe uma consciência formada de que a inovação é o único caminho para o crescimento das empresas e do país”, diz a diretora de inovação Gianna Sagazio
A inovação foi a receita que deu certo para que grandes e médias indústrias brasileiras estabelecessem um ritmo de crescimento mesmo no mundo pós-pandemia – não ao fim da propagação do coronavírus, mas na nova realidade que conhecemos. Uma pesquisa inédita realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do Instituto FSB Pesquisa, mostrou que 8 em cada 10 empresas desse porte marcaram um aumento em seus gráficos de produtividade, competitividade e resultados financeiros durante 2020 e 2021.
O levantamento foi feito para o evento de lançamento do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que tem data marcada para dias 9 e 10 de março do ano que vem, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
De acordo com os números divulgados nesta semana, 88% dos empreendimentos analisados promoveram algum tipo de inovação durante a pandemia de Covid-19, como forma de buscar soluções para a crise imposta pelo contexto sanitário e econômico. Apenas 1% das indústrias brasileiras inovou e não viu nenhuma melhora em seus resultados. Os dados mostram que somente 13% dos executivos entrevistados disseram que suas empresas não inovaram durante a pandemia.
Por outro lado, o estudo revelou que 51% das indústrias não têm um setor específico para renovações, 63% do total das empresas pesquisadas não têm orçamento reservado para inovação e 65% não dispõem de profissionais exclusivamente dedicados a criar. As principais causas para dificuldade de trazer novidades durante a pandemia são acessar recursos financeiros de fontes externas (19%), a instabilidade do cenário externo (8%), a contratação de profissionais (7%), falta de mão de obra qualificada (8%) e o orçamento da empresa (6%).
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca que o caminho para o país voltar a crescer e recuperar a sua economia passa essencialmente por investimentos em inovação. “Diante do surgimento de pandemias assustadoras, como a da Covid-19, e da persistência de crônicos obstáculos ao crescimento econômico e à melhora das condições de vida da população, estimular o espírito inovador é primordial para avançarmos”, afirma.
Os dados mostram também que apenas uma em cada quatro empresas mantém algum programa ou estratégia de inovação aberta, sendo que se avaliadas somente as grandes indústrias, o índice chega a uma em cada três. Os executivos afirmaram ainda que a relação com o cliente e os processos são os itens mais prioritários para a empresa inovar no pós-pandemia, cada um com 18% de menções.
Dificuldades
Do universo de 500 empresas pesquisadas, 79% responderam que foram prejudicadas com a pandemia, sendo a maior parte localizada na Região Nordeste (93%). 58% das indústrias apontam que a cadeia de fornecedores foi a mais prejudicada, seguida de vendas (40%) e linhas de produção (23%). Por outro lado, 20% dos executivos afirmaram terem sido pouco ou nada prejudicados pela pandemia de Covid-19. No total, 55% das empresas disseram que registraram aumento no faturamento bruto.
“Já existe uma consciência formada de que a inovação é o único caminho para o crescimento das empresas e do país”, analisa Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI. A principal dificuldade para inovação na pandemia foi o acesso a recursos financeiros de fontes externas, mostrou o levantamento, citado em 19% das entrevistas. “O crédito não é acessível para as empresas. Ainda é muito caro. O governo tem de estar junto nessa luta. Não são só as empresas”, afirma Sagazio.
A pandemia foi um fator determinante para impulsionar os processos de inovação dentro das empresas – 84% das grandes e médias afirmam que terão que investir na área para crescerem ou se manterem no mercado. As médias empresas são as que mais sentem essa necessidade em avançar em ações estratégicas: 85% delas responderam que terão que inovar mais, contra 80% entre as grandes.
Para os próximos três anos, as empresas consideram como prioridades ampliar o volume de vendas (49%), produzir com menos custos (49%), produzir com mais eficiência (41%), ampliar o volume de produção (34%) e fabricar novos produtos (27%). Para isso, entre os setores que as indústrias consideram mais importante inovar estão o de relação com o consumidor (36%), setor de processos (35%) e de produção (31%).
Sagazio alerta para a necessidade de as empresas olharem com mais atenção para a área de inovação. “Inovação é fundamental nesse processo de recuperação das empresas e para retomada da economia. Quem não inovar não irá acompanhar essa evolução da indústria e se tornar competitivo e mais produtivo”, destaca.