Por Elysia Cardoso

Quando mudou para os Estados Unidos, em 2004, o cake designer Rodolfo Goloso não esperava que sua vida mudasse tanto. Ele, que trabalhava em um banco no Brasil fazendo a programação de tecnologias, venceu, em episódio que entrou no ar no dia 13 de outubro, o reality ‘Baking Impossible’, em português, ‘Cozinhando o impossível’ do Netflix.

Para Rodolfo o sentimento é de conquista. “O programa tinha bakers de vários lugares do mundo e com muito talento. Foi muito estresse, mas essa alegria é algo indescritível, chegar aqui em solo norte americano e mostrar o talento brasileiro, que nosso povo é extremamente criativo. Usei tudo isso e nada poderia ser melhor”, ressalta Goloso.

O paulista de 42 anos, que vive atualmente em Nova Iorque, nunca fez cursos profissionais, aprendeu de forma autodidata a confeitaria. “Nunca fiz curso profissional, apenas aprendi com vídeos, me sinto realizado quando faço os bolos, não gostava de ficar sentado o dia todo em uma mesa na frente do computador. Os bolos abriram minha imaginação para criar o que eu bem quiser, além de ter liberdade de me expressar”, diz Rodolfo sobre o sentimento ao fazer suas criações.

Ainda sobre a sua trajetória no ‘Cozinhando o impossível’, Goloso fala da mistura que o reality tem, juntando culinária com engenharia, e da importância da parceria com a engenheira Sara Schonour, sua dupla no programa. “Foi algo totalmente diferente de tudo que já fiz. É um programa com uma estrutura gigantesca e foi muito engrandecedor ser selecionado. Eu pude mostrar todo o meu potencial, junto a minha parceira Sara Schonour, minha engenheira no show”.

Essa não foi a primeira experiência do brasileiro em realities de bolo, em 2011 ele ganhou o seu primeiro prêmio na Brides Magazine e teve sua criação considerada um dos bolos mais bonitos da América, em 2016 venceu a Cake Wars do Food Network, no Brasil chamado de Guerra dos Bolos, e em 2018 foi vencedor do Winner Cake Wall também do Food Network.

Entre suas criações mais famosas está a sobremesa que fez para o Valentines Day, que se chama ‘Golden Nutella Heart’. “Na época que fiz não tinha ideia que ele faria tanto sucesso, ele ganhou diferentes leituras e formatos em vários locais do mundo. Se jogar no Google “‘Golden Nutella Heart’ aparecem algumas versões, não esperava que iria tão longe, poderia ter patenteado (rs), hoje o mundo todo faz essa sobremesa”, revela.

Empreendedorismo

Com o sucesso ele viu suas delícias ganharem fãs famosos como Sara Jessica Parker, Live Tyler, Brooke Shields, Hugh Jackman entre outros e durante a pandemia resolveu mudar. Ele migrou o seu negócio, que ficava no West Village, Nova Iorque, para o online. Começou a vender seus bolos pela web para todo o território norte americano e viu suas vendas aumentaram com a comercialização nacional com a entrega em até três dias.

“Quando fiz a troca pelo serviço para o online foi muito bom, pelos correios tudo é muito prático e rápido, vendo meus bolos no formato mousse para todo o país. Eu os congelo em uma caixa com espuma feita de milho (para não usar o isopor, que vai ser banido aqui dos Estados Unidos). Esse processo faz o bolo não perder a qualidade, além do pensamento no meio ambiente, pois a caixa com o gelo seco consegue o conservar por até três dias a 38 graus constantes, assim o bolo chega fresquinho”, explica.

Rodolfo compartilha ter muito orgulho de sua trajetória com o seu empreendimento. “Quando cheguei aos Estados Unidos não consegui trabalho na minha área, por causa da barreira com o idioma, comecei enxugando pratos, um dia a confeitaria surgiu de forma surpreendente na minha vida e me encontrei. Sonho em poder enviar bolos mundialmente, além de ter a condição de ensinar a pessoas que não tem condições de ir para uma escola confeitaria a fazer seus bolos e poderem ter uma forma de fazer renda podendo garantir um futuro melhor”, finaliza Goloso. (Especial para O Hoje)