Mais de 170 crianças e adolescentes morreram vítimas de violência
Desde 2019, foram 6 mil casos de violência contra crianças
Por Daniell Alves
Goiás registrou 176 mortes de crianças e adolescentes decorrente da violência nos últimos quatro anos, aponta Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), através do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em todo o país, segundo a pesquisa, 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta entre 2016 e 2020, com uma média de 7 mil mortes por ano.
Um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) mostra que entre janeiro de 2019 e junho de 2021, 6.109 casos de violência contra crianças e adolescentes foram registrados no Estado. Só em 2019 foram 3.023 denúncias. No ano passado foram 2.082, enquanto nos seis primeiros meses deste ano registram o total de 1.004 denúncias.
Entre os casos que ganhou repercussão nacional está o de Danilo de Souza, de 7 anos, vítima de violência em Goiás. A criança sumiu no dia 21 de julho de 2020, quando saiu para ir até a casa de sua avó, que morava no mesmo setor, no Parque Santa Rita, em Goiânia. Após sete dias, o corpo do garoto foi encontrado em uma mata da região. A causa da morte foi por asfixia.
Segundo o Instituto Médico Legal (IML), havia indícios de que o menino tenha se afogado na lama, em uma mata no local em que o corpo foi encontrado. Além disso, também foram identificados sinais de violência sexual no corpo da criança. A PC divulgou que os acusados alegaram que o garoto foi morto “como forma de vingança em razão de um suposto mau comportamento”.
Vítimas de abusos
O Hospital Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI), em Goiânia, atende e acolhe crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual em Goiás. De acordo com levantamento feito pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica da unidade, entre janeiro e abril deste ano, houve a notificação de 200 casos de menores de 18 anos que sofreram algum tipo de violência.
Na unidade, o atendimento é feito por psicólogos, assistentes sociais, médicos ginecologistas e obstetras, pediatras e enfermeiros do Ambulatório de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (AAVVS), que atende também homens e mulheres vítimas deste tipo de crime.
As consequências para crianças que sofrem abusos podem afetar o psicológico até a fase adulta. “Por isso, é de muita importância mobilizar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Em caso de violência sexual, sempre procurar a unidade de saúde mais próxima, para cuidar da saúde da vítima, evitando risco de infecções sexualmente transmissíveis, gestação, além de obter apoio psicológico e social”, explicou Daniella Nasciutti, médica ginecologista e obstetra do HMI.
Agressão
Em agosto deste ano, a Polícia Civil do Estado de Goiás, por meio da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Goiânia (DPCA), prendeu em flagrante, um homem de 38 anos, suspeito de agredir o filho de apenas seis anos de idade.
As investigações apontaram que ele já tinha passagem por violência doméstica praticada contra a atual companheira. Ele aproveitou que a criança ficou sob seus cuidados e deu tapas e golpes de chinelo, provocando lesões no rosto, pernas e nádegas. Depois disso, ele cobriu os machucados com pomada para que a mãe da vítima não percebesse.
Denúncia
Os casos de violência infantil podem ser registrados de forma anônima pelo telefone da Polícia Civil (197), por meio do Disque 100 (Disque Direitos Humanos), nos Conselhos Tutelares e ainda no balcão da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Goiás (DPCA-GO), localizada na Rua C-190 no Jardim América, em Goiânia. (Especial para O Hoje)