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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Saúde

Médico nutrólogo fala sobre as relações entre obesidade, atividade física e autoestima

O médico Arthur Rocha afirma que é preciso um cuidado especial com as pessoas obesas quando o assunto é depressão

Postado em 15 de novembro de 2021 por Augusto Sobrinho
Médico nutrólogo fala sobre as relações entre obesidade
O médico Arthur Rocha afirma que é preciso um cuidado especial com as pessoas obesas quando o assunto é depressão | Foto: Reprodução

Os impactos da obesidade na saúde física já são bem conhecidos. A doença, que atinge aproximadamente 20% da população brasileira, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), é fator de risco para diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, apneia do sono, doença renal crônica, Covid-19, dentre outras. Entretanto, a obesidade não atinge apenas a saúde física, mas também a mental.

Pesquisa realizada na Universidade de Exeter, no Reino Unido, afirma que pessoas com Índice de Massa Corpórea mais alto possuem maior propensão a um quadro depressivo. O estudo sugere que um IMC mais alto e, portanto, obesidade, leva a maiores chances de depressão, maior gravidade da depressão e diminui o bem-estar do indivíduo. Houve evidências de que tanto o IMC alto (>32,5 kg/m2) quanto o baixo (<21,8 kg/m2) podem levar a um menor bem-estar entre homens e mulheres.

O médico nutrólogo Arthur Rocha afirma que é preciso um cuidado especial com as pessoas obesas quando o assunto é depressão. “É um caminho de ida e volta. Pessoas obesas são propensas a depressão. Assim como pessoas deprimidas encaminham-se para obesidade”, alerta o especialista. De acordo com ele, pessoas com IMC mais alto tendem a ter níveis elevados de proteína C-reativa e níveis anormais de leptina, um hormônio regulador do apetite e do metabolismo. “Estes níveis descontrolados levam a um hipotálamo hiperativo, região do cérebro que rege a produção de precursores neurotransmissores como a seratonina, hormônio do prazer, que comumente estão fora de equilíbrio nos distúrbios depressivos”, explica.

Segundo o especialista, em boa parte das vezes, as pessoas com obesidade se sentem julgadas e discriminadas por sua aparência, provocando o isolamento social, baixa autoestima, ansiedade e consequente depressão.  “Alguns obesos, por exemplo, possuem vergonha de ir a uma academia ou qualquer outro centro esportivo com medo da rejeição. Esta é uma das dificuldades que enfrentam na prática de atividade física”, alerta.

Praticar exercícios físicos é fundamental no dia a dia daqueles que procuram saúde, desejam perder peso e ter uma mente saudável. “É durante os exercícios físicos que há liberação de endorfina, substância que gera a sensação de alegria e bem-estar. Ou seja, a não prática de atividade física além de contribuir para o ganho de peso também piora o quadro depressivo”, salienta Arthur. A dica é que a pessoa depressiva ou obesa encare a prática de exercícios como uma atividade prazerosa e não como uma obrigação e busque apoio de um educador físico.

Outro desafio encarado pelas pessoas com obesidade é driblar a ansiedade. “Em muitos casos, quando se está ansioso, acaba-se ingerindo comida em maior quantidade, sendo normalmente alimentos ricos em gordura e açúcar. O que faz com que a pessoa engorde mais, fique mais frustrada e ansiosa. Infelizmente, é uma bola de neve”, frisa Arthur Rocha.

Para conseguir vencer esta batalha contra a depressão e a obesidade, o nutrólogo ressalta que é fundamental procurar ajuda multidisciplinar que irá cuidar da saúde física e mental. “Além disso, esteja com pessoas que te queiram bem, faça atividades que lhe dão prazer, mergulhe em sua espiritualidade e não menospreze qualquer sintoma que possa ser ainda mais ofensivo a sua vida”, pondera.

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